SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após ter sido deposto e impedido de entrar na embaixada de Mianmar em Londres, o agora ex-embaixador Kyaw Zwar Minn pediu ao governo britânico que se recuse a reconhecer os representantes diplomáticos escolhidos pela junta militar e os envie de volta ao país asiático.
Apoiador da líder civil deposta Aung San Suu Kyi, Minn foi barrado na quarta-feira (7) pelo seu vice, Chit Win, a pedido dos militares que deram um golpe de Estado em 1º de fevereiro.
Em uma declaração lida em seu nome em frente à embaixada, o diplomata pediu ao Reino Unido que “se recuse a trabalhar com Win ou qualquer outro embaixador que a junta militar possa nomear no futuro.”
O Ministério das Relações Exteriores britânico anunciou ter sido notificado pelo governo de Mianmar sobre o fim do mandato do embaixador e afirmou que não tinha outra opção a não ser “aceitar a decisão tomada pelo governo”. Mais cedo nesta quinta, o secretário da pasta, Dominic Raab, havia elogiado o enviado deposto. “Condenamos as ações de intimidação do regime militar de Mianmar em Londres ontem [quarta] e presto homenagem a Kyaw Zwar Minn por sua coragem”, disse ele.
Em uma carta enviada ao Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, o governo militar de Mianmar disse que o vice-embaixador Chit Win assumiu como encarregado de negócios da representação diplomática em 7 de abril e que Minn foi convocado de volta ao país.
Enquanto isso, em Mianmar, os protestos contra a junta militar continuam. Nesta quinta (8), 11 pessoas foram mortas por forças de segurança na cidade de Taze, no noroeste do país.
Inicialmente, seis caminhões de soldados foram enviados para reprimir os protestos na cidade, de acordo com os sites de notícias Myanmar Now e Irrawaddy. Quando os manifestantes reagiram com facas e bombas, mais cinco caminhões de tropas foram enviados -não houve vítimas entre os oficiais.
O novo confronto eleva o número civis mortos pelas Forças Armadas para mais de 600 desde que a junta tomou o poder, de acordo com a AAPP (Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos).
Em Rangoon, a maior cidade do país, ativistas colocaram sapatos cheios de flores para homenagear os mortos. Do lado da junta militar, mandados de prisão foram emitidos para centenas de pessoas, com os militares perseguindo nesta semana dezenas de influenciadores, artistas e músicos.
Nesta quinta, por exemplo, o modelo e ator Paing Takhon, que havia se manifestado contra o golpe, foi detido. Sua irmã Thi Thi Lwin disse à Reuters que os militares foram até a casa de seus pais, onde o irmão estava, para detê-lo. Na terça-feira (6), um dos comediantes mais famosos do país também foi preso.
Segundo a AAPP, 2.847 pessoas estão detidas atualmente.
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