JOANA CUNHA, CRISTINA CAMARGO E NICOLA PAMPLONA
SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O banco Itaú anunciou, em ata de tertúlia universal publicada neste sábado (7), que seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel violou políticas internas e a legislação ao agir em “grave conflito de interesses e em mercê próprio” no relacionamento com um fornecedor de pareceres.
Segundo a ata, assinada pelos diretores José Virgílio Neto e Álvaro Felipe Rizzi, a conduta do ex-diretor foi intuito de apurações internas concluídas no dia 24 de novembro.
O banco o acusa de ter recebido recursos por meio de uma participação em pagamentos feitos ao fornecedor. Trata-se de Eliseu Martins, reconhecido porquê um dos maiores contadores do país.
Em nota, Alexsandro Broedel, que em julho pediu destituição do banco para assumir um função no Santander na Espanha, afirmou que acusações são infundadas e tomará medidas judiciais.
O resultado da apuração realizada pelo comitê de auditoria interna foi transmitido ao Banco Medial e a auditores independentes do Itaú. O BC afirmou que não comentará o caso.
Segundo a ata, de quem teor foi publicado primeiramente pelo jornal Valor Econômico, as irregularidades encontradas não terão impacto nas demonstrações financeiras e não afetam outras empresas que fazem secção do grupo.
O Itaú afirma que Broedel usou de forma irregular as prerrogativas do seu função e aprovou pagamentos ao fornecedor de pareceres que chegam a R$ 10,4 milhões nos últimos quatro anos -R$ 3,3 milhões em 2021, R$ 1,8 milhão em 2022, R$ 3,3 milhões em 2023 e R$ 1,8 milhão já em 2024.
A tertúlia determina que sejam tomadas medidas legais contra o ex-diretor, o fornecedor e outras pessoas que tenham participado das irregularidades nas esferas administrativa e judicial.
O nome do fornecedor não foi divulgado na ata, mas, em protesto protocolado pelo Itaú nesta sexta (6) na Justiça paulista, são citados -além de Broedel- os contadores Eliseu Martins, Eric Aversari Martins e Vinicius Aversari Martins (filhos de Eliseu) e três empresas: a Care Consultores e a Evam Consultores e a Broedel Consultores Associados.
Eliseu Martins foi diretor da FEA/USP, da CVM (Percentagem de Valore Mobiliários), presidiu a Fipecafi (Instauração Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras ) e o instituto Ipecafi, entre outros cargos. Procurado pela Folha, o contador afirma em nota que vai acionar o Itaú por tentar atingir seu nome e o de sua família. Diz também que a conduta de sua vida profissional e acadêmica pode ser verificada.
“Somente com o Itaú tenho uma vida de prestação de serviços há quase cinco décadas, com testemunhos de gerações de gestores. Alexsandro Broedel Lopes foi aluno na pós-graduação da FEA/USP, transformando-se em professor, portanto colega meu, há muitos anos, e sempre tivemos ligações acadêmicas e profissionais. Juntos prestamos serviços a inúmeros clientes”, afirma Martins em enunciação enviada à prensa neste sábado (7).
No prelúdios desta semana, o Itaú também anunciou a destituição do diretor de Marketing, Eduardo Tracanella, posteriormente investigação sobre uso indevido do cartão corporativo. Os dois casos não estão relacionados.
APURAÇÃO COMEÇOU NO FIM DE JULHO
De congraçamento com o relato do Itaú no processo protocolado na Justiça, Broedel se desligou do banco no dia 5 de julho, mas permaneceu vinculado à instituição, porquê gestor licenciado, seguindo a política de desincompatibilização prevista.
Porém, no termo de julho, ainda segundo o Itaú, o banco recebeu informações de que Broedel prestara serviços de parecerista e consultor ao mercado, enquanto ainda era executivo do banco, situação que estaria em desconformidade com o código de moral do Itaú, o que desencadeou um processo de apurações internas, iniciadas no dia 13 de agosto. No dia 24 de setembro, o banco destituiu Broedel definitivamente.
Conforme o relato do banco em sua petição na Justiça, suas apurações preliminares apontaram que Broedel e o contador Eliseu Martins eram sócios na Broedel Consultores desde 2012. Tal sociedade, porém, nunca teria sido declarada pelo executivo aos controles internos do Itaú, embora Martins fosse fornecedor de serviços do banco.
Outro paisagem de sua apuração preparatório, diz o banco, concluiu que Broedel possuía uma atividade externa de consultor e parecerista que tampouco havia sido declarada nos controles internos.
Os números apresentados pelo banco apontam que, entre junho de 2019 e junho de 2024, Brodel contratou 40 pareceres à Care, que teria porquê sócios Eliseu Martins e seu fruto Eric, gerando 21 pagamentos somados em mais de R$ 13 milhões.
Segundo o banco, desde janeiro de 2019, as empresas Care (que tem porquê sócios Eliseu Martins e seu fruto Eric) e Evam (cujos sócios são Eliseu e os filhos Eric e Vinicius) fizeram 56 transferências ao executivo e sua empresa Broedel Consultores, sendo que 23 destas transferências, no valor totalidade de R$ 4,8 milhões, se referem aos pagamentos do Itaú. A partir de tais transferências o Itaú concluiu que o ex-diretor teria uma participação de 40% nos pagamentos feitos pelo banco à Care.
O Itaú afirma que, dentre 40 pareceres contratados, 36 foram considerados recebidos por Broedel, mas só 20 foram localizados e 4 foram pagos previamente. O banco pede indenização da Care pelo valor correspondente aos 16 pareceres dados por recebidos e não localizados, que somariam mais de R$ 5 milhões, assim porquê os 4 pareceres pagos previamente e não entregues no valor de R$ 1,5 milhão. Há também um pedido de indenização pelas transferências da ordem de R$ 4,86 milhões, com valores corrigidos.
EX-DIRETOR AFIRMA QUE ATIVIDADES SEMPRE FORAM TRANSPARENTES
Broedel declara em nota de sua assessoria que “sempre se conduziu de forma moral e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco -algo nunca respondido pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e valia”.
O transmitido argumenta que Eliseu Martins já prestava serviços ao banco antes de Broedel ser convidado para participar da diretoria da instituição e que o Itaú sabia dos serviços.
“Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco. Culpa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a repúdio aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes.”
PARECERISTA VÊ MÁ-FÉ EM ACUSAÇÃO DO BANCO
De congraçamento com o transmitido enviado à prensa por Eliseu Martins, os trabalhos prestados ao Itaú durante a gestão de Broedel foram sempre de pareceres técnicos e consultoria, havendo comprovação de nota fiscal sobre os trabalhos de consultoria.
“Por ser necessário que sua empresa de consultoria contivesse dois contadores, aceitei ser sócio dele, mas nunca exerci qualquer atividade ou qualquer serviço por ela”, afirma em nota.
“Há uma listagem de materiais suporte das consultorias, mas muitas delas, e agora, percebendo a má-fé, me arrependo, foram feitas sem formalizações.
Trabalho com aproximadamente seis outros colegas e temos inclusive a quesito de só opinarmos verbalmente ou via parecer; assim, nossas opiniões que não geram parecer não aparecem em qualquer documento. Durante a gestão do professor Broedel no Itaú, fizemos inúmeros pareceres para terceiros, mas ele sempre ajudando tecnicamente, com o faturamento pela minha”, prossegue o transmitido.
Martins afirma que a prática de pagamento antecipado por pareceres pelo banco existe, tanto que formalmente ele declarou a urgência de reembolso do numerário relativo aos quatro pareceres ainda não emitidos.
“Declarei ao banco há tempos a existência de diversas transações financeiras com Broedel, emprestando numerário e ele me reembolsando posteriormente, porquê aliás não só comigo. Talvez influenciados pela mágoa pela saída de tão resplandecente profissional, estão, no banco, interpretando de forma totalmente incorreta o que de vestimenta ocorreu”, afirma Martins em nota.
O caso deve entrar na mira da CVM (Percentagem de Valores Mobiliários), responsável por investigar fraudes no mercado de capitais brasílico. Um processo administrativo deve ser crédulo ainda nesta semana, segundo a Folha apurou.
Nesta lanço, a CVM pede esclarecimentos aos envolvidos e reúne informações sobre casos suspeitos. Caso os indícios levem a uma delação, a autonomia abre processo sancionador. Procurada pela reportagem, a autonomia diz que não comenta casos específicos.
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