WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Esta terça-feira (5) é o último dia para os americanos escolherem entre Kamala Harris e Donald Trump, mas está longe de ser o término da eleição. Os dois chegam tecnicamente empatados ao dia do pleito numa disputa que é vista porquê a potencialmente mais acirrada da história dos Estados Unidos.
Uma vez que aconteceu com Hillary Clinton em 2016, é provável que a democrata vença no voto popular, mas perdida a eleição. Isso porque o sistema de votação dos EUA é indireto: cada estado tem recta a um número de delegados, que votam no Escola Eleitoral. Ganha quem conseguir 270 votos ou mais.
Kamala chega ao dia da eleição com 226 delegados; Trump, com 219 -resultado da soma de estados onde a vitória de um ou de outro é praticamente certa. O que está em jogo agora são 93 delegados, distribuídos entre sete estados.
Para a vice-presidente, o caminho mais fácil é vencer em Michigan (15 delegados), Pensilvânia (19) e Wisconsin (10) -garantindo 1 mandatário do Nebraska, um dos poucos estados que permite dividir seus votos no escola eleitoral entre dois candidatos.
Conhecida porquê muro azul, essa região tende a votar em democratas, e tende a votar em conjunto -desde 1980, somente em uma eleição eles divergiram em sua escolha.
Mas se Trump conseguir levar um deles -especialmente a Pensilvânia, por ter o maior número de delegados de todos os sete estados em disputa-, uma vitória de Kamala fica muito mais difícil.
Para ressarcir a rota, ela precisaria de vitórias no Cinturão do Sol, formado por Geórgia (16 delegados), Carolina do Setentrião (16), Arizona (11) e Nevada (6), onde Trump tende a ir melhor, segundo as pesquisas.
No caso do republicano, a principal rota para a Moradia Branca passa por Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Setentrião. Se não conseguir levar o primeiro, ele precisa necessariamente vencer em qualquer outro da muro azul, mais todo o Cinturão do Sol, para somar pelo menos 270 delegados.
Kamala tem investido pesadamente em prometer que a muro se mantenha azul. Na segunda (4), ela rodou por quatro cidades da Pensilvânia: Scranton, Allentown, Pittsburgh e Filadélfia -ponto final de sua campanha. Ela conta com o voto feminino, mobilizado em torno do recta ao monstruosidade, e com o de brancos com ensino superior -segmentos que costumam ter subida participação eleitoral.
Já Trump passou o último dia em um tour por três estados: Carolina do Setentrião, Pensilvânia e Michigan, onde vai fechar sua campanha. O republicano tem uma estratégia mais arriscada, contando com o voto de segmentos que têm uma baixa participação eleitoral: homens, mormente jovens, e brancos sem diploma.
O empresário também conta com ganhos que fez entre eleitores negros e latinos. O suporte a ele nesses grupos ainda é minoritário, mas maior do que o visto em 2016 e 2020, segundo pesquisas.
“No final das contas, não é necessário um grande ‘realinhamento’ de eleitores para impactar o resultado desta eleição. Pequenas mudanças de suporte a Trump entre grupos tradicionalmente democratas (latinos ou negros) ou a Harris entre eleitores tradicionalmente republicanos (brancos com instrução universitária) podem ser a diferença entre vencer e perder”, escreve a exegeta Amy Walter, do Cook Political Report.
Muro de 78 milhões de pessoas já votaram, aproveitando a franqueza antecipada de urnas na maior segmento dos estados e a opção de enviar a cédula por correio. A escrutínio dos votos começa à noite, mas quando ela permitirá identificar um vencedor é tão incerto quanto qual nome será anunciado.
Também nesta segunda, o secretário de Estado da Pensilvânia, o republicano Al Schmidt, disse à emissora americana CNN que a escrutínio de votos no estado pode demorar dias. “Nunca tivemos resultados oficiais no dia da eleição”, afirmou Schmidt. Nos EUA, é generalidade que veículos de prensa divulguem projeções baseadas em modelos estatísticos muito antes da divulgação solene das autoridades locais.
Em 2020, durante a pandemia de Covid, a opção massiva pelo voto à intervalo atrasou a tabulação dos votos. O resultado só foi encravado quatro dias em seguida o pleito, com a projeção de vitória de Joe Biden na Pensilvânia.
Desta vez, a aposta é que o processo não demore tanto. O número de pessoas votando presencialmente deve ser maior, e alguns estados, porquê o Michigan, mudaram as regras para permitir uma escrutínio mais rápida.
Dos 7 estados decisivos na eleição deste ano, 5 permitem que os votos por correio comecem a ser processados antes do pleito, acelerando o processo. As exceções são Wisconsin e Pensilvânia -justamente aqueles que devem definir o vencedor.
Um complicador neste ano é se a margem de vitória for de indumento tão apertada quanto as pesquisas apontam. Arizona e Pensilvânia preveem recontagem automática caso a diferença entre o primeiro e o segundo disposto seja subalterno a 0,5%; no Michigan, se for menor ou igual a 2.000 votos.
Outros estados permitem que candidatos entrem com um pedido de recontagem. Em 2020, por exemplo, Geórgia e Wisconsin fizeram o procedimento a pedido de Trump.
Em meio a todas as incertezas em torno desta terça-feira, uma das poucas apostas que analistas se dão o luxo de fazer é que o republicano vai se declarar vencedor, independentemente da apuração.
Foi assim em 2020, quando Trump tentou impedir a perpetuidade da escrutínio quando o placar parcial o mostrava adiante. É provável que essa vantagem inicial se repita neste ano, porque a escrutínio começa pelas cédulas depositadas no dia da eleição (data que concentra a votação de republicanos).
Há um possante temor de distúrbios, porquê intimidação de eleitores e de funcionários trabalhando nos locais de votação. Caso Trump perdida, é esperado que todo o período até 20 de janeiro, quando o novo presidente toma posse, seja conturbado.
Além do pleito, as próximas datas importantes são 11 de dezembro, prazo sumo para cada estado confirmar seu placar; 17 de dezembro, quando os delegados se reúnem para votar no Escola Eleitoral, e 6 de janeiro, quando o Congresso confirma o resultado do pleito.
Cada uma dessas etapas é vulnerável a contestações. No limite, a confusão pode ser usada pelo Legislativo para se negar a confirmar o resultado, alegando dúvidas sobre a lisura do pleito, e invocar para si a eleição do próximo presidente.
Datas-chave
11 de dezembro, prazo sumo para cada estado confirmar seu placar
17 de dezembro, delegados se reúnem para votar no Escola Eleitoral
6 de janeiro, Congresso confirma o resultado do pleito
20 de janeiro, a posse do novo presidente
- Uma vez que cada estado-pêndulo pode recontar votos
– Arizona
- Recontagem é automática se a margem entre candidatos é menor ou igual a 0,5%
- Candidatos e eleitores não podem pedir recontagem
- Não há prazo para entrega de resultados da revisão
– Geórgia
- Não há recontagem automática
- Candidatos podem solicitar recontagem em até dois dias úteis, se a diferença for menor ou igual a 0,5%
- Poder eleitoral pode solicitar recontagem se houver “suspeita de erro ou discrepância” nos resultados
- Candidatos podem pedir ao secretário de Estado estadual se tiver suspeita de erro ou discrepância, e o secretário pode pedir a recontagem com base nessa petição.
- Não há prazo para entrega de resultados da revisão
– Michigan
- Recontagem automática (margem de 2.000 votos ou menos)
- Candidatos podem solicitar recontagem se, “em boa-fé”, têm razões para suspeitar de erros na apuração e possuem chance razoável de vitória
– Nevada
- Não há recontagem automática
- Candidatos ou eleitores podem solicitar recontagem em três dias úteis (sem margem mínima)
- O prazo de epílogo é de 10 dias a partir da solicitação
- Processo de revisão mistura recontagem manual e eletrônica
– Carolina do Setentrião
- Se domínio eleitoral detecta erro ou fraude, há recontagem automática
- Candidatos podem pedir recontagem (margem menor ou igual a 0,5% ou menor ou igual a 10 milénio votos)
- Não há prazo para epílogo de recontagens
– Pensilvânia
- Recontagem automática (margem menor ou igual a 0,5%)
- Resultados de recontagem automática devem ser entregues até o dia 27 de novembro
- Candidatos não podem solicitar recontagem, mas podem entrar com recurso contra a apuração em condados, o que pode resultar em domínio competente exigindo uma recontagem
- Grupo de ao menos três eleitores pode solicitar recontagem em distritos eleitorais ou na Justiça
– Wisconsin
- Não há recontagem automática
- Candidatos podem solicitar recontagem até o término do primeiro dia útil em seguida a divulgação dos resultados
- Eleitores também podem solicitar revisão
- Resultados de recontagens não podem demorar mais do que 13 dias
- Se a margem for maior do que 0,25%, o dispêndio da recontagem fica por conta de quem a solicitou