SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Davi Izaque Martins Silva, 29, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão pelo assassinato da médica Thallita da Cruz Fernandes, 28, encontrada morta dentro de uma mala no apartamento em que morava na cidade de São José do Rio Preto (a 440 km de São Paulo). O crime aconteceu em agosto de 2023 e cabe recurso da decisão.
A advogada Karen Raquena, nomeada pela Defensoria Pública para fazer a defesa do acusado, ainda não sabe se vai recorrer da decisão.
“Estamos aguardando o réu tomar ciência da pena e decidir se quer recorrer ou não”, disse à Folha de S.Paulo.
O júri popular que condenou Davi ocorreu na tarde de terça-feira (22) no Fórum de São José do Rio Preto e durou cerca de seis horas.
O réu foi condenado pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, contra mulher (feminicídio) e tentativa de ocultação de cadáver. Ele está preso desde a época do crime e seguirá cumprindo pena em regime fechado.
“Ver a condenação em pena máxima deu um grande alívio em todos nós, pela memória dela e por muitas outras mulheres que se aquele indivíduo ficasse em liberdade poderiam encontrar ele com por aí. Mas eu como mãe, estou sofrendo demais em ter ouvido como tudo aconteceu e o que aquele monstro foi capaz de fazer com ela. Não desejo para nenhuma mãe passar o que eu passei”, disse Juliana Cruz, mãe de Thallita à Folha de S.Paulo.
Antes do julgamento, cerca de 150 pessoas, entre familiares, amigos da vítima e estudantes da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), onde Tallita se formou, fizeram protesto em frente ao Fórum. Devido à grande quantidade de pessoas, foi necessária a distribuição de senhas para acompanhar o júri popular.
Em setembro de 2023, Davi foi denunciado pelo Ministério Público com base no indiciamento da Polícia Civil. As investigações apontaram que Thallita foi morta com diversos golpes de faca pelo então namorado.
O crime aconteceu no dia 18 de agosto de 2023, logo depois que o acusado chegou ao apartamento da médica. Segundo a acusação, ela foi morta porque queria terminar o relacionamento de cerca de três anos com ele.
A morte foi descoberta depois que a mãe da médica, que mora em Guaratinguetá, não conseguiu contato com a filha e pediu para que uma amiga da jovem fosse até o apartamento.
Ela foi até o prédio e ao chegar no local, o porteiro informou que a médica não havia saído da residência. Estranhando a situação, a amiga chamou a Polícia Militar.
Ao entrar no apartamento, os militares encontraram a médica morta, com o corpo nu, dentro de uma mala que estava na lavanderia. Ela tinha diversos cortes no rosto e o banheiro estava ensanguentado. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que Thallita morreu por hemorragia aguda.
A mala usada para ocultar o corpo da médica rasgou, o que teria impedido Davi de levar o corpo para outro local, segundo a investigação da Polícia Civil.
Davi foi preso no dia seguinte na casa da mãe, também em São José do Rio Preto. Ele não resistiu à prisão e teria confessado o crime aos policiais civis, dizendo também que havia feito uso de drogas antes de cometer o crime.
Thallita havia se mudado para São José do Rio Preto para cursar a faculdade de medicina na Famerp. Ela se formou em 2021 e desde então dava plantões em Bady Bassitt, cidade vizinha.