(FOLHAPRESS) – O dólar abriu supra de R$ 6 nesta sexta-feira (29), ainda tendo o pacote de ajuste fiscal e o aumento da tira de isenção do IR (Imposto de Renda) de tecido de fundo.
Às 9h02, a moeda norte-americana subia 0,23%, cotada a R$ 6,003.
O movimento segue a disparada de 1,30% de quinta-feira, quando o dólar fechou a R$ 5,990. Durante o período de negociações, a moeda chegou à marca de R$ 6 pela primeira vez na história.
Com isso, o recorde de valor nominal foi renovado pelo segundo dia sucessivo. Até quarta-feira, quando marcou R$ 5,913, o maior patamar já registrado era de R$ 5,905, atingido no dia 13 de maio de 2020, no estouro da pandemia de Covid-19. A base nominal desconsidera a inflação do cômputo.
Já a Bolsa desabou 2,39%, aos 124.610 pontos.
As medidas de ajuste fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguem em destaque nesta sessão.
O pacote -que prevê uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026- tem porquê uma das principais medidas a limitação do proveito real do salário mínimo, que vai seguir as mesmas regras do busto fiscal. Hoje, o limite de despesas da regra tem expansão real de 0,6% a 2,5% ao ano.
Depois semanas de espera, no entanto, a proposta final acabou decepcionando o mercado financeiro, ao excluir medidas de maior impacto fiscal e também por incluir a elevação para até R$ 5.000 a tira de isenção de Imposto de Renda, tendo porquê nascente a taxação de quem tem renda superior a R$ 50 milénio mensais.
Ainda que Haddad tenha dito que os cortes não se relacionam diretamente com a reforma do IR, as medidas caíram mal entre os agentes financeiros.
Para o mercado, o problema foi exprimir as duas medidas ao mesmo tempo -especialmente em um momento de grande expectativa pelo pacote de cortes.
“Os investidores provavelmente receberiam de braços abertos esse valor significativo de R$ 70 bilhões, mas a surpreendente medida de isentar os salários até R$ 5.000 conteve o otimismo”, avalia Eduardo Moutinho, comentador de mercados do Ebury Bank.
A Herdade estima que o aumento da tira de isenção terá um impacto de tapume de R$ 35 bilhões na arrecadação federalista. Isso será compensado, ainda segundo o ministro, por uma alíquota mínima de 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 milénio por mês, o equivalente a R$ 600 milénio por ano -proposta conhecida porquê “taxação dos super-ricos”.
Ou por outra, o governo terminará com a isenção para aposentados que tenham problemas de saúde graves e recebam supra de R$ 20 milénio ao mês, “entre outros ajustes”.
De conciliação com Haddad, a reforma sobre o IR não fará efeito no fiscal e tem porquê objetivo certificar a justiça tributária. Mas a matemática não convenceu totalmente o mercado, que ainda espera mais detalhes sobre porquê a conta será paga.
Segundo Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos, é verosímil que o susto amenize nos próximos dias conforme a informação entre governo e mercado desanuvia.
“A resposta do mercado não está sendo ‘racional’, digamos assim, porque ele aguardava há muito tempo um posicionamento que indicasse responsabilidade sobre os gastos. Pegou muito mal falar em isenção de IR em um momento que o mercado queria uma postura rígida no fiscal.”
O governo estava pressionado por investidores para apresentar medidas que garantissem o estabilidade das contas públicas.
Para o mercado, o governo estava cobrindo gastos crescentes com receitas pontuais, chamadas de “arrecadações extraordinárias”. A pressão era para diminuir as despesas, e não só descobrir mais fontes de arrecadação, para que a dívida pública se tornasse mais sustentável.
A segurança econômica de um país, vale ressaltar, é um dos principais fatores levados em consideração por investidores internacionais na hora de tomar decisões de investimento. Se há fatores de instabilidade em jogo, é generalidade que os operadores escolham ativos mais seguros -como o dólar- para proteger seus recursos.
O pacote de cortes de gastos endereça essa instabilidade sobre a dívida pública. Em entrevista coletiva na quinta, Haddad e a equipe econômica detalharam as medidas fiscais.
Entre as medidas anunciadas, estão: revisão da regra de licença do abono salarial; regulamentação dos supersalários; aperto nas regras de entrada ao BPC (Mercê de Prestação Continuada); mudanças nas aposentadorias de militares; e limite do propagação de emendas parlamentares às regras do busto fiscal. Leia a íntegra cá.
A expectativa é que a proposta com as medidas de contenção de gastos seja encaminhada para o Congresso Vernáculo até esta sexta. Enquanto o Planalto se mostra otimista com a aprovação ainda neste ano, líderes na Câmara e no Senado apontam que destravar o pagamento das emendas parlamentares é exigência para o aval do parlamento.
Tanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porquê o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmaram que a suspensão das emendas não interfere na aprovação do pacote fiscal, e que há boa vontade do Congresso para sancionar até o termo do ano.
Lideranças das duas Casas afirmam reservadamente que, se os recursos não forem liberados, nenhuma taxa de interesse do Executivo será aprovada até o termo do ano. Segundo relatos colhidos pela Folha de S.Paulo, a avaliação é de que há grande insatisfação, sobretudo no chamado reles clero, grupo sem influência política vernáculo expressiva.
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