Isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000 só ocorrerá com condições fiscais, dizem Lira e Pacheco

RICARDO DELLA COLETTA, JOÃO GABRIEL, JOSUÉ SEIXAS E CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF E MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente, indicaram que a proposta da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 -anunciada pelo ministro Fernando Haddad (Herdade) na quarta (27)- não deve progredir em um porvir próximo pelo Congresso Pátrio.

 

Nesta sexta-feira (29), ambos se pronunciaram em esteio às medidas de incisão de gastos e austeridade fiscal, mas criticaram possíveis mudanças na arrecadação com impostos.

“Não é taxa para agora e só poderá intercorrer” se houver condições fiscais para isso, ou seja, se houver garantia de receitas que compensem a perda de arrecadação, afirmou Pacheco sobre a mudança no IR.

“A questão de isenção de IR, embora seja um libido de todos, não é taxa para agora e só poderá intercorrer se (e somente se) tivermos condições fiscais para isso. Se não tivermos, não vai intercorrer. Mas essa é uma discussão para a frente, que vai depender muito da capacidade do Brasil de crescer e gerar riqueza, sem aumento de impostos”, continuou o presidente do Senado.

Pacheco defendeu ainda que, em temas de política fiscal, é preciso distanciar o temor da impopularidade que, segundo ele, ronda a política.

“Nesse sentido, é importante que o Congresso apoie as medidas de controle, governança, conformidade e incisão de gastos, ainda que não sejam muito simpáticas. Inclusive outras podem ser pensadas, pois esse pacote deve ser visto uma vez que o início de uma jornada de responsabilidade fiscal”, declarou.
Por meio de suas redes sociais, Lira adotou o mesmo tom.

“Toda medida de incisão de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas públicas contará com todo esforço, ligeireza e boa vontade da Vivenda”, disse ele, também nesta sexta.

“Qualquer outra iniciativa governamental que implique em repúdio de receitas será enfrentada exclusivamente no ano que vem, e depois estudo cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento e efetivo impacto nas contas públicas”, completou, sem referir especificamente o Imposto de Renda.
Integrantes do governo não enxergam uma sufocação nas manifestações, mas um movimento para aplacar tensão no mercado.

Colaboradores de Lula lembram que, desde a quarta, Pacheco e Lira se comprometeram a trabalhar pela aprovação das medidas. Relatam ainda que, na conversa dos dois com o presidente, ficou evidente que o debate sobre o aumento da fita de isenção do Imposto de Renda só ocorrerá no ano que vem, e com calma. Nem se debateu o préstimo, já que é uma agenda para 2025.
Na quinta-feira (28), durante reunião com senadores, Haddad reafimou que o aumento da fita de isenção está condicionado à existência de nascente de receita.

Há no governo até quem aposte que a nota de Pacheco tenha sido divulgada em consonância com a equipe econômica, uma vez que o próprio ministro da Herdade tem falado em neutralidade ao detalhar a proposta.

Em reunião em Alagoas com o governador Paulo Dantas (MDB), deputados federais e estaduais, o deputado federalista Hugo Motta (Republicanos-PB) seguiu a mesma traço do que foi dito por Lira e Pacheco.

Ele é o principal nome para assumir a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro. Motta reiterou a premência de condições fiscais para que seja feita a mudança no IR, que deverá ser discutida somente no ano que vem.

Segundo ele, essa é uma posição que o Congresso vem tomando ao longo dos anos tanto para aprovação de reformas propostas pelo governo Lula ou anteriores. “Nós devemos agora nos debruçar sobre os cortes, que é aquilo que tem que ser votado até dezembro para que consigamos satisfazer o tórax fiscal que é tão importante para nós e para a economia”, disse.

Haddad detalhou na quinta (28) o pacote do governo para a contenção de gastos públicos, estimando uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026.
Uma das principais medidas é a limitação do proveito real do salário mínimo, que vai escoltar as mesmas regras do tórax fiscal -cujo limite de despesas tem expansão real de 0,6% a 2,5% ao ano.

Depois semanas de expectativa pelo pregão, no entanto, a proposta final acabou decepcionando o mercado financeiro, ao excluir medidas de maior impacto fiscal e por ter sido divulgada ao mesmo tempo de uma mudança no Imposto de Renda, que pode valer mais problemas para as contas públicas.

Nessas medidas, o governo propôs sublevar para até R$ 5.000 a fita de isenção de Imposto de Renda, tendo uma vez que nascente de indemnização a taxação de quem tem renda superior a R$ 50 milénio mensais.

Porquê reação, o dólar chegou a superar pela primeira vez na história a barreira nominal de R$ 6.

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