LEONARDO SANCHEZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Mônaco, Suzuka, Ímola, Monza, Silverstone, Adelaide, Estoril e Interlagos. Autódromos de notabilidade internacional, esses são alguns dos cenários de “Senna”. Filmar em todos eles, porém, seria impossível. Recriar em suas pistas corridas de Fórmula 1, portanto, pior ainda.
Não foi pequeno o repto que a equipe da novidade série da Netflix encarou. Para narrar com fidelidade a trajetória de Ayrton Senna, os diretores Vicente Amorim e Júlia Rezende não podiam terebrar mão das cenas de disputa automobilística.
Por isso, foi preciso investir tempo, virilidade e verba num departamento de efeitos especiais de ponta –mas não só. Direção de arte, retrato, figurino, equipe de dublês e até um setor de montagem de carros precisaram estar afinados para que “Senna” existisse.
Eles se uniram para buscar, juntos, soluções para que uma corrida uma vez que o Grand Prix da Bélgica de 1985 tivesse uma versão ficcionalizada que convencesse o fã mais leal da Fórmula 1. A largada foi erigir carros uma vez que os que Senna e outros pilotos dirigiam entre os anos 1970 e 1990.
Encontraram a solução em Tulio Crespi, ex-piloto prateado que desde os anos 1960 administra uma oficina de carros de corrida. De brinde, levaram seu fruto, o dublê Luciano Crespi, para o set. É ele quem aparece dirigindo os carros de Ayrton Senna nas cenas de subida velocidade –o cimeira foi um facilitador na hora de enganar o público.
“Eu fabrico carros há 60 anos, devo ser a pessoa que mais fez carros de corrida no mundo. E eu corri neste autódromo [de Buenos Aires, onde a série foi gravada] em 1961. Para um projeto importantíssimo uma vez que esse, ainda tive meus filhos, que trouxeram todo um conhecimento de tecnologia”, diz Crespi sobre a empresa familiar.
Ao todo, ele e os filhos construíram 21 carros para a série, abarcando todas as fases de Senna, do kart à Fórmula 1. Além de réplicas fidedignas, os veículos que seriam dirigidos pelo protagonista e seus principais adversários precisavam ser funcionais. Outros pilotos, coadjuvantes nos episódios, dividiam esqueletos de carros que, na pós-produção, recebiam uma carcaça do dedo equivalente às suas escuderias.
O indumentária de Crespi e sua oficina estarem na Argentina pesou na hora de os produtores de “Senna” escolherem os locais para as gravações. Boa secção das cenas de corrida foi filmada no Autódromo de Buenos Aires, que oferecia uma série de vantagens para além da proximidade com o Brasil.
Sua última grande renovação, contam os produtores Caio e Fabiano Gullane, havia sido nos anos 1990 –ou seja, ele preservava características da estação em que Senna corria. A localização, por sua vez, dava ao entorno uma vegetação que se aproximava daquela vista em países europeus. E o autódromo estava com a agenda vazia, permitindo que a equipe ficasse meses por lá, o que não era uma veras em Interlagos, por exemplo.
Assim uma vez que Ayrton Senna trocava frequentemente de macacão –o piloto passou por Toleman, Lotus, McLaren e Williams–, o Autódromo Oscar y Juan Gálvez passou o último ano trocando de roupa. Painéis com anúncios vintage e bandeiras de escuderias ajudavam a transformar o sítio em Suzuka ou Ímola, por exemplo.
Mas ainda assim foi preciso uma subida ração de computação gráfica. Marcelo Siqueira, supervisor da superfície em “Senna”, conta que a primeira coisa que fez quando embarcou no projeto foi comprar um óculos de veras virtual para jogar games de corrida e, assim, se familiarizar com a perspectiva de um piloto.
Seu maior repto foi a velocidade. Os carros em cena cobriam vastas quilometragens em poucos segundos, o que limitava o uso de espaços físicos reais. Siqueira e sua equipe, portanto, trabalharam com a técnica de “set extension” –ou seja, eles ampliaram as pistas e arquibancadas gravadas in loco depois, virtualmente.
Foram muro de milénio profissionais de efeitos especiais, espalhados por empresas de países uma vez que Índia, China, Estados Unidos e Canadá, num enorme intercâmbio de conhecimento e tarefas. Elas produziram, junto com escritórios brasileiros, pelo menos 1.600 planos de efeitos especiais.
“Montamos um estúdio próprio, num cantinho do autódromo, de tela virente. Ali não gravamos as cenas em si, somente elementos para conceber os cenários, uma vez que as arquibancadas, de três milénio pessoas. O volume produzido foi enorme”, diz Siqueira.
“Em países uma vez que o Brasil e no resto da América Latina, saindo do eixo industrial de produção dos Estados Unidos, precisamos encontrar soluções criativas, até por uma limitação de verba. Essa experiência nos ajudou, porque mesmo um projeto enorme uma vez que ‘Senna’ tem suas limitações –e quanto maior o orçamento, maiores os problemas que temos que governar.”
O repórter viajou a invitação da Netflix
Senna
Quando: Estreia nesta sexta (29), na Netflix
Classificação: 16 anos
Elenco: Gabriel Leone, Marco Ricca e Kaya Scodelario
Produção: Brasil, 2024
Geração: Vicente Amorim
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