ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Herdade, Fernando Haddad, foi derrotado na tentativa de evitar a mistura do pacote de galanteio de gastos com medidas para aumentar a arrecadação via tributação dos super-ricos. A taxação visa prometer o aumento da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 por mês.
Haddad queria deixar o projeto de tributação para o ano que vem e explicitou isso publicamente em várias ocasiões, depois que a Folha de S.Paulo revelou em outubro que o governo tinha pronta uma proposta para geração de um imposto mínimo para taxar os milionários e financiar a desoneração do IR, que beneficia a classe média.
A decisão final de Lula foi tomada na reunião entre presidente e ministros na última segunda-feira (25), que contou com a participação do porvir presidente do Banco Mediano, Gabriel Galípolo.
Haddad e Galípolo argumentaram que era melhor não fazer junto o pregão, mas prevaleceu a avaliação política da premência de mostrar que todos teriam que dar uma prestação de sacrifício no ajuste.
Na reunião, Galípolo, que é o atual diretor de Política Monetária do BC, passou a “leitura” do BC sobre a premência das medidas de contenção de gastos, de negócio com participantes do encontro ouvidos pela reportagem.
Em seguida a reunião com Lula, Haddad e Galípolo seguiram juntos para o Ministério da Herdade, onde conversaram por murado de 40 minutos.
Naquele momento, havia o temor na dimensão econômica de uma potente reação negativa do mercado financeiro ao pacote por motivo da inclusão da medida do lado de receitas num pacote anunciado para enfrentar o problema de subida das despesas -o que de roupa aconteceu nesta quarta-feira (27).
A avaliação foi de que o pacote era “corajoso” para enfrentar o desequilíbrio fiscal com “justiça e correção das distorções e ineficiências”, mas também havia a preocupação de uma vez que o mercado iria receber as medidas.
Haddad foi, logo, aconselhado por auxiliares a gravar um pronunciamento à pátria para explicar as medidas com a mensagem “Brasil mais potente, governo eficiente e país justo”.
A estratégia acabou vazando e prejudicando a informação das medidas. Logo cedo, já havia rumores nas mesas do mercado financeiro de que o pacote seria anunciado com a correção da filete de isenção. Não houve coordenação de expectativas, admitem técnicos do Ministério da Herdade.
O próprio ministro do Trabalho, Luiz Oceânico, atropelou Haddad em entrevista e acabou antecipando que o pacote teria a tributação dos super-ricos -o que o ministro iria informar no pronunciamento.
Porquê a Folha de S.Paulo revelou, no início de novembro, a medida de taxar os super-ricos entrou na mesa de discussão do pacote uma vez que contrapartida a cortes que atinjam benefícios sociais. Colaboradores do presidente insistiram para que, entre as medidas anunciadas, também estivessem presentes as que alcançassem o chamado “caminhar de cima” da pirâmide de renda no Brasil.
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