STJD interdita Arena MRV e proíbe jogos do Atlético-MG com torcida após confusão em final

O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luís Otávio Verissimo, interditou a Estádio MRV nesta terça-feira, dois dias em seguida confusão causada pela torcida do Atlético-MG no segundo jogo da final da Despensa do Brasil, no domingo, em Belo Horizonte. Ele também definiu que o time mineiro jogue suas próximas partidas uma vez que mandante com os portões fechados.

 

A medida tem caráter provisório e ficará em vigor, segundo o STJD, até o clube comprove a adoção de medidas necessárias e suficientes para prometer a segurança na Estádio MRV. O Atlético tem somente mais oito jogos até o termo da temporada, sendo que será mandante em três deles. O próximo confronto do Atlético-MG em Belo Horizonte será contra o Botafogo, dia 20, pelo Brasileirão, em prévia da finalíssima da Despensa Libertadores.

O presidente do STJD tomou a decisão ao deferir pedido da Procuradoria do tribunal, que pediu a interdição do estádio atleticano. A alegado é de que a redondel mostrou instabilidade em razão dos casos de vandalismo, invasão e violência causados por secção da torcida sítio na guião para o Flamengo, por 1 a 0, no domingo – o time carioca se sagrou pentacampeão da Despensa do Brasil.

Pela decisão, o Atlético não poderá narrar com torcida nas arquibancadas mesmo nos jogos que mandará longe da Estádio MRV nas próximas semanas. Ao menos até uma decisão definitiva por secção do STJD.

“Defiro a liminar para instaurar a interdição imediata da ARENA MRV, com a transferência dos jogos do Clube Atlético Mineiro SAF, na requisito de mandante, para terreiro desportiva diversa, com portões fechados. A medida estará em vigor até que ocorra a comprovação, pelo clube, da adoção de medidas logísticas, estruturais, administrativas e disciplinares necessárias e suficientes para prometer a segurança adequada na Estádio MRV, ocasião em que a medida será objeto de novidade deliberação pelo Pleno deste Tribunal”, disse Luís Otávio Verissimo em seu despacho.

A denúncia da Procuradoria do STJD cita “a incapacidade do Atlético em manter a ordem e a segurança na terreiro desportiva”, classificando uma vez que “lastimáveis” e “gravíssimos” os arremessos de bombas e outros objetos em campo, além da invasão por secção de torcedores no gramado. O clube também será multado, em valores que podem chegar a R$ 100 milénio.

Uma das bombas arremessadas em campo atingiu o fotógrafo Nuremberg José Maria, de 67 anos, que precisou ser internado. Ele fraturou três dedos, além de ter rompido tendões e sofrido um golpe o pé. A Polícia Social de Minas Gerais abriu um sindicância para apurar o transgressão. Outros dois artefatos foram atirados próximos dos jogadores Gonzalo Plata, responsável do gol da vitória por 1 a 0, e o goleiro Rossi.

Segundo Raphael Paçó Barbieri, sócio do CCLA Advogados, as punições podem ser diversas. “Os fatos ocorridos no último domingo podem resultar em sanções disciplinares ao Atlético, que vão desde multa de até 100 milénio reais, uma vez que a interdição e perda de mando. Mas, aliás, do ponto de vista lítico, o clube ainda pode ser réprobo a indenizar os torcedores e os profissionais que foram lesados. Com base na Lei Universal do Esporte, a responsabilidade pela segurança do evento é dos organizadores, e neste caso, entendo que deve ser compartilhada entre CBF e clubes”, afirma.

“Existe a pena disciplinar de perda de mando, e essa seria dada pelo STJD. Mas existe a possibilidade da Federação ou a CBF interditarem o estádio por entenderem que não tinha as condições de segurança necessárias. Isso não seria uma sanção disciplinar”, conclui.

De congraçamento com a súmula do perito Raphael Claus, bombas foram arremessadas em direção ao gramado por quatro vezes: aos 9, aos 49, aos 50 e aos 52 minutos de jogo. Claus também relatou arremessos de copos aos 6, aos 45, aos 51 e aos 82 minutos da partida. Todos vieram da torcida mandante, disse o juiz.

Claus também registrou duas ocorrências de lasers que tentavam prejudicar a visão de Rossi, goleiro do Flamengo. Aliás, houve paralisação de sete minutos em seguida o gol do Flamengo, por justificação de objetos jogados nos jogadores. Foi nesse momento em que um torcedor invadiu o gramado.

Com o vice na Despensa do Brasil, o Atlético-MG foca na final da Libertadores, dia 30 de novembro, contra o Botafogo. Para não percorrer o risco de permanecer fora da próxima edição do torneio continental em caso de um novo revés, a equipe terá de se reerguer no Brasileirão por uma vaga na competição sul-americana. O time mineiro está na 11ª posição, com 41 pontos, e faz dois jogos atrasados nesta Data Fifa: encara o Flamengo, nesta quarta-feira, 13, no Rio; e enfrenta o ameaçado Athletico-PR, em Curitiba, no sábado.