No período de 17 a 23 de maio, a Secretaria da Cidadania (Secid) se une ao Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente (CMDCA) para realizar a Semana Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Para sensibilizar e, sobretudo, informar a população sobre o assunto, será distribuído um jornal temático com o mote “Dê voz a quem não tem”, que explica diferentes aspectos sobre a questão da violência contra crianças e adolescentes.
A distribuição do informativo aos munícipes será feita nos locais de vacinação. “Nosso objetivo, em Sorocaba, é implantar uma escuta especializada, onde a criança ou o adolescente possa fazer um relato espontâneo do ocorrido, mas sem se revitimizar. Uma vez que, hoje, quando acontece uma situação de violência ou mesmo de abuso sexual, a criança ou adolescente precisa contar e recontar o que aconteceu várias vezes, na escola, no hospital, na delegacia, enfim, em diversas situações diferentes e, em todas elas, isso é muito traumático. Mesmo no IML (Instituto Médico Legal), onde precisa fazer o exame de corpo de delito, o local de atendimento não é adequado para uma criança ou adolescente”, explica Angélica Lacerda, presidente do CMDCA.
Também participam da ação o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Vara da Infância e Juventude, o Conselho Tutelar, a rede CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência Especial em Assistência Social), a Secretaria da Saúde (SES) e a Secretaria da Educação (Sedu).
Além da distribuição do material informativo, já está em tratativa, entre o Conselho e a Prefeitura, por meio da Secid e do Fundo Social de Solidariedade (FSS), a realização de uma parceria com o Hospital do Gpaci (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil), para que seja criado um espaço nesse hospital para o atendimento desses casos, com o suporte necessário, além da atenção médica, por um grupo multidisciplinar. Atualmente, o atendimento é feito no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e também não é especializado ao público infanto-juvenil.
Outro aspecto que demonstra a importância da campanha de alerta que está sendo organizada é o aumento na quantidade de denúncias durante o período de pandemia, constatado pelo Conselho Tutelar. Uma das informações relevantes do material a ser distribuído à população diz respeito à identificação dos sinais silenciosos que as vítimas desse tipo de violência emitem no dia a dia familiar, geralmente relacionados à mudança brusca de comportamento. Pode ser o choro repentino, a busca por isolamento, voltar a urinar na cama, excesso de timidez, dentre outros.
“Notamos que o sexo continua sendo um tema tabu para a grande maioria das famílias. No entanto, é importante alertar as crianças, desde cedo, que, no corpo delas, ninguém deve tocar. E é preciso dizer isso de uma forma que ela compreenda, mas sem alarmá-la”, comenta Angélica.
Outro complicador em questões que envolvem a violência sexual é que em torno de 95% dos casos os abusos são cometidos por pessoas da confiança da pessoa e de quem elas gostam. “Isso causa uma confusão na cabeça da criança ou adolescente que, apesar de ser vítima, muito comumente se sente culpada pelo ocorrido. Dependendo da idade, elas sequer entendem muito bem o que aconteceu, mas percebem que não é bom. Daí, a importância de um acolhimento multidisciplinar, inclusive com amparo psicológico”, completa a presidente do CMDCA.
No material a ser distribuído, também são abordados outros tipos de violência, tais como a negligência e os maus-tratos. É considerada violência contra a criança ou adolescente toda ação que, de alguma forma, viole os seus direitos.
Denúncias sobre violência ou abuso sexual contra crianças e adolescentes devem ser feitas ao Conselho Tutelar, pelo telefone: (15) 3235-1212 e 125 (atendimento 24 horas); à Guarda Civil Municipal (GCM), pelo 153; Polícia Militar (PM), pelo 190 ou pelo Disque 100.
Cidadania – Agência de Notícias