SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Considerado um político habilidoso e possuidor de análises eleitorais precisas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, teve de realinhar seu exposição nesta semana posteriormente declarações que soaram, no meio político, uma vez que um desembarque do governo Lula (PT) e uma aposta em uma eventual candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

Kassab é secretário de Relações Institucionais do governador de São Paulo, que, por sua vez, é coligado de Jair Bolsonaro (PL), e o PSD tem três ministérios no governo do PT.

Na semana passada, em um evento fechado do banco de investimentos UBS BB para agentes do mercado financeiro, Kassab chamou o ministro Fernando Haddad (Rancho) de fraco e questionou as chances de vitória de Lula.

“Hoje [a reeleição] não é fácil. Em quase 23 anos, desde que Lula se elegeu, o PT nunca teve uma queda [de popularidade] no Nordeste. Se fosse hoje, ele estaria na campanha, mas não na posição de predilecto, e sim de derrotado.”

A fala foi uma avaliação da pesquisa Quaest, divulgada dias antes, que mostrava, pela primeira vez, a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva. Kassab não deixou de declarar na ocasião que Lula era um nome potente, que faria “tudo” para vencer a eleição de 2026.

A enunciação ocorreu, também, no dia seguinte a um jantar em Higienópolis, região medial da cidade, que reuniu lideranças políticas paulistas com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) -que seria eleito para o missão no término de semana seguinte.

A pouquidade de políticos bolsonaristas e as falas moderadas dos presentes foram interpretadas por analistas uma vez que uma primeira reunião do grupo político que daria suporte à tentativa de Tarcísio de disputar a Presidência.

Embora Tarcísio não se lance para a disputa presidencial, defendendo que o candidato do seu grupo é Bolsonaro ou quem ele escolher, as declarações posteriores de Kassab foram vistas uma vez que uma adesão a esse provável projeto.

“O Kassab não conversou isso com ninguém. Ele fala o que ele quiser”, disse na segunda-feira (3) o líder de Tarcísio na Tertúlia Legislativa, Gilmaci Gomes (Republicanos).

O presidente Lula, que prepara uma reforma ministerial e pode mudar a fatia de cargos sob controle do PSD no governo, no dia seguinte às declarações de Kassab disse que “riu” das falas do coligado.

“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque, uma vez que ele diz que, se a eleição fosse hoje, eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos”, disse. Lula também defendeu Haddad das críticas.

Nos bastidores, aliados do presidente apontaram que a relação entre ambos estremeceu.

Já nesta semana, Kassab teve de agir para retornar à posição em que estava há duas semanas, equidistante dos dois projetos presidenciais.

Na última quarta-feira (5), em um almoço realizado no mesmo restaurante de Higienópolis que recebeu o jantar para Hugo Motta, Kassab procurou desfazer a sensação de que apostava na campanha presidencial de Tarcísio. Segundo aliados, ele reforçou a resguardo da reeleição para o governo do estado.

O vice de Tarcísio, Felício Ramuth, é do partido de Kassab. Aliados afirmam que o secretário almeja o missão, de olho na cadeira de governador em uma eventual tentativa de Tarcísio disputar a Presidência em 2030. Kassab não confirma.

O almoço reuniu prefeitos do Vale do Paraíba e terminou com mandatários de outros partidos afirmando que devem transmigrar para o PSD, que já controla 206 das 645 prefeituras paulistas. O partido negocia ainda uma fusão com o PSDB.

Nesta quinta-feira (6), também em um evento fechado para grupos de investidores, Kassab mudou o tom sobre as expectativas para 2026 e a posição de “derrotado” de Lula.

“Ainda é muito cedo para declarar qualquer coisa sobre a eleição. Ele ainda pode volver o cenário. Ele é potente”, disse o secretário ao Estadão/Broadcast.

Os auxiliares de Kassab dizem não ver mudança de tom entre as declarações da semana passada e desta.

“O presidente Lula tem qualidades e força política inegáveis. Kassab, perguntado naquele momento [semana passada], diante daquela pesquisa [Quaest], se o Lula poderia perder a eleição em 2026, disse que poderia”, afirma sua equipe, em nota.

“Isso não muda o trajo de que Lula é um político potente, experiente, que inegavelmente sabe lucrar eleições e tem tempo para chegar em 2026 com uma avaliação mais favorável. E isso pode suceder ou não”, segue o texto.

Ainda segundo a assessoria, Kassab “tem dito há qualquer tempo que o governador Tarcísio é o melhor projeto para o Estado de São Paulo e está convicto de que ele será presidente da República no horizonte”.

Kassab “acha que, com um governo tão muito estimado e com tantas realizações em desenvolvimento, a opção por tentar a Presidência posteriormente o primeiro procuração é arriscada, vide o que ocorreu com os governadores [José] Serra e [João] Doria”.

Por término, a assessoria de Kassab informou que ele apoiará a decisão de Tarcísio, “independentemente de qual seja”.