WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O governo dos EUA deve anunciar a doação de mais uma leva de vacinas contra Covid ao Brasil nos próximos 15 dias. Pessoas que participam das negociações dizem que os imunizantes serão da Janssen, de aplicação única, ou da Pfizer, que demanda duas doses -ambos foram aprovados para uso nos dois países.
Negociadores afirmam que o envio deve ser feito via doação direta, mas ainda não há confirmação sobre a data e a quantidade específica de doses que chegarão ao Brasil. Se for confirmada nos termos das atuais tratativas, essa será a segunda doação direta de vacinas feita pelo governo americano aos brasileiros.
Em 23 de junho, a Casa Branca anunciou o envio de 3 milhões de doses da Janssen, que já chegaram ao Brasil e começaram a ser aplicadas.
No dia 4 de julho, o presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta a Joe Biden para agradecer o envio das vacinas e parabenizar os americanos pelo Dia da Independência do país, comemorado naquela data.
As novas vacinas devem ser despachadas saindo da Flórida, com chegada ao aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e transporte feito pela companhia aérea Azul, que ofereceu o serviço ao governo brasileiro da primeira vez e poderia repetir o traslado. Caso a empresa não esteja disponível, o Brasil deve utilizar aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira).
As primeiras 3 milhões de doses foram o maior número de vacinas enviadas pelos EUA para qualquer país até agora de forma direta -ou seja, fora do escopo do Covax, iniciativa vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição de imunizantes a nações em desenvolvimento.
A negociação para a nova doação está sendo feita diretamente entre Casa Branca e governo brasileiro, que fez o primeiro contato em busca de vacinas em março, após o pedido de outros líderes da região.
Questionado pela reportagem, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, no entanto, não confirmou o anúncio de envio direto de mais vacinas ao Brasil, mas disse que o país “é um importante parceiro” e que os EUA planejam fazer, de maneira geral, “doações de doses adicionais ao longo dos meses de verão”, o que significa julho e agosto no hemisfério Norte.
“Nossos princípios são padronizados e transparentes [para as doações], e isso inclui maximizar o número de vacinas seguras e eficazes disponíveis de forma equitativa para o maior número de países e para aqueles que estão sob maior risco”, disse Price.
O Brasil tem se apresentado como possível receptor de cerca de 20 milhões de doses que estão nos estoques americanos e devem perder a validade em setembro. Esses imunizantes seriam distribuídos via Covax, mas o consórcio avisou que não deve ter a logística necessária para enviá-los dentro desse prazo. O Brasil, então, comunicou os EUA que pode receber ao menos parte dessas 20 milhões de doses.
Os americanos já anunciaram que cerca de 20 milhões de doses serão compartilhadas com países da América Latina e do Caribe nas próximas semanas, via Covax, parte do total de 80 milhões de doses prometidas por Biden para diversos países. O número para a região que inclui o Brasil foi considerado baixo diante dos 438 milhões de habitantes que vivem nos países latino-americanos e caribenhos.
Via Covax, o Brasil terá que dividir as doses com Argentina, Colômbia, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Guatemala, El Salvador, Honduras, Haiti, República Dominicana, Panamá, Costa Rica e outras nações do Caribe.
No plano americano, cerca de 75% das doses são distribuídas via Covax, de acordo com a participação de cada país no consórcio -a do Brasil é baixa-, enquanto 25% são enviadas diretamente pelos EUA para países considerados parceiros dos americanos e que, segundo as autoridades do governo Biden, vivem um surto muito grave de Covid.
A Casa Branca está sob pressão internacional para ajudar nações mais pobres e em desenvolvimento no combate à pandemia, e o governo brasileiro -por meio da embaixada em Washington e o Itamaraty- pede acesso a parte dos imunizantes.
Com o negacionismo do governo Bolsonaro, novas variantes e um ritmo lento na vacinação, o Brasil patina no combate à pandemia e é hoje um dos epicentros da crise, com mais de 525 mil mortos. Os EUA, por sua vez, são líderes no número de mortos -com mais de 600 mil vítimas-, mas veem casos, mortes e hospitalizações caírem vertiginosamente, em meio a uma campanha exitosa de imunização em massa.
A Casa Branca comprou vacinas suficientes para imunizar três vezes toda a população, aplicou ao menos uma dose em 55% dos americanos, mas vinha sendo criticada por priorizar a vacinação interna, mesmo com excedentes de doses, enquanto diversos países estão assolados pela crise, como é o caso do Brasil.
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