SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A plataforma de mensagens Discord excluiu mais de 30 mil contas e 2.000 servidores ligados a conteúdo extremista ou violento no segundo semestre de 2020, segundo seu relatório semestral de transparência divulgado na semana passada.
Concebida inicialmente para adeptos de jogos online, a ferramenta passou a agregar grupos para discussão de assuntos diversos, inclusive relacionados ao trabalho, quando a pandemia de coronavírus fez com que as pessoas migrassem seu cotidiano para o mundo virtual.
Resultado disso, o Discord teve um crescimento de 40% de usuários entre junho e dezembro de 2020 e alcançou um total de 140 milhões de pessoas –o que chamou a atenção também de grandes empresas de tecnologia, como a Microsoft, que negocia comprar a ferramenta por mais de US$ 10 bilhões (R$ 56,4 bilhões), segundo publicou a Bloomberg no fim de março.
A expansão de usuários, porém, trouxe também mais denúncias de violações de suas diretrizes –as reclamações subiram 50% no segundo semestre do ano passado, em comparação com os seis meses anteriores, sem que houvesse mudanças significativas nas métricas. As categorias passaram de 11 para 14, mas as 3 novas são um desmembramento das que já havia anteriormente.
O conteúdo extremista ou violento faz parte dessas novas categorias, junto com material de abuso sexual infantil e preocupações com automutilação. Chama a atenção no relatório que o extremismo representa apenas 1,4% das 355.633 denúncias de usuários, mas equivale a 11,3% das contas deletadas (exceto aquelas por spam) e 8,1% dos servidores excluídos.
No segundo semestre do ano passado, o Discord apagou 266.075 contas (sem considerar aqueles classificados como spam, que somaram 3,26 milhões de exclusões) e 27.410 servidores.
A plataforma explica que, a partir das denúncias, determina alguma providência após confirmar a violação de suas diretrizes. Isso inclui aviso ou exclusão do servidor, banimento temporário de conta, remoção de conteúdo ou outro tipo de medida. No caso das denúncias de extremismo, 38,4% das queixas levaram à adoção de alguma dessas ações.
O Discord destaca uma atuação proativa contra movimentos militarizados, citando especificamente os Boogaloo Boys, movimento americano de extrema direita, e o QAnon, teoria da conspiração segundo a qual o governo americano é comandado por uma seita de pedófilos que o ex-presidente Donald Trump tentava destruir. O grupo já foi alvo de banimento do Facebook e suspensão do Twitter.
Por sua iniciativa, a plataforma derrubou 1.504 servidores, 93% mais do que o registrado nos primeiros seis meses do ano. O relatório afirma que esse aumento pode ser ligado aos seus esforços bem como às tendências crescentes do extremismo online. O levantamento destaca, inclusive, que uma delas foi a expansão do QAnon, que teve 334 servidores removidos.
A plataforma também trouxe dados das medidas tomadas contra outras formas de violação de suas diretrizes. Assédio continua como principal motivo de denúncias de usuários, respondendo por 37,3% do total. Na sequência, vem a categoria cibercrime, que corresponde a 12% das queixas, mas viu um salto de 250% em relação ao primeiro semestre de 2020.
Apesar de responder por grande parte das denúncias, a categoria assédio ficou em segundo lugar no número de contas excluídas (exceto aquelas de spam) e em terceiro no de servidores deletados, com uma fatia de 12,6% do total em ambos os casos.
Entre as contas deletadas, a exclusão por conteúdo exploratório vem em primeiro lugar e responde por 48,6% do total. Já entre os servidores, a categoria cibercrime lidera, com uma fatia de 21,4%, seguida por conteúdo exploratório, 18,6%.
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