SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Somente 10,65% das crianças e adolescentes paulistas elegíveis para a vacinação contra a dengue completaram o esquema de imunização.

 

Em números absolutos, das 2.403.648 pessoas de 10 a 14 anos que devem tomar a vacina no estado de São Paulo, unicamente 256.084 receberam as duas doses da Qdenga, da farmacêutica Takeda. Quanto à primeira ração, foi aplicada em 593.256 crianças e adolescentes. Os números são da Secretaria Estadual da Saúde e se referem ao período de fevereiro de 2024 até 15 de janeiro deste ano.

A filete etária de 10 a 14 anos foi escolhida porquê público-alvo com base em recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) devido ao maior risco de hospitalização.

A Qdenga é administrada em duas doses, com 90 dias de pausa entre elas. Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Vernáculo de Imunizações do Ministério da Saúde, destaca que é fundamental receber as duas doses da vacina. “A vacinação é importante. Quem tomou a primeira ração deve tomar a segunda para ser imunizado.”

De combinação com critérios definidos pelo Ministério da Saúde, 391 dos 645 municípios paulista têm a vacina na rede pública. São cidades com mais de 100 milénio habitantes, localizadas em regiões com subida transmissão da doença e incidência do sorotipo 2 do vírus.

A farmacêutica Takeda afirma que seu laboratório tem capacidade limitada de produção, o que impacta a oferta de vacina. Com essa limitação, a eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti segue porquê estratégia principal de prevenção à dengue.

Segundo Eder Gatti, o governo federalista pretende ampliar a quantidade de cidades brasileiras com recomendação para o imunizante, a depender das doses disponibilizadas pelo laboratório.

Ele afirma que representantes do Ministério da Saúde devem se reunir com estados e municípios para discutir a expansão da vacinação. A teoria é que todos possam disponibilizar o imunizante, de forma gradativa e de combinação com a disponibilidade de doses.

“O repto imposto pela capacidade produtiva do fornecedor é grande. Sabemos que a dengue é um grande problema de saúde pública. Por mais que a gente sinta a urgência de ter mais vacina, a gente trabalha com a capacidade produtiva do único fornecedor”, disse Gatti em entrevista à Folha.

O Ministério da Saúde também afirma que não há previsão de ampliação da filete etária do público-alvo pois, além da capacidade de produção limitada, é necessário prometer a segunda ração para todos que receberam a primeira.

No SUS (Sistema Único de Saúde), as vacinas são adquiridas pelo Ministério da Saúde. O órgão dispensa as doses aos estados, que as distribui aos municípios. Cada cidade é responsável por sua estratégia de vacinação.

A Qdenga também está disponível na rede pessoal, em farmácias e laboratórios, mas praticamente só é provável encontrar a segunda ração, também devido às limitações de produção. Conforme aprovação da Anvisa (Dependência Vernáculo de Vigilância Sanitária), a vacina pode ser aplicada em pessoas com idade entre 4 e 60 anos.

Segundo o Governo de São Paulo, de 1º a 15 de janeiro de 2025 foram confirmados 9.765 casos de dengue no estado. Desses, 23 evoluíram para a forma grave. Outros 24.247 casos estão em investigação.

A primeira morte por dengue em 2025 em São Paulo ocorreu no dia 8 na cidade de Birigui (507 km da capital), de combinação com o Quadro de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.

No estado já há 24 municípios com decreto ativo de situação de emergência por dengue. São eles: Apoio, Araçatuba, Dirce Reis, Estrela D’Oeste, Glicério, Guarani D’Oeste, Igaratá, Indiaporã, Jacareí, Marinópolis, Mendonça, Mira Estrela, Ouroeste, Paraibuna, Populina, Potirendaba, Ribeira, Rubineia, São Francisco, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Tambaú, Tanabi e Votuporanga.