SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Bolsas da Ásia e da Europa fecharam em forte alta nesta terça-feira (8), após quatro dias seguidos de queda diante de incertezas sobre o tarifaço global anunciado pelo presidente Donald Trump.
As ações da bolsa japonesa Nikkei terminaram com ganhos de 6,02% graças às altas das empresas de tecnologia e à perspectiva de negociações entre o Japão e os Estados Unidos sobre as tarifas, enquanto o Topix registrou uma alta de 6,26%.
Nesta segunda-feira, Trump indicou o Japão como um dos países no caminho para negociar um acordo comercial após a imposição das tarifas. Trump conversou pela manhã com o primeiro-ministro Shigeru Ishibae, e disse que vai receber um time de negociadores de Tóquio. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, publicou no X (antigo Twitter) que foi escolhido para liderar as conversas com o país asiático.
“Importante destacar que um pequeno raio de esperança começa a surgir, indicando que os EUA estão genuinamente abertos a negociações comerciais. O exemplo mais significativo é Japão”, disse Tapas Strickland, chefe de economia de mercado do National Australia Bank. Ele ressalta, no entanto, que o mercado ainda está extremamente volátil.
O índice Hang Seng de Hong Kong subiu 1,51% após sofrer o pior dia desde 1997 devido ao que o líder do centro de negociações chamou de tarifas “implacáveis”. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, na China, avançou 1,71%, e a Bolsa de Xangai teve alta de 1,58%.
As principais bolsas europeias também fecharam em alta, após quatro dias seguidos de queda. O índice STOXX 600, referência do continente, subiu 2,52%, depois de cair 12,1% apenas nas últimas quatro sessões. Na comparação com o seu recorde histórico, alcançado em 3 de março, a Bolsa caiu 17,9% até segunda-feira (7).
O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, subiu 2,48%, a de Londres subiu 2,71%, a de Paris ganhou 2,5%.
Durante entrevista na Casa Branca na segunda, Trump reforçou que “não está considerando pausar as tarifas” e reiterou que elas poderão ser permanentes. Ao mesmo tempo, afirmou estar aberto a negociações. Segundo ele, já houve “um progresso tremendo” nas conversas com outros parceiros.
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, afirmou que os EUA foram procurados por mais de 50 nações interessadas em negociar, mas que “após décadas e décadas” de supostas injustiças com os americanos, seria difícil convencer Trump a assinar um acordo.
Apesar dos sinais de alguma negociação entre os Estados Unidos e alguns países, a crescente disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo preocupa. A Casa Branca confirmou a promessa de retaliar a China e anunciou nesta terça à tarde, após o fechamento dos mercados europeus e asiáticos, uma nova tarifa de 50% em cima das taxas já impostas anteriormente. Com isso, os produtos chineses podem receber uma tarifa de até 104% para entrarem nos EUA.
A sobretaxa entrará em vigor a partir da meia-noite desta quarta-feira (9).
Na madrugada desta terça, Pequim informou que “lutaria até o fim” diante do que chamou de chantagens tarifárias de Trump.
O Ministério do Comércio, em nota atribuída ao seu porta-voz, disse que “os EUA ameaçam escalar as tarifas contra a China, o que é um erro em cima de outro e mais uma vez expõe a natureza chantagista do lado dos EUA, o que a China nunca irá aceitar”.
“Se o lado americano insistir em ir por esse seu caminho, a China irá acompanhá-lo até o fim”, afirmou o comunicado. Se a nova escalada de Trump for implementada, Pequim tomará novas “contramedidas para proteger seus direitos e interesses”.
Como os mercados financeiros permaneceram voláteis, o diretor da operadora de bolsa de valores pan-europeia Euronext disse que os Estados Unidos estão começando a se assemelhar a um mercado emergente.
“O medo existe em toda parte”, afirmou Stephane Boujnah à rádio France Inter, avaliando que os EUA haviam se tornado “irreconhecíveis”. “Há uma certa forma de luto, porque os Estados Unidos que conhecíamos em sua maior parte como uma nação dominante se assemelhava aos valores e às instituições da Europa, e agora se assemelha mais a um mercado emergente.”
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