RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IPCA-15 (Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Grande 15) deve mostrar ligeiro deflação (queda) de 0,02% em janeiro, conforme a mediana das projeções de analistas consultados pela escritório Bloomberg.
O resultado será divulgado às 9h desta sexta (24) pelo IBGE (Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística).
Em dezembro, o IPCA-15 mostrou subida (inflação) de 0,34%. Com isso, acumulou progresso de 4,71% nos 12 meses do ano pretérito.
A expectativa coletada pela Bloomberg é de uma desaceleração da subida a 4,36% nesse recorte até janeiro.
O registro de deflação no início do ano não é geral na série histórica. O IPCA-15 nunca mostrou uma taxa negativa em janeiro desde o prelúdios do Projecto Real, implementado em julho de 1994.
Segundo analistas, a redução esperada para leste mês deve ser puxada por um fator pontual: o desconto nas contas de luz devido ao chamado bônus de Itaipu.
O bônus é relativo ao saldo positivo na comercialização de pujança da usina hidrelétrica. A medida já provocou consolação na inflação em outros momentos da série.
Desta vez, porém, o processo chegou a uma desenlace com delongado, e o desconto só entrou em vigor em janeiro. Em 2023, por exemplo, o bônus foi creditado nas faturas de julho.
Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA (Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Grande), também divulgado pelo IBGE.
O IPCA é o índice solene de inflação do Brasil. É o indicador que marco o regime de metas perseguido pelo BC (Banco Mediano).
A coleta de preços do IPCA ocorre ao longo do mês de referência da pesquisa. Por isso, o oferecido de janeiro ainda não está fechado. Será divulgado em 11 de fevereiro.
Já o IPCA-15 coleta a variação dos preços entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso de janeiro, esse trabalho ocorreu de 13 de dezembro a 14 de janeiro.
“A prévia do número fechado de janeiro deve desacelerar significativamente em relação à última leitura, indicando praticamente uma segurança em relação a dezembro”, diz relatório assinado por Andrea Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
Ela prevê uma deflação de 0,02% para o IPCA-15 e afirma que os subitens que devem contribuir mais para esse movimento são a passagem aérea e a pujança elétrica, com destaque maior para o segundo.
“Esse efeito é decorrente da incidência do desconto do bônus de Itaipu, lembrando que a variação deste item se repete no IPCA de janeiro”, aponta.
A consultoria LCA, por sua vez, prevê uma deflação de 0,03% para o IPCA-15 deste mês. A instituição também destaca uma “queda pontual” na pujança elétrica.
Conforme o economista Fábio Romão, da LCA, os dados devem mostrar uma espécie de “rebote” em fevereiro. Ou seja, em seguida o consolação em janeiro, os preços já tendem a lucrar força no segundo mês do ano.
Para o IPCA, a LCA projeta inflação de 5,4% no amontoado de 2025. A Warren prevê o mesmo número, com riscos para cima devido a uma combinação de câmbio saliente e possíveis reajustes maiores da pujança elétrica.
O meio da meta de inflação em 2025 é 3% no amontoado de 12 meses. O pausa de tolerância varia de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).
Os números do mira são os mesmos de 2024, mas o BC passa a perseguir o objetivo de maneira contínua neste ano, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).
No novo padrão, a meta será considerada descumprida quando a variação acumulada pelo IPCA permanecer por seis meses seguidos fora do pausa de tolerância (1,5% a 4,5%). O índice solene fechou 2024 em 4,83%, estourando o teto.
As projeções para o IPCA de 2025 vêm em trajetória de subida, com a mudança para um patamar mais distante de 4,5%. O cenário, dizem economistas, sinaliza mais dificuldades para o BC conseguir recolocar o índice dentro do pausa de tolerância.
