Uma denúncia anônima colocou o assessor parlamentar Jacob Aarão Serruya Neto, servidor no gabinete do deputado Antônio Leocádio dos Santos, mais divulgado porquê Antônio Doido (MDB-PA), na mira da Polícia Federalista (PF). Ele foi exonerado depois que as suspeitas vieram a público.

 

O Estadão pediu revelação do deputado e procura contato com a resguardo do assessor, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto.

O informante alertou as autoridades sobre um saque vultuoso – mais de R$ 1 milhão – da conta da empresa A. C. da Silva Transacção de Gêneros que estava previsto para ocorrer no dia 17 de janeiro, na escritório do Banco do Brasil na rua Senador Lemos, em Belém, para deter propinas a servidores públicos.

Policiais federais à paisana seguiram a pista e, no dia informado, fizeram campana na frente do banco. Descobriram que o representante mercantil Wandson de Paula Silva recebeu o moeda em uma sala reservada na escritório e armazenou a quantia em uma mochila preta.

Os agentes seguiram o carruagem de Silva, uma Hilux branca, depois que ele deixou o banco. Viram o momento em que o representante mercantil estacionou o veículo e embarcou em outro carruagem, um Corolla preto, com a mochila de moeda – notas de R$ 200 acondicionadas em sacolas plásticas – contendo R$ 1 milhão. Foi nesse momento que a PF anunciou o flagrante. Ao inspecionar os carros, os federais encontraram mais R$ 100 milénio, no porta-luvas da Hilux.

Serruya e Silva foram conduzidos à superintendência da Polícia Federalista em Belém. Ambos ficaram em silêncio nos depoimentos. A reportagem pediu posicionamento da resguardo do representante mercantil, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto.

A PF procura agora identificar os destinatários do moeda. Para isso, pediu autorização para acessar conversas nos celulares apreendidos com o assessor parlamentar e com o representante mercantil. A expectativa é a de que as mensagens levem a novos suspeitos.

Serruya e Silva conseguiram autorização para esperar a desfecho das investigações em liberdade. A juíza plantonista Thatiana Cristina Nunes Campelo considerou que não havia urgência de mantê-los presos, desde que pagassem R$ 40 milénio de fiança cada. A decisão afirma que eles têm endereço fixo, ocupação lícita, não cometeram crimes violentos e não têm antecedentes criminais.

“Não vislumbro in concreto a urgência de segregação cautelar dos conduzidos a término de proteger a ordem pública, a ordem econômica, a conveniência da instrução processual ou mesmo certificar a emprego da lei penal”, escreveu.

A juíza também estabeleceu medidas cautelares, porquê o presença periódico no fórum e a proibição de se ausentar de Belém. Segundo a magistrada, “considerando o modus operandi empregado, isto é, posse e saque de vultosa quantia em espécie, típico da prática da período de ocultação de ativos financeiros característicos das condutas tipificadas porquê delito de lavagem de capitais, muito ainda o provável envolvimento de servidor público federalista integrante dos quadros da Câmara de Deputados”, há indícios dos crimes de devassidão e lavagem de moeda.

Jacob Aarão Serruya Neto foi nomeado para o missão comissionado de secretário parlamentar no gabinete do deputado Antônio Doido em abril de 2023. O servidor foi exonerado dois dias depois o flagrante da PF. Serruya também trabalhou no Tribunal de Contas do Pará entre 2007 e 2010.

Criada em 2020, A. C. da Silva Transacção de Gêneros venceu 33 licitações municipais no Pará. Levantamento feito pela PF aponta que a maior secção dos contratos foi custeada com recursos federais – mais de R$ 24 milhões. Os investigadores suspeitam que o CNPJ tenha sido registrado em nome de um laranja. A empresa foi procurada pelo Estadão.

Uma vez que mostrou o Estadão, Antônio Doido está entre os deputados que mais direcionaram emendas parlamentares em 2024. Ele conseguiu mandar R$ 37,8 milhões para diversas prefeituras paraenses.

COM A PALAVRA, OS CITADOS

A reportagem pediu posicionamento do deputado Antônio Doido, da empresa A. C. da Silva Transacção de Gêneros e da resguardo do representante mercantil Wandson de Paula Silva, mas não teve retorno até a publicação deste texto. O Estadão procura localizar a resguardo de Jacob Aarão Serruya Neto. O espaço está destapado para revelação de todos os citados (rayssa.motta@estadao.com).