BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (5) que a ultradireita e ultraesquerda formaram uma “frente antirrepublicana” responsável por derrubar o premiê Michel Barnier.

 

A enunciação foi dada em pronunciamento horas em seguida o presidente gaulês admitir a repúdio Barnier. A Câmara Vernáculo havia sancionado, nesta quarta (4), moção de exprobação contra ele.

A exiguidade de um novo nome aprofunda incertezas na França, segundo maior PIB da zona do euro. Os efeitos da instabilidade política no país, somados a um cenário multíplice na economia, podem fazer ondas também na União Europeia.

A remoção de Barnier, aliás, surgiu desse cenário. O premiê viu uma improvável concordância entre esquerda e ultradireita na votação para retirá-lo do função em seguida ele forçar a passagem de uma lei de orçamento que não agradou nenhum dos dois campos opositores.

“Chegamos ao momento da verdade. Cabe agora aos membros do Parlamento sentenciar se nosso país terá um orçamento responsável e indispensável ou se entraremos em território ignoto”, havia dito Barnier em exposição na Câmara Vernáculo antes de ser removido.

A razão para o novo capítulo da prolongada crise política francesa foi o uso de um dispositivo constitucional que permite ignorar o Parlamento na aprovação de uma legislação.

Criticado por sua origem antidemocrática, o cláusula 49, alínea 3 da Missiva, publicado uma vez que 49.3, foi usado outras vezes pelo governo Macron, uma vez que na aprovação da reforma da Previdência em 2023.

Pela regra, a Câmara Vernáculo tem 24 horas em seguida a ativação desse dispositivo para entrar com moções de exprobação contra o premiê, que é o director de governo na França -o presidente ainda detém uma série de funções executivas e poder, razão pela qual o sistema gaulês é visto uma vez que semipresidencialista.

É privilégio do presidente, por exemplo, dissolver a Câmara Vernáculo e antecipar eleições legislativas. Foi ao tomar essa decisão, em junho deste ano, que Macron deu o pontapé da crise política atual.

O presidente gaulês havia sofrido acachapante itinerário na eleição para o Parlamento Europeu, ocasião em que a ultradireita liderada por Marine Le Pen e Jordan Bardella venceram com ampla margem em todo o país.

A teoria de Macron ao convocar de forma surpreendente o novo pleito pátrio naquele momento foi galvanizar base em torno de seu grupo político na presença de uma esquerda fragmentada e assustada com o progressão da ultradireita.

O resultado, no entanto, foi no mínimo dúbio. Por um lado, o meio político que o apoia manteve-se uma vez que a segunda força na Câmara Vernáculo; por outro, viu a ultradireita crescer e atrair nomes da direita, e não conseguiu evitar que a esquerda concorresse em um conjunto unificado que se tornou o maior da Lar.

Assim, a Câmara Vernáculo francesa se dividiu em três grandes grupos não majoritários que, na prática, só se assemelham em seu tamanho e na incapacidade de estabelecer diálogos produtivos um com o outro.

A própria nomeação de Barnier uma vez que primeiro-ministro refletiu esse impasse -foram dois meses entre o resultado do pleito e a indicação do político conservador para o função. As críticas mais agudas vieram da esquerda, que reivindicava o posto, já que era a maior coloração parlamentar, mesmo sem maioria.

Le Pen, no flanco da direita radical, tentou extrair concessões de Barnier, uma vez que a retirada do aumento na taxa de eletricidade proposta, e medidas relativas ao reembolso na compra de medicamentos.

Barnier chegou a admitir alguns pontos da negociação, mas não o suficiente para conseguir o base de Le Pen. A decisão improvável de se juntar à esquerda se explica pelas pretensões presidenciais de Le Pen 2027, quando Macron não poderá tentar a reeleição. Ela, inclusive, chegou a pedir que Macron renunciasse na presença de o impasse na Câmara Vernáculo.