Orientação do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) realizada no bairro Ana Paula Eleutério
Em pouco mais de três meses de trabalho, o Núcleo de Atendimento do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) já atendeu 10 famílias que vivem essa problemática em Sorocaba. Ao todo, estão sendo assistidos pelo Núcleo um grupo de 43 crianças e adolescentes, sendo que 12 estão, ou estavam, diretamente envolvidos no contexto de trabalho infantil e 31 integram o mesmo núcleo familiar.
Dentre as famílias que estão sendo atendidas, quatro conseguiram, nesse curto espaço de tempo, superar a situação de trabalho infantil, buscando novas perspectivas de vida, tanto para as crianças e adolescentes, bem como para os demais familiares.
O trabalho do Núcleo de Atendimento PETI consiste em acompanhar, de forma exclusiva e sistemática, as famílias identificadas com algum dos seus membros em situação de trabalho infantil. Dessa forma, uma equipe multidisciplinar, composta por assistente social, psicóloga, terapeuta ocupacional, pedagoga e motorista, se desloca até o bairro para aproximação e acompanhamento dessas famílias, buscando estabelecer um vínculo que permita pactuar propostas de intervenções, a partir da realidade específica de cada família.
Neste primeiro trimestre de acompanhamento, a equipe identificou demandas, tais como: insegurança alimentar, falta de qualificação profissional dos pais e/ou responsáveis, baixa escolaridade, situações de evasão escolar, falta de capacitação específica para os jovens em situação de trabalho infantil ou para seus irmãos.
Diante desse cenário, foram realizadas articulações para o estabelecimento de parcerias, com equipamentos ou instituições, como o PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), a Secretaria da Educação (Sedu), ITEMM (Instituto Técnico Educacional Mirian Menchini), CIEE (Centro de Integração Empresa–Escola), Poupatempo e Fundo Social de Solidariedade.
Capacitação escolar, profissional e mudança de vida
Além dos riscos diretamente envolvidos na prática do trabalho infantil, tais como estar exposto aos rigores do clima, a chance de sofrer acidentes e fatores que prejudicam seu desenvolvimento, é comum existirem outros aspectos que abrangem também a família, como o tráfico de entorpecentes como fonte de renda, o desemprego dos pais ou responsáveis, a falta de qualificação profissional ou de escolaridade dos adultos, a ausência recorrente de alimentos no lar e, até mesmo, a dificuldade dos pais ou responsáveis compreenderem que o trabalho infantil configura uma violação de direitos.
Com o objetivo de mitigar essas situações, o Núcleo PETI já vem providenciando uma série de ações. O PAT, por exemplo, levou ao bairro um curso de preparo para o mercado de trabalho e proporcionou entrevistas de emprego para os interessados nas vagas. Essas ações foram dirigidas aos pais e responsáveis. O PAT ainda ofereceu consultoria para a elaboração de currículos e ajudou a encaminhá-los ao setor de Recursos Humanos de várias empresas.
O ITEMM e o CIEE também oferecem cursos e treinamentos do programa Jovem Aprendiz diretamente na Pastoral do Menor do bairro, uma capacitação destinada aos jovens. Ainda, foi realizada parceria com o Poupatempo, na qual é priorizado o agendamento para a emissão de documentos pessoais das famílias acompanhadas, sendo reservadas vagas para este público diariamente.
A inauguração de uma sala de EJA (Educação de Jovens e Adultos), do 1º ao 5º ano no bairro, destinada aos jovens e também aos pais e responsáveis. Além disso, para ampliar o acesso à alimentação, foi viabilizada a entrega mensal de cestas básicas para todas as famílias acompanhadas. E o Fundo Social de Solidariedade realiza, também, a doação de cobertores e roupas para as famílias identificadas com essa demanda.
Depois de consolidada essa primeira etapa, o Núcleo PETI igualmente se prepara para aumentar a abrangência de sua atuação. “Temos diversas famílias já identificadas em outros bairros. Diante disso, ampliaremos a atuação do Núcleo, atendendo também o Vitória Régia, por meio de um projeto pedagógico destinado a toda a família e executado no próprio bairro, três vezes por semana”, relata a assistente social e coordenadora do Núcleo PETI, Virgínia Theotônio.
Cidadania – Agência de Notícias
