(FOLHAPRESS) – Líderes do centrão celebraram a folgada vitória para o comando do Congresso Vernáculo porquê um trunfo para a ampliação de poder sobre o governo e para o aumento de influência sobre a verba pública, num momento de queda de popularidade do presidente Lula (PT).

 

Já na noite de sábado (1º), depois a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e de Hugo Motta (Republicanos-PB) para as presidências do Senado e da Câmara dos Deputados, aliados da dupla discutiam cenários de um verosímil redesenho do governo e de retomada do controle sobre as emendas parlamentares.

Fortalecidos, líderes do grupo passaram a tutelar um choque na estrutura da gestão Lula, que poderia incluir a redução do peso do PT na chamada cozinha do Palácio do Planalto, responsável pela coordenação do governo.

Representantes desses partidos têm alertado que uma simples adaptação de suas legendas no ministério de Lula não basta para prometer uma adesão a todos projetos de interesse do governo no Congresso e, menos ainda, para confirmar esteio à uma candidatura de Lula à reeleição em 2026.

Para que esses partidos ampliem o alinhamento com o governo e, depois, subam no varanda petista, Lula precisaria reorganizar o governo e restabelecer popularidade -principal duelo do governo neste momento.

Líderes do centrão manifestam resistência a adensar sua participação no procuração do petista num momento de queda dos índices de avaliação do presidente. O argumento é que, com esse movimento, eles arriscariam seu capital político entre eleitores de direita.

Um integrante da cúpula da Câmara aponta que, atualmente, deputados e senadores já são “unidades orçamentárias”, graças ao aumento significativo das emendas parlamentares, e que não são mais dependentes da força do governo para abastecer seus redutos eleitorais. Por isso, a retomada do poder sobre as emendas, fim de bloqueio do STF, soa até mais urgente do que uma reforma ministerial.

Essas constatações são interpretadas, tanto no governo porquê no próprio centrão, porquê um diagnóstico legítimo do quadro político, mas também porquê um argumento para ampliar o poder de barganha do Congresso na negociação de cargos no primeiro escalão.

Um dirigente desses partidos afirma que a teoria de participação na equipe de Lula não é totalmente descartada porque há, sim, chances de reeleição do presidente em 2026, principalmente diante da possibilidade de um racha da direita.

Com esse cenário, aliados de Lula afirmam que ele já admite, em conversas reservadas, a urgência de fazer um gesto mais grande para esses partidos, com uma reforma ministerial mais abrangente. Para isso, poderia ser necessário sacrificar aliados próximos e o próprio PT.

Nesta segunda-feira (3), Lula dará início a uma novidade rodada de conversas políticas. À tarde, ele se reunirá com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), que deve assumir o missão de ministra-chefe da Secretaria-Universal da Presidência. Há uma expectativa de que Lula receba também Alcolumbre e Hugo.

O presidente teria sinalizado a intenção de reacomodar o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), na Saúde. Lula vem demonstrando insatisfação com o desempenho da atual titular, Nísia Trindade, embora resista a demiti-la. Padilha seria um substituto procedente porque já ocupou o missão no governo Dilma Rousseff (PT).

Caso a troca seja feita, Lula faria uma mudança na cozinha do Planalto. O ministério responsável pela pronunciação política poderia permanecer com um não petista. O mais cotado hoje seria o ministro Sílvio Costa Fruto (Portos e Aeroportos), do Republicanos, partido de Hugo Motta.

A cúpula da Câmara, por sua vez, ainda trabalha para emplacar no posto o líder do MDB na Vivenda, Isnaldo Bulhões Jr (AL), devido à boa relação que ele mantém com Hugo e com Alcolumbre.

As discussões no governo para ampliar laços com partidos de meio e centro-direita refletem um comportamento crítico de líderes dessas legendas em relação ao governo. O caso mais emblemático é o do PSD, tal qual presidente, Gilberto Kassab, disse na semana passada que Lula não conquistaria um novo procuração se a eleição ocorresse agora.

Nessa lógica, ganhou mais força a aposta no ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o ministério de Lula. Emissários chegaram a pleitear para ele a pasta da Justiça, mas o presidente não gostaria de tirar do missão o atual titular, Ricardo Lewandowski.

O Ministério de Minas e Pujança, atualmente controlado por Alexandre Silveira (PSD), poderia ser um orientação para Pacheco. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Negócio, ocupado pelo vice Geraldo Alckmin (PSB), também seria fim de interesse, o que ainda dependeria de uma negociação com Alckmin.

Dentro da estratégia de atrair o centrão, há expectativa de negociação com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), a quem é creditado o desempenho de Hugo na eleição para a Vivenda.

Segundo aliados de Lula, o presidente tem a opinião de que Lira não impôs tantos obstáculos à agenda do governo na Câmara e, por isso, não estaria descartada a possibilidade de sua nomeação para um ministério porquê o da Cultivação, ainda que o trabalho do atual ministro, Carlos Fávaro (PSD), seja muito medido.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), também é citado na bolsa de apostas. Integrantes do governo avaliam que ele ajudaria o governo a se aproximar do segmento evangélico, além de ser uma sinalização ao próprio partido.

Interlocutores do presidente citam um remanejamento, considerado muito provável, da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PC do B), para a pasta das Mulheres. Seria uma prova de que Lula está disposto a reduzir o espaço de um coligado histórico no xadrez que poderia acomodar partidos de meio.

O imagem foi esboçado diante da constatação do fortalecimento do centrão. Elaborado no calor das eleições no Congresso, o padrão pode ser revisto, porquê já aconteceu em discussões de reformas ministeriais passadas.

Lula tem insistido para que os ministros de estados do Nordeste trabalhem para volver tendência de queda de sua aprovação na região -o que tem sido motivo de preocupação do presidente. Aliados do presidente afirmam que a reforma deve consumir mais 15 dias.

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