Bradesco tem lucro de R$ 5,2 bi no terceiro trimestre, alta de 13,1%

O oração do Bradesco não mudou, mas o humor do mercado, sim, o que talvez explique a reação negativa ao balanço do banco no terceiro trimestre – divulgado nesta quinta-feira, 31. O lucro cresceu e os números confirmaram a recuperação da rentabilidade, ainda que de modo gradual. Num cenário de juros mais altos e incertezas quanto aos rumos da economia, a mensagem foi menos aceita que nos balanços anteriores. No termo do dia, as ações do banco fecharam em queda de 3,41% (ON) e de 4,39% (PN).

 

O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 5,225 bilhões, subida de 13,1% em um ano e de 10,8% na presença de o segundo trimestre. O resultado veio em traço com as expectativas do mercado, mas com uma elaboração dissemelhante, em peculiar na combinação entre receitas com crédito e despesas com inadimplência.

A carteira de crédito do banco alcançou R$ 943,8 bilhões no termo de setembro, subida de 7,6% em um ano e de 3,5% na presença de o trimestre anterior. As operações para empresas foram o motor, com prolongamento de 11,2% em um ano, puxadas pelas pequenas e médias (16,9%). A carteira de pessoas físicas avançou 8,9% no período.

As margens do banco com clientes somaram R$ 15,6 bilhões, queda de 1,3% em um ano, fruto da postura mais conservadora na licença de crédito, que tem priorizado linhas de menor risco ou clientes com maior renda. O spread (diferença entre dispêndio de captação e juros cobrados dos clientes) caiu de 9,1% para 8,4%.

Essa cautela, mas, permitiu que as despesas com provisões contra a inadimplência recuassem 22,4% em um ano, para R$ 7,1 bilhões. A inadimplência (atrasos supra de 90 dias) ficou em 4,2%, 1,4 ponto porcentual aquém do patamar de setembro de 2023. Houve melhora em todos os segmentos, em peculiar no de varejo, o que engloba pessoas físicas e empresas de menor porte.

“Eu quero entregar margens perenes, e não um voo de penosa, em que cresce em um trimestre, devolve no outro”, disse o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, sobre o resultado trimestral. Segundo ele, mais importante que o spread é a margem líquida – quanto “sobra” depois que, dos juros dos empréstimos, é descontado o dispêndio das provisões.

Mudança de cenário

Em teleconferência com analistas de mercado, Noronha repetiu algumas vezes que o Bradesco retomará os antigos patamares de rentabilidade “passo a passo”. No trimestre pretérito, o banco teve retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na {sigla} em inglês) de 12,4%, 1,1 ponto porcentual supra da rentabilidade do mesmo período de 2023, mas ainda aquém da sua média histórica, em torno de 20%.

“Sim, as margens posteriormente as provisões vieram melhores que o esperado, mas o cenário mais reptante para o prolongamento da margem, dada a Selic mais subida e spreads menores, pode desapontar quem esperava por uma recuperação mais rápida do ROE”, observou a equipe do BTG Pactual, liderada por Eduardo Rosman, em relatório a clientes.

A despeito de o balanço ter mostrado avanços em vários indicadores, o contexto econômico mais difícil gerou temores no mercado, que vê o Bradesco mais suscetível aos ciclos da economia doméstica, uma vez que a baixa renda tem importante tributo para os resultados – o que poderia gerar dores de cabeça quando os juros sobem. “Embora o balanço confirme a tendência de recuperação, a curva de prolongamento esperado parece estar mais lenta, e o cenário macro pode atrasar a recuperação do prolongamento do crédito”, disseram Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Superior, analistas da XP Investimentos.

Noronha afirmou, porém, que o banco está seguro de que sua carteira de crédito mostrará resiliência mesmo se o pior cenário para a economia se concretizar. Ele vê uma vez que mais provável uma subida do desemprego em 2025, mas a patamares não preocupantes, o que deve prometer que a inadimplência continue caindo.

A aceleração do ritmo de prolongamento da carteira de crédito, que passou de 5% para 7,6% entre o segundo e o terceiro trimestres, contrastou com a do rival Santander Brasil, que colocou o pé no freio em suas concessões. Segundo Noronha, o Bradesco está operando com responsabilidade e buscando maior rentabilidade nas operações. “O consignado do INSS perdeu margem, mas é bom, traz retorno ajustado ao risco”, disse. Com os cortes no teto de juros da modalidade no ano pretérito, a margem dessa traço caiu 30%, e o banco reduziu as concessões via correspondentes bancários.

Subida renda

Um dos pilares para aumentar o retorno é certificar a fidelidade dos clientes. Com esse objetivo, ontem, junto com o balanço, o Bradesco anunciou o lançamento de um novo segmento de serviços para a subida renda: o Bradesco Principal, que será complementar ao Prime, com foco em clientes com renda a partir de R$ 25 milénio mensais, ou com investimentos entre R$ 300 milénio e R$ 10 milhões.

A novidade marca terá cartão de crédito com pontos que não expiram, escritórios de atendimento exclusivos e conexão direta com o Bradesco Bank, braço do conglomerado nos Estados Unidos. Clientes que hoje estão no Prime e que se enquadram no Principal serão migrados já nos próximos meses. “Nós chegaremos a janeiro com um tanto entre 45 milénio e 50 milénio clientes”, disse Noronha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.