SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cantora, violonista, compositora, letrista, arranjadora e produtora. Em seu terceiro álbum autoral, o recém-lançado “AVIA”, Josyara reúne todas as suas versões em um disco com canções escritas apenas por mulheres.

 

“Foi algo despretensioso. Essas parceiras são amigas, algumas de longa data, de encontros importantes na minha vida. Estava com algumas ideias para um disco, fui ver o que eu já tinha. Queria falar de sentimentos, de amor, raiva, desejo. Fui reunir as músicas, e aí caiu a ficha. Só mulheres.”

Josyara consegue estabelecer conexões do momento atual com sua vida na música. “Eu tinha dez anos e uma amiga da minha mãe se ofereceu para me dar aulas de violão. Veja só, uma mulher me ensinou, e eu toquei desde cedo um repertório muito feminino. Eu tinha aquele repertório de barzinho, então cantava muito Ana Carolina, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte. Comecei a ter ‘ídolas’. Pitty foi uma delas. Ter a companhia dela no disco é um sonho.”

Pitty colabora em “AVIA” de duas formas diferentes. As duas escreveram juntas “Sobre Nós”, e dividem vocais na música “Ensacado”. Composta em parceria por Cátia de França e Sergio Natureza, a faixa foi lançada originalmente em 1979, no álbum “20 Palavras ao Redor do Sol”.

Mesmo tendo uma professora, Josyara conta que não conseguia tocar exatamente como cada canção exigia, e passou a improvisar. “Eu pegava de ouvido, tocava do meu jeito. Mudava a harmonia, mas não era de propósito, era uma coisa intuitiva.”

Ela acha graça ao relembrar como algumas pessoas a procuravam dizendo que tinham gostado do jeito dela tocar, que afirmavam ser algo complexo. “Para mim, era só o jeito mais fácil”, diz, rindo.

Essa pegada peculiar no violão foi levando Josyara a públicos maiores. Seu talento como instrumentista foi amplamente elogiado em seus dois primeiros álbuns autorais, “Mansa Fúria” (2018) e “ÀdeusdarÁ” (2022), no EP “Mandinga Multiplicação: Josyara Canta Timbalada” (2024) e em muitos trabalhos colaborativos, como o álbum “Estreite”, de 2020.

O novo disco abre com uma releitura de Anelis Assumpção, “Eu Gosto Assim”, e em seguida chega um punhado de inéditas. Além de Pitty, traz parcerias com Iara Rennó, Juliana Linhares e Liniker, e faixas escritas só por Josyara. Entre elas, “Corredeiras”, que parece ser a mais forte para puxar o álbum.

“Algumas são trocas antigas. Eu fiz ‘Peixe Coração’ com Liniker em 2019. Tem muita coisa da época da pandemia, quando eu ficava em casa com minhas ideias. Tem coisa mais recente. Com Juliana foi recente, já estava no processo de fazer o disco”, diz a cantora, se referindo ao samba curtinho “Prova de Amor”, parceria com Linhares.

A canção tem pouco mais de um minuto, e Josyara brinca ao chamá-la de “um bilhetinho”. É curioso perceber que as dez faixas de “AVIA” não são muito longas. Apenas três delas ultrapassam, e por pouco, os três minutos de duração.

“O que eu quero é que dure o tempo que precisar. A Juliana, na verdade, me mandou um texto supergrande. Fui puxando os versos, pensando em fazer refrão, uma parte dois, e não saía. Até eu perceber que ela estava pronta.”

Mas ela admite que há uma certa pressão pela coisa mais curta. “Com o digital, o TikTok, ficou importante o apelo dos dez primeiros segundos, né? Muito louco. Reclamam que a introdução é longa, mas tem um arranjo muito trabalhado ali.”

Esse disco, que é um atestado de empoderamento feminino, se encerra com uma presença masculina. A canção que fecha o álbum, “Oásis (A Duna e o Vento)”, escrita por Josyara, a coloca num dueto de um romantismo derramado com Chico Chico, do qual é grande fã.

AVIA

– Autoria Josyara
– Gravadora Deck
– Onde ouvir Nas plataformas digitais