O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, informou hoje (4) que o município realizou, somente nesta semana, três operações para derrubada de edificações que vinham sendo construídas de forma irregular. Paes disse que pretende aprimorar instrumentos de fiscalização para evitar mais desabamentos, como o que ocorreu ontem (3) em Rio das Pedras, deixando duas pessoas mortas e quatro feridas.
“Recentemente fizemos uma operação às margens da Linha Vermelha, na Maré. Estavam construindo um prédio de três andares, do dia para a noite, e fomos lá derrubar. Estamos voltando a fazer operações permanentes. Só nesta semana foram três. Tivemos demolição em Vargem Grande, Cesarão”, disse Paes.
Ele criticou quem se manifesta contra essas operações. “Pobre tem que ter acesso à política habitacional. É um desafio da nossa cidade”, acrescentou.
A tragédia em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade, ocorreu pouco mais de dois anos depois de episódio similar em uma comunidade vizinha. Em abril de 2019, dois prédios desabaram na Muzema e deixarem 23 mortos, além de oito feridos. Na época, a prefeitura, sob gestão de Marcelo Crivella, reconheceu dificuldades para atuar na região devido à atuação de milícias.
Os dois casos podem ser distintos. Enquanto três homens foram acusados como responsáveis pela construção e venda de apartamentos na Muzema, os primeiros indícios levantam a possibilidade de que o edifício de Rio das Pedras seja uma obra familiar. O dono do imóvel irregular, de quatro pavimentos, foi identificado pela Polícia Civil como sendo pai e avô dos dois mortos. Ele foi ouvido nesta manhã pela Polícia Civil.
“O que acontece em Rio das Pedras é a perda do monopólio da força do estado em determinadas áreas. O meu governo não deixa de fazer nada porque é área de milícia. Isso é desculpa pra quem não quer fazer nada. Estamos retomando os instrumentos de fiscalização nas áreas existentes”, afirmou Eduardo Paes.
Entre as ferramentas que serão aprimoradas, o prefeito citou os levantamentos aerofotogramétricos para identificar o crescimento vertical, os postos de orientação urbanística e social (Pousos), voltados para licenciamento dentro de áreas de interesse social, e o restabelecimento de regras urbanísticas para as comunidades.
“Ninguém constrói mais nada irregular no Rio de Janeiro que a gente não derrube. Não construa, porque vai tomar prejuízo. Se construir, nós vamos derrubar”, acrescentou. Paes reconheceu, no entanto, que é um desafio enorme lidar com as edificações irregulares já existentes.
De acordo com o prefeito, o problema é antigo. “Vou ter que lembrar o início da minha carreira pública, quando fui subprefeito da Barra e Jacarepaguá, aos 23 anos. Isso que hoje, na versão moderna, se chama milícia eram os grileiros naquela época. Indústria de ocupação de solo usando os mais pobres como escudo para negócios ilícitos. Sempre foi assim. Invasão no Rio de Janeiro e ocupação do solo. Os pobres na frente, que de fato enfrentam problemas sociais e habitacionais, e um monte de malandro por trás.”
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