Com ações simples, profissionais deixam ambiente hospitalar mais leve

Com ações simples, profissionais da saúde inspiram e deixam ambiente hospitalar mais leve

Música e ações lúdicas aumentam acolhimento e aliviam dor e solidão dos pacientes internados por longos períodos

“Vou te dar de presente uma chuteira de última geração. O Neymar usa a mesma chuteira!”, fala animada a fisioterapeuta do Hospital Marcelino Champagnat, Bruna Endy Gasparim, ao colocar um pedaço de esparadrapo com um cadarço desenhado com canetinha no sapato de proteção do paciente Ciro Godoy, antes do início dos exercícios. Internado por Covid-19 há 40 dias, ele precisa fortalecer os músculos das pernas para voltar a andar. A resposta vem com um sorriso largo, olhos marejados e mais ânimo para realizar a sessão de fisioterapia.

“Nem sei direito quando comecei a fazer esses desenhos, mas foi uma forma que encontrei para ver o sorriso do paciente, deixar o tratamento, que muitas vezes é doloroso, mais fácil. Às vezes é uma chuteira. Outras, marcas famosas de tênis”, explica Bruna. 

A pandemia da Covid-19 deixou a rotina dos profissionais da saúde ainda mais pesada, com a ocupação quase ou total dos leitos, muitos pacientes em estado crítico e plantões mais tensos. Mesmo assim, alguns trabalhadores encontram formas simples para deixar a rotina e o ambiente hospitalar mais leve e acolhedor. Isso faz diferença na recuperação e no atendimento dos pacientes. “Nos dão uma expectativa nova de vida, de grandeza”, conta Elza Zawadski, que se emocionou com a música da Cinderela que o fisioterapeuta Aloysio Lechenacoske cantou para ela que está internada na mesma UTI que Ciro, em Curitiba. 

“Quando canto e declamo poemas para os pacientes, acontece de maneira muito espontânea, pra mim é sempre uma alegria. Algumas músicas eu acredito que traduzem esperança em tudo o que é a verdade da vida, acreditar e sonhar sempre”, explica o fisioterapeuta. 

Apoio também aos profissionais

E essa esperança também está presente entre os profissionais e pacientes do Hospital Universitário Cajuru, ainda em Curitiba. Com um violão, teclado e muita cantoria, os integrantes do setor da Pastoral animam os quartos e corredores do hospital que é referência no tratamento de trauma e casos clínicos. Pacientes se emocionam com a melodia e enfermeiros e médicos também são tocados pela ação. 

“Esse momento com música proporciona um ambiente para que o paciente possa expressar os sentimentos, ter memórias positivas e até ressignificar o tempo de internação, já que para os pacientes internados o tempo passa de forma diferente.  A música também quebra o clima pesado do hospital e ajuda o paciente a enxergar o tratamento de outra forma, além de melhorar a comunicação com a equipe”, revela Sidnei Evangelista, psicólogo que faz parte do setor da Pastoral dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat. 

Além da ação musical que acontece duas vezes por semana, o grupo da pastoral oferece aos profissionais de saúde momentos de espiritualidade para proporcionar um ambiente mais acolhedor em meio à pandemia. “São equipes pequenas de três ou quatro enfermeiros e médicos que se reúnem para ouvir uma palavra espiritual e de conforto. Sabemos que a rotina está pesada e os impactos da pandemia são grandes para todos os profissionais de saúde. E, em meio a todo esse caos, eles têm exercido um papel bem semelhante ao bom samaritano, presente na parábola da Bíblia, se doando, ajudando, acolhendo e contribuindo para a melhora física de todos pacientes, sem distinção”, diz Sidnei. 

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