SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, criou a primeira crise em torno do cessar-fogo anunciado na noite de quarta (15) entre o país e o grupo terrorista Hamas. Ele acusou os palestinos de não concordar todos os termos do congraçamento, horas depois de expor que havia feito isso.

 

“O gabinete israelense não vai se reunir [para votar o arranjo] até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do congraçamento”, disse nota do escritório de Netanyahu na manhã desta quinta (16).
Os palestinos negam. Também em nota, a chefia do grupo da Tira de Gaza afirma que está comprometida com todos os termos acordados na véspera no Qatar, em uma negociação mediada pelos anfitriões, pelos Estados Unidos e pelo Egito.

O clima azedou ainda mais porque Israel manteve os ataques a Gaza nesta madrugada. O Hamas disse que um em um dos pontos atingidos havia uma das reféns israelenses tomadas em 7 de outubro de 2023, que seria trocada por prisioneiros palestinos a partir do próximo domingo (19).

O grupo não a nomeou nem disse se ela foi morta. Ao todo, os palestinos contaram 77 mortos em bombardeios de Israel. O 7 de Outubro deixou 1.200 mortos em um dia em Israel, e a guerra subsequente matou 46,7 milénio moradores de Gaza, segundo o Hamas.

Na quarta, os terrorista haviam colcoado uma última quesito na mesa para ratificar o texto, a retirada imediata de forças de Israel do chamado galeria Filadélfia, a fronteira de 17 km entre Gaza e o Egito sob a qual era feito tráfico de armas para os terroristas.

Pelo congraçamento até portanto, tal retirada seria gradual, em 50 dias. O premiê qatari, Mohammed al-Thani, portanto chamou primeiro os negociadores palestinos e, depois, os israelenses.

Ao termo das conversas, o governo de Israel divulgou uma nota dizendo que “devido à possante insistência do premiê Netanyahu, o Hamas abandonou sua demanda de última hora para mudar o posicionamento das Forças de Resguardo de Israel no galeria”. O texto ainda dizia que faltavam outros pontos para finalizar o congraçamento.

Isso ocorreu com o cessar-fogo já sendo comemorado em rede social pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Tapume de meia hora depois, Al-Thani foi a público anunciar oficialmente o congraçamento. Netanyahu portanto falou com o atual titular da Lar Branca, Joe Biden, e indicou estar satisfeito.

Nesta manhã, mudou de teoria. Sua nota não cita o galeria Filadélfia, mas também não fala em outra quesito de última hora do Hamas, que de todo modo nega ter feito isso.

Sem provas, tudo sugere que Netanyahu está jogando para a plateia, mais precisamente sua base de ultradireita religiosa que é contra o congraçamento porque nele os 98 reféns ainda em poder do Hamas posteriormente o ataque de 7 de outubro de 2023 serão trocados por muro de 1.000 prisioneiros palestinos.

Ao menos 30 desses detidos em Israel cumprem prisão perpétua por matar judeus, e sua soltura é vista uma vez que um risco à segurança pátrio pelos ortodoxos.

No gabinete de segurança de Israel, que reúne 11 ministros, somente 2 são expoentes dessa partido política. Quando o Estado judeu firmou o cessar-fogo com o Hezbollah, em novembro, somente um integrante do colegiado votou contra, o radical Itamar Ben-Gvir (Segurança Vernáculo).

Mas o contrariado governo do primeiro-ministro no Parlamento precisa da coalizão com esses partidos de ultradireita para sobreviver, com sua {sigla} tendo somente 32 das 120 cadeiras.

Com um integrante no gabinete de segurança, Bezalel Smotrich (Finanças), o Partido do Sionismo Religioso disse nesta quinta que deixará o governo se a guerra não reencetar posteriormente a primeira período do cessar-fogo. Se isso ocorrer, Netanyahu perde sete deputados, mantendo uma maioria mínima de 61 votos.
Por outro lado, o Likud do premiê está avante de pesquisas para a eleição do ano que vem, posteriormente meses detrás de rivais.

O cessar-fogo está previsto para iniciar no domingo (19). Uma vez que Israel entra em suspensão devido à folga semanal do judaísmo na noite de sexta (17), o tempo agora corre para que a crise seja solucionada.

Pelo congraçamento, a troca de reféns por prisioneiros será escalonada, devendo respeitar proporções entre cativos do 7 de Outubro vivos, talvez 60 dos 98, e palestinos. A primeira período deve porfiar 16 dias, quando 33 mulheres, crianças, doentes e homens com mais de 50 anos serão trocados por um número incerto de árabes.

Depois, será negociada a libertação de soldados homens de Israel e, por termo, os corpos de vítimas do ataque do Hamas. Posteriormente será estruturada a gestão de Gaza, que era dominada pelo Hamas desde 2007, um processo multíplice e ainda incerto, que dependerá muito da vontade de Trump.

O cessar-fogo inicial deve porfiar 42 dias, podendo ser estendido.