VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma decisão que deve dar o tom da relação entre a Mansão Branca e a prelo pelos próximos quatro anos, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu um processo contra o jornal Des Moines Register por publicar uma pesquisa que indicava vitória da vice-presidente Kamala Harris no estado de Iowa dias antes das eleições.
O processo foi tornado público nesta terça-feira (17). No documento, os advogados de Trump afirmam buscar “responsabilização pela interferência eleitoral escancarada” supostamente cometida pelo Des Moines Register, periódico da capital de Iowa, e também pela estatística J. Ann Selzer, autora da pesquisa.
O levantamento, publicado três dias antes das eleições, apontava vitória de Kamala no estado com uma diferença de três pontos percentuais. A pesquisa causou surpresa e expectativa de reviravolta na corrida eleitoral, uma vez que a maioria dos outros institutos projetava vitória fácil de Trump em Iowa –se Kamala fosse tão muito em um estado conservador porquê oriente, provavelmente levaria os estados-pêndulo, vencendo a eleição.
Aliás, Selzer é considerada uma das melhores e mais acuradas estatísticas do país, o que reforçou a sensação de que poderia possuir uma vitória expressiva de Kamala em vários estados. Entretanto, Trump levou Iowa com 55% dos votos, enquanto a candidata democrata marcou unicamente 42% –ou seja, uma diferença de 11 pontos percentuais em relação ao levantamento. Selzer anunciou sua aposentadoria posteriormente as eleições.
“O aparente erro de Selzer não foi uma coincidência chocante, foi propositado”, acusam os advogados de Trump, sem apresentar provas que embasem a asseveração. “Uma vez que o presidente [Trump] observou, ela sabia exatamente o que estava fazendo”.
O processo pede que a Justiça proíba o Des Moines Register de realizar “atos enganosos e traiçoeiros” em relação a pesquisas eleitorais, sem explicar porquê isso aconteceria na prática, e exige o pagamento de um valor ainda não definido em danos morais a Trump. O grupo editorial Gannett, possuidor do Des Moines Register, disse que o processo não tem valor.
Trump havia dito na segunda-feira (16) que processaria o jornal de Iowa, estado majoritariamente rústico vencido por ele também em 2016 e 2020. “Na minha opinião, foi fraude e interferência eleitoral”, disse o republicano, que fez novas ameaças à prelo. “Vai custar muito moeda, mas temos que endireitar a prelo.”
O processo veio dias depois do proclamação de que a emissora ABC News, uma das maiores dos EUA, aceitou remunerar US$ 15 milhões (muro de R$ 90 milhões) a uma organização ligada a Trump para fechar um processo movido pelo presidente eleito em razão de uma fala do âncora George Stephanopoulos.
Stephanopoulos, um dos jornalistas mais conhecidos do país, disse na televisão que Trump foi considerado responsável pelo estupro da escritora E. Jean Carroll nos anos 1990, quando na verdade ele foi considerado responsável por desfeita sexual –uma elevação jurídica na lei do estado de Novidade York, onde correu o julgamento no qual Trump foi sentenciado a remunerar US$ 5 milhões a Carroll. O republicano recorre da decisão.
Uma vez que secção do conformidade com Trump, a ABC publicou uma nota editorial afirmando que Stephanopoulos “lamenta os comentários feitos em relação ao presidente Donald J. Trump”.
O presidente eleito também mencionou na segunda o processo que move contra a emissora CBS News. Trump pede US$ 1 bilhão em danos morais por uma entrevista feita pela CBS com Kamala durante a campanha eleitoral. Para o republicano, a entrevista foi editada a término de propiciar a democrata –a emissora nega e pediu que a Justiça arquive o caso.
Juristas apontam que esses processos movidos por Trump não têm muitas chances de prosperar, dada a proteção da legislação americana a jornalistas, dificultando condenações. Em casos de maledicência ou calúnia, a lei exige da figura pública a apresentação de provas de que o jornalista tinha ciência que a informação era falsa, um pouco extremamente difícil de fazer.
No caso de Stephanopoulos, por exemplo, especialistas afirmam que a ABC provavelmente venceria o processo, uma vez que o erro do apresentador poderia ser percebido porquê tendo sido cometido de boa-fé.
Entretanto, analistas acreditam que a Walt Disney, dona da ABC News, preferiu remunerar a quantia de US$ 5 milhões para evitar novas retaliações de Trump contra a empresa quando o republicano voltar à Mansão Branca em janeiro do ano que vem –demonstrando assim uma erosão na proteção a jornalistas e na liberdade de prelo no país.
Aliás, Trump já disse que a lei de maledicência dos EUA deveria ser alterada, e juízes da Suprema Golpe, hoje dominada por uma renque conservadora e cada vez mais pró-Trump, sinalizaram estar abertos a rever as proteções a jornalistas.
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