BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS0 – Já faz três anos desde que Cleo entrou para o singular grupo que engloba divas da música internacional, jogadores de futebol brasileiros, cantores sertanejos e apresentadoras de programas infantis do século passado -as celebridades sem sobrenome.
Desde então, a filha de Gloria Pires e irmã de Fiuk vem mostrando que tem um radar para tendências, nas quais a marca Cleo sabe surfar antes que se tornem marola.
Quando nudes vazadas de atrizes famosas ainda causavam alvoroço, Cleo soltava um “mando logo com a cara mesmo -e mando bonita”. “Se vazar preciso estar muito gata.”
Quando as famosas descobriram que lacre dava lucro, ainda mais rebolando com patrocínios de “product placement”, Cleo se lambuzou de Itaipava Premium no clipe de sua canção “Bandida”.
Quando os mundos das redes sociais e do streaming estavam em rota de colisão, ela lançou o Cleo On Demand, projeto audiovisual com curtas produzidos por ela, veiculados no seu Instagram.
Agora que os podcasts tomaram o mundo, Cleo lança “Febre de Kuru”, série em áudio, uma espécie de radionovela do século 21. Novos episódios vão ao ar toda sexta. A obra é do gênero “true crime” –histórias de crimes reais que conquistaram os ouvidos dos americanos, mas também dos brasileiros.
Na série, Cleo interpreta a imigrante húngara Catarina Palse, que morava na Porto Alegre da segunda metade do século 19. Ela é cúmplice de um dos primeiros casos de serial killer de que se tem registro no Brasil –ficaram conhecidos como os Crimes de Alvoredo.
A bela Catarina seduzia e atraía vítimas para seu companheiro, o açougueiro José Ramos, que então as matava para fazer linguiça com os coitados. A série está disponível na plataforma Orelo. Além de atuar, Cleo também é produtora-executiva da série, que também conta com Silvero Pereira, Reginaldo Faria, Lucélia Santos e Negra Li no elenco.
“É um processo de atuação diferente quando comparado com a TV e o cinema. O desafio ali é causar a emoção desejada no ouvinte apenas com a voz, então existe um trabalho vocal por trás para conseguir isso. A voz precisa estar saudável, a dicção tem que ser clara”, diz Cleo.
É a segunda vez em menos de dois anos que a carioca Cleo se aventura num suspense na capital gaúcha. Em 2019, estrelou “Legalidade”, filme sobre a Campanha pela Legalidade, liderada por Leonel Brizola, frustrando uma tentativa de golpe militar contra a posse de João Goulart, em 1961, logo depois da renúncia de Jânio Quadros.
“Eu adoro o Rio Grande do Sul, mas nesses casos foi coincidência mesmo! Essa história do podcast me instigou bastante. Eu já escutava antes podcasts sobre true crime, mas não conhecia sobre os Crimes do Arvoredo”, conta a atriz.
Pensado bem antes da pandemia, “Febre de Kuru” deu a Cleo o privilégio de trabalhar o formato que permitiu que as gravações fossem feitas remotamente, de forma mais segura. Ela conta que não tem se pressionado por produtividade durante a quarentena, embora esteja cheia de trabalhos para anunciar. Ainda assim, reconhece que “muita gente ainda está sem conseguir levantar os seus projetos”. “Olha, a classe precisa de muito mais iniciativas como a Lei Aldir Blanc”, diz.
E como ela avalia a gestão do colega de profissão Mario Frias no comando da Cultura no governo Bolsonaro? “Eu acho que toda a situação que o mercado artístico tem vivenciado nos últimos tempos fala por si só como tem sido a gestão do setor.”
“Estamos vivendo um momento bem tenebroso nas artes, mas eu nunca perderia a esperança da classe se reerguer. O ponto é que sou realista também, foi um impacto muito forte no mercado. Vamos demorar um tempo ainda para nos recuperar, mas a arte não vai morrer, acabar”, afirma Cleo. “O cinema, o teatro, a literatura, a música, e todas as linguagens artísticas sempre sobrevivem a momentos de governos autoritários.”
Só que nem a pandemia nem o governo Bolsonaro fizeram a atriz botar o pé no freio. No momento, ela produz seu primeiro álbum, embora ainda não saiba se vai lançar o trabalho neste ano ou no próximo. Ela também está escrevendo um livro, sobre relacionamentos tóxicos, e tem ainda quatro filmes inéditos. Além de “Me Tira da Mira”, previsto para o segundo semestre, ela ainda está no suspense “Terapia do Medo”, “O Segundo Homem” e “O Amor Dá Voltas”, estes sem previsão.
Depois de podcast, livro, filme, disco -e com certeza ter atacado de DJ em algum momento de sua vida- ela pretende surfar em novas tendências que vierem.
“Eu super me aventuraria em outros formatos, se for algo que me anima.” A atriz, assim como Antônio Fagundes, tem seu lado gamer pouco conhecido pelo grande público -suas franquias favoritas são “The Last of Us”, “Resident Evil” e “The Sims”. “Podem me chamar para ser do elenco de algum videogame, por favor! Estou deixando aqui essa porta aberta. Eu sou louca por videogame, amo jogos!”
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