RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de os óbitos em decorrência do novo coronavírus recuarem 62% em abril em relação ao mês anterior, as mortes provocadas pela doença voltaram a crescer em maio em Araraquara (a 273 km de São Paulo). A prefeitura emitiu um alerta nesta segunda-feira (31) após os casos positivos passarem de 15% das amostras analisadas, medida que integra um pacto para a manutenção do comércio aberto.
Cidade que se tornou símbolo do avanço da variante brasileira em São Paulo no fim de janeiro, Araraquara registrou 59 mortes por Covid-19 em maio, ante as 49 do mês passado, de acordo com o comitê de contingência do coronavírus, o que representa um crescimento de 20,4%.
A média de quase duas mortes diárias em maio fez com que o mês fosse até aqui o terceiro pior desde o início da pandemia na cidade de 238 mil habitantes na região central do estado.
Araraquara viveu o ápice da pandemia em fevereiro e março, período em que registrou 222 das 446 mortes de toda a pandemia, ou 49,8% do total.
O surgimento da variante fez janeiro ser o mês com mais óbitos até então, 24, número que saltou para 93 no mês seguinte, mais que todos os 92 óbitos registrados em 2020 inteiro.
O colapso na saúde fez a prefeitura decretar lockdown a partir de 21 de fevereiro, com restrições mais severas nos sete primeiros dias, que incluíram o fechamento até de caixas eletrônicos de bancos e postos de combustíveis. Barreiras também foram implantadas nas principais vias da cidade para frear a circulação de pessoas.
Depois de os casos novos apresentarem redução, as internações caíram nas semanas seguintes, assim como os óbitos provocados pela doença.
Dos 59 óbitos de maio, 19 tiveram como vítimas pessoas com 50 anos ou menos, das quais 8 não tinham nenhuma comorbidade. A pessoa mais jovem foi uma mulher de 27 anos (com comorbidade), que ficou internada entre os dias 11 e 15 de maio.
Em seis dias do mês não houve registro de óbito na cidade, que desde a última segunda-feira (24) colocou em vigor um decreto que adota índices de positividade nas testagens da Covid-19 para manter as atividades em funcionamento.
Se a taxa de positividade nos exames passar de 30% dos sintomáticos ou de 20% nos testes em geral por três dias seguidos ou cinco alternados em sete dias, as atividades econômicas serão fechadas por no mínimo uma semana –a reabertura ocorrerá após três dias consecutivos com taxas abaixo de 20% (sintomáticos) ou 15% (na testagem em geral).
O decreto estabelece ainda que, quando os testes positivos atingirem 20% dos sintomáticos e 15% da testagem geral, um alerta será emitido para a população.
Foi o que ocorreu na quinta-feira (27) e nesta segunda-feira (31). Na quinta, o índice de sintomáticos foi de 20,2% das 291 amostras testadas, enquanto nesta segunda a taxa de testagem geral alcançou 15,47%. No total, foram 110 novos casos, o que elevou o total desde o início da pandemia a 21.483 confirmações.
“Diante do sinal de alerta desta segunda-feira, o comitê [de contingência] permanece atento ao avanço da Covid-19 no município, analisando com rigor a situação epidemiológica para deliberar sobre as ações que considerar necessárias, visando sempre o controle da transmissão do vírus no município”, diz comunicado do grupo técnico.
O prefeito Edinho Silva (PT) disse que a retomada das atividades econômicas é baseada na testagem em massa que a prefeitura está fazendo em busca de pacientes assintomáticos, para frear a transmissão, “além de rastrearmos os comunicantes que tiveram contato com os sintomáticos positivados”.
A ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na cidade está em 91%, com mais pacientes de outros municípios do que de Araraquara. Dos 190 internados em UTIs e enfermarias, 90 residem na cidade e 100, em outras 34 localidades.
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