Nos 30 anos do tetra, série traz um Dunga desconhecido do grande público

LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Depois do jogo contra a Argentina [na Copa de 90], tudo que acontecia de ruim no Brasil, chovia muito, dava um sinistro, o dólar subia, as coisas não andavam muito economicamente no Brasil, portanto todo mundo aproveitava [para dizer]: ‘a era Dunga, a era Dunga’. Foram quatro anos pesados.”

 

Na série documental “Brasil vs Dunga: futebol em pé de guerra”, que estreia nesta quinta-feira (19) no SporTV, o capitão do tetra fala de maneira sincera sobre o peso que a eliminação para a Argentina trouxe para sua vida. Na ocasião, o volante foi eleito pela opinião pública o grande culpado pela queda precoce nas oitavas de final, ao não matar jogada de Maradona ainda no meio de campo, que acabou culminando no gol de Caniggia.

“Depois da era Dunga, um negócio estranho [aconteceu] comigo. Quando eu vejo uma câmera, uma máquina fotográfica, dificilmente eu consigo sorrir”, afirmou o ex-jogador na série.

Diretor do documentário, Fernando Acquarone diz que optou por encetar o documentário relembrando a traumática eliminação na Itália por se tratar de um momento crucial na curso do gaúcho, que saiu da pequena Ijuí, no interno do Rio Grande do Sul, para se realçar com as camisas de Internacional, Corinthians, Santos, Vasco e Fiorentina, além da seleção brasileira.

“É um momento que faz segmento da formação dele, porquê jogador e também porquê pessoa”, afirma Acquarone.

A série retrata o sofrimento do jogador em sua volta ao Brasil, que ajudou a formar o personagem que daria a volta por cima quatro anos depois, levantando a taça de vencedor ao sovar a Itália nos pênaltis.
“Ele vai do inferno em 1990 para a glória em 1994, é uma história de superação muito potente”, acrescenta o diretor.

Segundo Acquarone, no ano em que se comemoram os 30 anos da conquista do tetra, a série procura desconstruir a imagem que ficou impressa no imaginário de muitas pessoas desde portanto, de um jogador raçudo dentro de campo, símbolo do futebol de resultado, mas com limitações técnicas e pouco carismático.

Ela mostra o faro bombeiro de Dunga no início da curso no Rio Grande do Sul e a passagem de sucesso na Fiorentina, onde exerceu papel importante em um meio de campo que tinha Roberto Baggio –com quem Dunga construiu uma grande amizade, tendo dividido a moradia em que moraram em Florença.

A série traz também um lado menos sabido do capitão do tetra, porquê o trabalho social que ele promove em Porto Feliz, distribuindo comida para pessoas em situação de vulnerabilidade.

“Para nossa surpresa, conhecemos um Dunga superdivertido, jovial, que ajuda muita gente em situação de risco, tem um coração enorme. Nos deparamos com uma pessoa totalmente dissemelhante do que se perpetua na prelo e tenho certeza que o público vai se surpreender”, afirma Acquarone.
A série traz o prova de jogadores que estiveram nas Copas de 90 e 94, porquê Taffarel, Bebeto e Roberto Baggio, além do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) à quadra, Ricardo Teixeira. “Tratando-se do Dunga, o Ricardo Teixeira fez questão de falar, até porque foi um personagem muito importante para a própria curso do dirigente.”

Uma carência sentida é a de Romário, peça fundamental para a conquista do tetra nos Estados Unidos. “Assim porquê o Dunga não apareceu na série do Romário, o Romário não aparece na do Dunga. Mas os dois se respeitam muito. O Romário fala muito do Dunga na série dele, e o Dunga fala muito do Romário na própria série”, diz Acquarone.

O documentário retrata ainda os primeiros passos no função de treinador, trajetória que teve início na função de consultor técnico no nipónico Júbilo Iwata. E avança até a Despensa de 2010, na África do Sul, na qual comandou a equipe que foi eliminada nas quartas de final pela Holanda.

“No término da série, o Galvão Bueno faz um apelo para o Dunga voltar a ser técnico, dizendo que ele é um face novo [61 anos], e ainda tem muito a dar para o futebol brasiliano”, afirma Acquarone.

O último trabalho porquê treinador foi pela seleção brasileira, que ele voltou a comandar entre 2014 e 2016.

“Ele respondeu que trabalharia novamente porquê treinador só se for uma oferta irrecusável”, diz Acquarone. “Acho que um dia a gente ainda vai ver o Dunga novamente na beirada do campo comandando seus jogadores. Só não sei quando.”

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