A dona de morada Jacqueline Nunes da Silva, de 33 anos, e o rebento, Kaylan, que nasceu prematuramente no último domingo (24), tiveram subida na tarde desta terça-feira (26). Jacqueline estava pejada de oito meses e foi uma das 30 sobreviventes do acidente com um ônibus na Serra da Bojo, em União dos Palmares (AL). Ela estava hospitalizada no Hospital Regional da Mata, unidade pública de saúde na cidade.
Ela iria visitar o sobranceiro da serra em uma programação que celebrava o mês da Consciência Negra em um lugar que é considerado histórico e sagrado.
“Sou mãe de um milagre”, emocionou-se a dona de morada pouco antes da subida hospitalar.
A dona de morada estava na secção de trás do veículo. “Depois que ocorreu o acidente e o ônibus capotou, e saiu rolando pela ribanceira, eu consegui me sustentar em uma árvore que estava quebrada. Eu segurei no tronco dessa árvore e comecei a esperar o socorro”, recordou Jacqueline, que havia deixado os outros dois filhos na morada de familiares.
Mal foi resgatada por uma pessoa da comunidade, que ela ainda não reencontrou, foi transportada para o hospital. A equipe de saúde avaliou que seria necessário uma cirurgia de emergência (cesariana) para prometer a saúde da mãe e do bebê.
“O atendimento foi muito rápido”. O bebê nasceu às 18h, horário que, antes ela tinha previsto estar no pôr do sol na Serra da Bojo. Tudo mudou de uma hora para outra.
“Eu tinha ido para me distrair um pouco. Não imaginei que tudo isso aconteceria”.
As lembranças dos gritos dentro do ônibus ainda são fortes para a dona de morada. Mas, neste momento, o maior libido da mãe é reencontrar os outros dois filhos em morada. “Vou dar um amplexo neles. Deus me deu mais uma chance para ser melhor”.
Outro sobrevivente do acidente com o ônibus na Serra da Bojo foi o produtor de teor Matheus Nunes, de 23 anos. Ele foi a única pessoa que desceu do ônibus logo que o motorista constatou que havia qualquer problema no veículo. “Quando o motorista falou que não dava mais para o ônibus subir, por conta de uma mangueira ter estourado, ele avisou que teríamos que esperar outro transporte para dar ininterrupção à subida”.
O motorista, de entendimento com o relato, desligou o ônibus tranquilamente, abriu a porta normalmente e o ônibus teria parado no sítio.
“Eu desci e dei dois passos. Ao virar para olhar as pessoas descendo, foi o momento em que pessoas gritaram. Quem estava em pé voltou e sentou com susto achando que era só questão de frear o ônibus”.
Matheus desesperou quando viu o veículo descer de ré em subida velocidade e sem controle. “Quando consegui contato, solicitei que chamassem todos os bombeiros da cidade, polícia e tudo que fosse suporte para salvar as vidas que tinham derribado do penhasco”. Ele recorda que os moradores entraram na mata para tentar socorrer. “Mal foi provável salvar tantas vidas”.
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