SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS/UOL) – Países da Europa vivem momentos distintos em relações às restrições contra o avanço da covid-19. Enquanto a Justiça autorizou hoje o toque de recolher noturno solicitado pelo governo regional catalão em Barcelona, na Espanha, a Torre Eiffel, na França, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo voltou a receber visitantes.
Recentemente, na OMS (Organização Mundial da Saúde), o diretor de emergências, Mike Ryan, disse que os países devem agir com extrema cautela ao reabrir suas economias após restrições necessárias devido à covid para “não perder os ganhos que obtiveram”.
O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) prevê que o número de novos casos na região vai-se multiplicar por cinco até 1º de agosto, em comparação com o nível da semana passada.
De acordo com as previsões publicadas hoje sobre sua zona de estudo, que engloba União Europeia, Noruega e Islândia, o ECDC estima que haverá 420 casos em cada 100 mil habitantes na semana que termina em 1º de agosto, contra menos de 90 registrados na semana passada.
Atualmente, a tendência é de alta em dois terços dos 30 países estudados pela agência europeia. O aumento de casos ocorre, principalmente, entre jovens com idades entre 15 e 24 anos, com um aumento limitado na faixa acima de 65 anos.
Dois países, Espanha e Portugal, estão na categoria de “preocupação elevada” e quatro, Holanda, Luxemburgo, Malta e Chipre, no grupo “preocupação moderada”. Os outros 24 se encontram atualmente no nível de baixa ou muito baixa preocupação, mas a tendência está piorando.
Veja abaixo a situação em alguns países:
Espanha
Desde segunda-feira, várias medidas foram adotadas em diferentes partes da Espanha para conter o agravamento dos casos O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha autorizou a aplicação do toque de recolher entre 1h e 6h, até o dia 23 de julho, em 161 municípios, incluindo Barcelona e também em cidades costeiras muito turísticas como Salou, Sitges e Lloret de Mar.
A Catalunha é a região mais afetada pela explosão do número de infecções, mas a tendência de alta é generalizada na Espanha, com uma média, na quinta-feira, de 500 casos por 100 mil habitantes em 14 dias.
O impacto desta quinta onda da pandemia na Espanha tem se traduzido em um aumento limitado nas internações hospitalares. O número de mortes continua baixo, graças à campanha de vacinação, que cobriu a grande maioria da população mais vulnerável.
França
O presidente Emmanuel Macron fez um pronunciamento na última segunda-feira (12) instituindo a vacina obrigatória para todos os profissionais do setor da saúde, cuidadores de idosos e bombeiros. Ele também anunciou que o passaporte sanitário será obrigatório, em breve, para todos que desejam manter uma vida social normal.
Diante do aumento de casos positivos relacionados com a variante delta, muito mais contagiosa, e o receio de que uma quarta onda da epidemia arruíne os esforços de retomada da economia, o governo francês decidiu endurecer contra os recalcitrantes à vacina. A Torre Eiffel reabriu hoje com um protocolo sanitário reforçado, depois de passar 260 dias fechada.
O uso de máscara será obrigatório em todas as instalações.
Reino Unido
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson confirmou que as restrições ainda vigentes na Inglaterra serão levantadas na próxima segunda-feira (19), mas pediu “prudência” contra o aumento de casos pela variante delta.
A partir dessa data, o trabalho remoto deixará de ser recomendado, será permitido retomar o lazer noturno e teatros e estádios poderão receber sua capacidade total de público. Também deixarão de ser obrigatórias as máscaras em ambientes internos e o distanciamento social.
Escócia, Gales e Irlanda do Norte, que decidem suas próprias políticas sanitárias, optaram por um levantamento das restrições mais lento. O Reino Unido anunciou na quarta-feira 42.302 novos casos de covid-19, o maior número desde 15 de janeiro, e 45 mortes, totalizando 128.530 óbitos decorrentes da doença desde março de 2020.
Alemanha
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou, na terça-feira (13), que mais pessoas precisam ser vacinadas antes de as restrições para conter a doença serem suspensas.
Merkel disse que o governo tentará evitar outro lockdown da economia no outono, mas que é importante manter o distanciamento social e outras medidas para evitar que as infecções se disseminem, apesar de mais pessoas estarem vacinadas.
No estado mais populoso, a Renânia do Norte-Vestfália, desde sexta-feira (9) estão permitidas danceterias, eventos esportivos, festivais de música e festas populares – a céu aberto.
Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, o país registra até o momento 3,7 milhões de casos de covid-19 e 91.344 mortes.
Itália
A Itália registrou ontem mais 2.455 casos e nove mortes na pandemia, elevando os totais de contágios e óbitos para 4.278.319 e 127.840, respectivamente. Segundo boletim do Ministério da Saúde, esse é o maior número de novos casos em um único dia no país desde 4 de junho, quando haviam sido notificados 2.557 diagnósticos positivos.
A Itália vem registrando uma tendência de alta nos casos desde o início de julho, embora com cifras ainda longe do pico da pandemia – o país chegou a ter 40 mil contágios por dia em novembro passado.
Apesar disso, o governo tem demonstrado preocupação com a disseminação da variante delta, que já responde por um em cada cinco novos casos de covid na Itália e tende a se tornar predominante nas próximas semanas. Até o momento, já foram aplicadas cerca de 59,6 milhões de vacinas na Itália.
Nos EUA, máscara volta a ser obrigatória em Los Angeles
O uso de máscara voltará a ser obrigatório em Los Angeles (EUA) a partir do próximo domingo (18), esteja a pessoa vacinada ou não, anunciaram autoridades, em reação ao aumento contínuo dos casos de covid-19.
A megalópole californiana, segunda maior cidade dos Estados Unidos em população, é a primeira a voltar atrás nessa medida.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram em meados de maio que as pessoas vacinadas poderiam dizer adeus à máscara tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados. Porém, apesar da disponibilidade de vacinas, a campanha de imunização se estagnou após o pico no início de abril.
A preocupação cresce, em especial por causa da variante delta. A maioria dos casos positivos e hospitalizações correspondem a pessoas não vacinadas.
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