WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Convidada pelo governo americano a participar da Cúpula de Líderes sobre o Clima, a brasileira Sinéia do Vale citou apenas um presidente em seu discurso nesta quinta-feira (22): Joe Biden.
A gestora ambiental do Conselho Indígena de Roraima agradeceu ao democrata pelos esforços de escutar a sociedade civil no debate sobre aquecimento global e se contrapôs ao presidente brasileiro ao dizer que as terras indígenas funcionam como “barreira no desmatamento’.’
Líder de um governo com política ambiental negligente, Bolsonaro já atribuiu “parte considerável” das queimadas e áreas desmatadas da Amazônia a “indígenas e caboclos” -afirmando que essas populações não terão como se manter se abandonarem completamente essas práticas.
Sinéia, por sua vez, disse que os povos indígenas perderam espaço nos últimos anos no debate ambiental do Brasil, que classificou como paralisado, e disse que é preciso envolvê-los para evitar a destruição de florestas.
“De fato, estamos falando da maior parte da Amazônia, que são áreas de conservação de terras indígenas, que têm servido como barreira contra o desmatamento e a degradação”, afirmou Sinéia em discurso de pouco mais de cinco minutos.
Segundo a gestora ambiental, os indígenas são os verdadeiros “especialistas” em preservação do meio ambiente. “Todos os grupos técnicos sobre mudança climática no Brasil estão paralisados, inativos. Portanto, é muito difícil para nós quando ocorre uma discussão tão importante sobre o clima. Perdemos esses espaços […] Os povos indígenas trazem conhecimentos ancestrais tão importantes quanto a ciência dos pesquisadores. Povos indígenas são especialistas na preservação do meio ambiente.”
Sinéia foi a única brasileira, além de Bolsonaro, a discursar no encontro virtual promovido por Biden, e o Planalto soube de sua participação apenas quando recebeu a programação do evento, nesta semana.
Ela destacou ainda a importância de os recursos -inclusive de países estrangeiros- para a preservação ambiental “chegarem na ponta” e ajudarem de fato a quem precisa.
“Não nos preocupamos apenas com a situação atual, mas com a conservação de longo prazo.”
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na véspera da cúpula, Sinéia havia dito que o desmonte de políticas voltadas para as comunidades indígenas no Brasil piorou durante o governo Bolsonaro e queixou-se, assim como fez em sua fala nesta quinta, da redução de espaços de participação e de interlocução que os indígenas têm junto ao governo.
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