SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A empresa Blue Origin, do magnata Jeff Bezos, lançou com sucesso na madrugada desta quinta-feira (16) pela primeira vez seu novo foguete de subida capacidade, o New Glenn. Mas o sonho de igualar o feito da concorrente SpaceX e pousar o primeiro estágio em uma jangada posicionada no oceano Atlântico ficou para uma próxima ocasião.

 

O foguete partiu em seu voo incipiente da plataforma 36 da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, da Flórida, Estados Unidos, na madrugada desta quinta-feira (16).

A empresa vinha se esforçando desde o final do ano pretérito para realizar a missão, que chegou perto de ser lançada na última segunda-feira (13). Na ocasião, ele teve sua partida adiada já no final da janela de três horas por um problema técnico -gelo se formando numa tubulação de ventilação em uma unidade facilitar de força que comanda alguns dos sistemas hidráulicos do veículo. Incapaz de resolver a situação na hora, a empresa optou por delongar até esta quinta.

A decolagem do gigante de 98 metros aconteceu às 4h03, logo posteriormente uma janela de três horas que se abriu às 3h (de Brasília, 1h na Flórida). Duas paradas na resenha regressiva, uma para o resfriamento dos motores e outra para tirar um navio que entrou na extensão protegida, atrasaram o voo, com o segundo estágio atingindo a trajectória muro de 13 minutos depois da decolagem -objetivo primordial do teste.

O contato com o primeiro estágio foi perdido durante a queima de reentrada, o que não surpreendeu os engenheiros da empresa. Antes do voo, até Bezos achava arriscada a tentativa de restabelecer o estágio no primeiro voo. “É meio insano tentar pousar o foguete. Uma abordagem mais sã seria provavelmente tentar pousá-lo no oceano”, comentou, em entrevista ao site Ars Technica.

Trata-se, com efeito, de tecnologia que só pode ser dominada por meio de testes, e raramente a experiência com um veículo resolve todos os problemas com o seguinte.

A Blue Origin já tinha domínio do pouso vertical com seu foguete suborbital New Shepard, porém o New Glenn, muito maior, naturalmente trouxe novos desafios. (Os nomes dos foguetes, por sinal, são homenagens aos astronautas Alan Shepard, primeiro americano num voo suborbital, e John Glenn, primeiro americano em trajectória).

É um processo pelo qual a SpaceX também teve de passar para sublimar o pouso do primeiro estágio do Falcon 9. Foram necessárias diversas tentativas malogradas, entre 2013 e 2015, antes do sucesso. Até 2016, os pousos eram tratados uma vez que experimentais, com 6 sucessos e 10 fracassos. Só em 2017, eles passaram a ser tratados com naturalidade pela empresa. A essa profundeza, mais de 300 recuperações foram feitas, e as falhas são raras. Para o New Glenn, essa jornada está unicamente começando. Mas ninguém duvida do sucesso.

A MISSÃO E O FUTURO

O voo desta quinta-feira é essencialmente de certificação, ou seja, seu objetivo é unicamente o de provar que o foguete consegue colocar artefatos em trajectória, para que ele possa realizar futuros voos contratados pelo Pentágono. Nesse sentido, foi um sucesso inteiro, embora o Departamento de Resguardo americano exija dois desses voos antes de colocar seus satélites-espiões a bordo de um lançador.

Todavia, a Blue Origin aproveitou o voo para lançar ao espaço o Blue Ring Pathfinder, um dispositivo experimental que é essencialmente um rebocador espacial -acoplado a satélites, ele poderá se transmitir, injetando-os em diferentes órbitas.

Nesse voo, todavia, ele fica o tempo todo acoplado ao segundo estágio do New Glenn, disposto numa trajectória elíptica com auge de 19,3 milénio km e perigeu de 2.400 km, numa missão de teste com duração prevista de seis horas.

Para o horizonte, a empresa espera maltratar de frente pelos principais contratos de lançamentos, mas tem ainda desafios pela frente.

Do ponto de vista da capacidade de trouxa, o New Glenn se coloca uma vez que um intermediário entre o Falcon 9 e o Falcon Heavy, podendo levar até 45 toneladas à trajectória terrestre baixa, enquanto os dois lançadores da SpaceX transportam 23 e 64 toneladas, respectivamente. Voos do New Glenn e do Falcon 9 saem pelo mesmo preço, muro de US$ 69 milhões.

Quanto à reutilização, diz a Blue Origin que cada primeiro estágio do New Glenn terá capacidade de realizar ao menos 25 reutilizações -mas primeiro ela terá de dominar a recuperação. O do Falcon 9 que teve mais voos até agora realizou 25 pousos.

A grande incerteza que fica agora para a empresa será na regularidade. Hoje a SpaceX tem prontidão sem igual para realizar lançamentos, fazendo mais de centena por ano. Já a Blue Origin, posteriormente esse primeiro voo, tem a cobiça de fazer no supremo mais seis ou sete neste ano, já começando a executar contratos que tem com a Nasa, a empresa de telecomunicações Telesat e com o Projeto Kuiper, constelação de satélites de internet da Amazon (outra empresa de Bezos). No ano que vem, o New Glenn também deverá lançar uma missão lunar robótica da Blue Origin, com o módulo Blue Moon Mark 2.