Usuários não identificados distribuíram o número do CPF do ministro da Rancho, Fernando Haddad, em ao menos 58 chats de extrema direita no Telegram entre os dias 15 e 18 de janeiro. A circulação pode ter apanhado 100 milénio pessoas.

 

O pesquisador Leonardo Promanação, coordenador do Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federalista da Bahia (UFBA), núcleo que monitora desinformação e extremismo em ecossistemas digitais, identificou um comportamento coordenado no incidente.

Os diversos usuários envolvidos lançaram mão de uma estratégia de esconder seus nomes enquanto compartilhavam a informação.

A primeira mensagem com o CPF de Haddad no registro dos pesquisadores vem de uma usuária que depois omitiu sua identificação. Dezenas de outros usuários compartilham do mesmo comportamento, ocultando ou alterando seus nomes antigos antes de disseminar os dados do ministro, para não serem identificados.

Nos chats, os usuários sugerem aos colegas alguns usos para a informação pessoal de Haddad. “Quando te perguntarem: CPF na nota? Responda SIM. E passe esse”, diz uma das mensagens, antes de compartilhar o número do CPF do ministro. “Ele vai ver o quanto é bom ter que declarar”, completa.

Apuração da Polícia Federalista

Na semana passada, o Ministério da Rancho pediu que a Polícia Federalista apurasse o uso do CPF de Haddad.

O responsável estaria disseminando o oferecido pessoal do ministro em grupos de aplicativo de mensagem a partir do Estado da Bahia, sugerindo implicitamente que o CPF fosse usado porquê meio de identificação em compras e uso de serviços que solicitam a identificação do cliente.

Ofensiva vem na esteira das fake news do Pix

A ofensiva contra Haddad vem na esteira de uma vaga de desinformação contra o governo Lula, a saudação de uma suposta taxação de transferências via Pix – o que nunca ocorreu.

Uma vez que mostrou o Estadão, um levantamento interno da Secretaria de Informação Social do governo federalista indica que notícias falsas sobre esse tema alcançaram ao menos 22,5 milhões de pessoas entre 9 e 13 de janeiro – o número pode ser maior, já que o monitoramento não inclui o YouTube.