SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para pacientes com Covid-19 apresenta taxa de pelo menos 90% em seis capitais de quatro regiões do país nesta semana, mostra levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo.
O cenário de alta demanda é melhor do que o registrado na última semana, quando dez capitais e o Distrito Federal estavam nesta situação, mas está longe de ser confortável. Há 11 capitais com índices de pelo menos 80% nesta semana, conforme os dados das secretarias de Saúde locais, ante as 13 registradas na semana anterior.
A situação preocupa também porque sete capitais chegaram a anunciar nesta semana a suspensão da aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19, entre elas Aracaju e Campo Grande, duas das capitais que têm altos índices de ocupação dos leitos exclusivos destinados a pacientes infectados pelo coronavírus.
O pior cenário, com dados da última segunda-feira (21), é o de Palmas, onde o índice alcançou 99%, ante os 97% da semana anterior. A alta contrasta com a média estadual, que recuou de 94% para 92%, ainda grave.
Em Campo Grande, que perdeu 39 leitos em relação à semana anterior, a taxa de ocupação de UTIs cresceu de 90% para 98% e ainda há 82 pessoas na fila de espera por vagas na capital.
A classificação da cidade no mapa de risco da pandemia, usado pelo governo de Mato Grosso do Sul para gerir as atividades econômicas, tem gerado conflitos entre prefeitura e governo.
Segundo o município, entre 5 e 11 de junho -período em que estaria no pior nível da classificação-, 63% dos pacientes atendidos em UTIs locais eram de outras cidades. Já o estado diz que 88% dos internados na capital nos últimos seis meses são do próprio município.
Em Aracaju, uma das capitais a suspender a vacinação, a ocupação é de 98%, com 12 pacientes aguardando a liberação de leitos intensivos.
Segundo a Secretaria da Saúde da capital, a imunização ao longo do fim de semana foi acima do previsto e, por isso, a suspensão foi necessária.
Curitiba conseguiu ultrapassar o momento de superlotação de UTIs, mas ainda conta com índice alto de ocupação desse tipo de leito, 95%. A fila de espera também diminuiu, de 155 para 84 pacientes, mas continua sendo a maior entre as capitais brasileiras.
Os números da pandemia estão em alta no Paraná. Nesta terça, o estado registrou o maior índice de novos casos desde o início de março, com um aumento de 153% na média móvel.
A taxa de transmissão do vírus cresceu de 0,99 para 1,16 em uma semana, ficando atrás apenas de São Paulo. Houve ainda aumento de 113% na média móvel de mortes.
A taxa de ocupação de UTIs no estado se manteve praticamente estável, em 95%, mesmo com o acréscimo de 17 leitos na última semana. O número de pessoas com Covid-19 aguardando por vagas caiu cerca de 35%, mas ainda segue sendo o maior do país, com 339 pacientes.
A proporcionalidade na distribuição de vacinas pelo governo estadual vem sendo criticada pelo prefeito da capital, Rafael Greca (DEM), que afirmou que Curitiba tem recebido menos doses do que o ideal. “Peço absoluta igualdade e isonomia. Estou pedindo respeito por Curitiba e que seja recomposta a proporcionalidade”, disse.
A secretária de Saúde, Márcia Huçulak, também criticou o governo estadual, chamando de “política” a promessa de vacinar toda população do estado até o final de setembro. Segundo ela, havendo doses, Curitiba conseguiria vacinar todo o público-alvo antes disso.
Já em Goiânia, mesmo com quatro leitos a mais (agora são 253), a ocupação de UTIs avançou de 87%, na última semana, para os atuais 92%. Havia, na segunda, uma pessoa na fila de espera por internação.
No estado, com 9 vagas criadas em uma semana, a ocupação apresentou oscilação e alcançou 87% agora, ante 86% da última semana. São 565 vagas no total no estado, que tem 36 pessoas na fila para leitos.
Nesta terça, a prefeitura publicou no Diário Oficial decreto para regulamentar aulas presenciais com capacidade de 50% na rede privada, mas na rede pública a previsão é que a volta ocorra na segunda quinzena de agosto, após os profissionais receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19.
“O objetivo é oferecer mais segurança para os servidores e a comunidade escolar”, disse, via assessoria, o secretário da Educação, Wellington Bessa.
No Nordeste, São Luís está entre as capitais com maiores ocupações de UTIs, além de Aracaju. Ela registrou oscilação negativa de dois pontos percentuais na ocupação de seus leitos de UTI, de 94% para 92% das 279 vagas na Grande Ilha em uso.
No estado, também houve recuo, mas de três pontos, e agora há 84% dos leitos de UTI em uso.
A cidade do Rio de Janeiro viu sua ocupação ficar abaixo de 90% pela primeira vez em meses, ainda que ela continue alta: 88% das UTIs estavam cheias no sábado (18), último dado disponível. Havia 70 vagas a menos que na semana passada.
O estado fluminense também tem registrado um cenário de queda, agora com 66% dos leitos de terapia intensiva e 42% de enfermaria ocupados. Não há grandes filas nem horas de espera por vagas, como ocorreu em outros picos da doença.
A ocupação de UTIs caiu em Cuiabá nesta semana graças à ampliação da oferta de vagas. Das 277 existentes na capital e na região da Baixada, o total subiu para 297, o que fez o índice cair de 91% para 85%. Sem as novas vagas, a ocupação se manteria em 91% nesta semana.
No Distrito Federal, a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 81,6% na segunda, o que representa queda em relação à última semana, quando superava 90%. A redução coincide com abertura de alguns leitos que estavam bloqueados.
Na última semana, de 452 leitos intensivos voltados à Covid, apenas 194 estavam em operação, número que passou a 212 nesta segunda, segundo dados até 18h30.
Apesar da queda na taxa de ocupação, o secretário de saúde do DF, Osnei Okumoto, disse que o cenário é de preocupação diante do indicativo de aumento de casos em cidades de Goiás que ficam no entorno.
Na capital paulista, a taxa de ocupação de leitos UTI Covid-19 caiu de 76% para 71%. Atualmente, a capital conta com 1.431 leitos de UTI e 1.458 de enfermaria para Covid-19.
Dos 250 novos leitos de UTI anunciados pela Secretaria da Saúde, 127 já foram entregues nos hospitais municipais Guarapiranga (65), Vereador José Storopolli (30), Josanias Castanha Braga – Parelheiros (22) e São Luiz Gonzaga (10).
Já em Salvador, a ocupação de leitos atingiu 78% nesta segunda-feira, patamar semelhante ao das semanas anteriores. Mas outras regiões da Bahia enfrentam situação mais crítica, caso do Oeste, onde 93% dos leitos para pacientes graves estão ocupados, e do Sudoeste, com ocupação de 88%.
Esta semana, marcada pelo São João, é considerada crucial pelo governo baiano para evitar uma nova onda de casos de Covid-19 no estado. A possibilidade de aglomerações acendeu o alerta de governo e prefeituras, que intensificaram as medidas restritivas.
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