SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça Militar manteve a prisão de 15 policiais militares detidos por suspeita de envolvimento na morte do delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) Antônio Vinicius Gritzbach, 38. Eles também são investigados por suspeita de relação com a partido criminosa.
Os policiais passaram por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (17) no Presídio Militar Romão Gomes, na zona setentrião da capital paulista.
Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro em uma superfície de desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Entre os presos está o cabo Dênis Antonio Martins, 40, indigitado pela Corregedoria da Polícia Militar uma vez que um dos autores dos disparos que mataram Gritzbach. A prisão dele é temporária, por 30 dias.
Ele foi recluso segundo o item 150 do Código Penal Militar, que trata da organização de militares para prática de violência. Martins também é investigado pela DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) pela morte do empresário. A intenção da Polícia Social é ouvi-lo em breve.
Procurada, a resguardo de Martins afirmou por telefone que todo o posicionamento será feito no processo, por se tratar de um caso em sigilo de Justiça.
Os outros 14 PMs foram presos por prestarem serviço de segurança ilícito a Gritzbach, que era investigado por lavagem de verba e duplo homicídio.
Segundo a Corregedoria da PM, os policiais da escolta e o suposto atirador não têm relação.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) comemorou as prisões. “A polícia vinha investigando o que ocorreu, chegou à autoria dos disparos. A PM está punindo a PM”, disse na manhã de quinta.
Segundo Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo, o cabo não era investigado, mas o trabalho da Corregedoria, em conjunto com o Meio de Perceptibilidade da Polícia Militar, identificou a presença dele na cena do delito.
Gritzbach, que era ligado à partido criminosa, teria se envolvido numa série de problemas com o PCC. Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes da organização. Também fechou um tratado de delação premiada com a Justiça onde delatou nomes para o Ministério Público.
A delação teria sido o motivo da morte, segundo a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP.
Segundo ela, Gritzbach expôs “todo um esquema de devassidão”, apontou “policiais vendidos” e “dá nome aos donos do PCC, que fazem a lavagem de verba”.
Conforme Derrite, entre os presos está um tenente, que chefiava a escolta irregular de Gritzbach, 12 cabos e soldados que integravam o grupo e outro tenente que facilitava a folga de agentes que participavam da segurança do delator. Ainda foram cumpridos sete mandados de procura e mortificação na capital e na Grande São Paulo.
Os policiais militares passaram a ser investigados em março do ano pretérito, quando a Corregedoria recebeu uma denúncia sobre vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados à partido.
A investigação evoluiu para um questionário policial militar, instaurado murado de sete meses depois, onde foi escolhido que os envolvidos, entre militares da ativa, da suplente e até ex-integrantes da instituição, favoreciam membros de uma organização criminosa, evitando prisões ou prejuízos financeiros.
Entre os beneficiados pelo esquema estavam líderes da partido e até mesmo pessoas procuradas pela Justiça.
Foi desvelado, ainda, que policiais prestavam escolta para criminosos, uma vez que é o caso de Gritzbach, que tinha envolvimento com lavagem de verba e duplo homicídio.