SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vencedor do último MasterChef (Band), José Roberto Caju pisou em São Paulo pela primeira vez aos 46 anos, há murado de seis meses, para participar da seletiva do programa.
Uma vez escolhido, colocou na cabeça que seria o primeiro nordestino a lucrar o reality. E conseguiu. Nascido no Rio Grande do Setentrião, ele viveu por 20 anos no Pará e mora há sete no Maranhão com a mulher e os dois filhos adolescentes.
“Entrei focado em lucrar o programa, mas quando cheguei lá e vi o nível da galera, pensei: ‘É muito difícil isso cá. Mesmo se não sobrevir zero, já tô feliz'”, conta.
Funcionário de uma empresa de mineração em São Luiz (MA), José Roberto se desdobrou entre home office, férias e licença não remunerada para realizar o sonho de participar do Masterchef. Agora que a vitória veio, o novo duelo é enfrentar uma transição de curso.
COMEÇAR DO ZERO
José Roberto pretende se organizar para em 2025 fazer o curso da Le Cordon Bleu, em São Paulo, um dos prêmios que ganhou no programa. Mas o horizonte porquê cozinheiro ainda é uma incógnitae. Transfixar um negócio próprio parece um sonho ainda distante.
“Tenho vontade de me profissionalizar, mas furar um negócio no Brasil é um duelo. Não basta cozinhar, tem que ser empreendedor”, diz. Ele reconhece, no entanto, que seria um desperdício deixar o sonho da culinária posteriormente uma vitória tão suada.
“É injusto eu provocar, me expor, furar esse portal de oportunidades e deixar tudo de lado. É um pensamento instável que venho tendo. Minha cabeça tá um liquidificador”, admite. “É porquê se eu tivesse lutado uma guerra gigante e agora tivesse que admitir a roteiro. Vou ter que arregaçar as mangas e debutar do zero”, diz.
Além do curso na filial paulistana da prestigiada escola francesa, ele levou para lar um conjunto de panelas, uma risco completa de eletrodomésticos e R$ 350 milénio. “Poderia rodopiar a roleta da Stone, igual no ‘BBB’. Podia pelo menos inflectir esse valor, vai?”, brinca.
Outro lucro do programa foi o networking. Embora tenha se conectado com Erick Jacquin nas gravações, os acenos para possíveis parcerias futuras vieram de outros dois chefs: Helena Rizzo e o ex-jurado Rodrigo Oliveira, do Mocotó.
TRAJETÓRIA E ANCESTRALIDADE
Fruto de pequenos agricultores e feirantes, José Roberto começou a cozinhar aos dez anos de idade, por percepção. Descobriu na cozinha sua maneira de contribuir na rotina da família.
Em seguida as manhãs com o pai na feira vendendo abacaxi, mandioca, banana e laranja, ele chegava em lar e preparava o almoço. “Todo mundo dividia as tarefas domésticas, era nossa forma de sobreviver”, diz.
Assim, ele desenvolveu sua culinária a partir de um olhar para o fluxo da produção do substância: desde o cultivo e a subsistência das famílias até a mesa de um restaurante fino. O caju, que virou seu sobrenome no programa, é o substância de sua puerícia: ele brincava nos cajueiros no sítio do avô.
“O caju era manjar e também diversão. Meu avô deixava a gente manducar a fruta, mas não a castanha, o resultado mais dispendioso, que era ensacado e vendido”, conta.
Quando entrou no programa, ele procurou furar o paladar do jurados para o substância,. “Muita gente come só a castanha e não gosta do caju, por conta do sabor travoso do tanino. Minha proposta era apresentá-lo porquê substância em uma moqueca, um ceviche, um rebuçado. E fui feliz nisso”, conta.
XENOFOBIA
Na conversa com a reportagem, José Roberto quis manter discrição sobre o tema, mas revelou que sofreu situações de xenofobia dentro e fora do programa. Quando foi anunciado vencedor, suas redes sociais foram inundadas de comentários de haters.
“As pessoas ficaram felizes de eu estar na final, mas não esperavam que eu fosse lucrar”, explica. “Todo reality tem torcida, o que é proveniente. Mas a galera do nepotismo da outra pessoa, que tem uma pegada europeia, sofisticada, não vai se conectar com técnicas ancestrais, com uma comida que vem carregada de raiz, de história. E acaba tendo esse olhar de inferiorizar”, diz.
“Ter coragem de furar e boca e proferir que quero ser o primeiro vencedor nordestino incomoda as pessoas”, diz. “São Paulo foi construída pelo nordestino, pelo imigrante. Mas muita gente olha para o nordestino tirando nossa potência porquê povo. A gente acaba servindo só de força de trabalho e nosso potencial criativo é inferiorizado. Isso aconteceu [no programa]. Eu senti isso”, confessa. “Mas ganhei, estou feliz e é isso o que importa.”