Tempestade prevista para sexta (18) deve atingir todo o estado de SP, com ventos de 60 km/h

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A região metropolitana de São Paulo deve enfrentar um novo temporal com fortes rajadas de vento nesta sexta-feira (18), somente uma semana em seguida o último, que causou um blecaute. No termo de semana, a situação ainda pode piorar. Por isso, o poder público está se preparando.

 

Segundo o Inmet (Instituto Vernáculo de Meteorologia), a tempestade deve chegar à região noroeste do estado ao longo desta sexta, vinda de Mato Grosso do Sul e podendo, inclusive, ser na forma de uma risca de instabilidade, onde células de tempestades se agrupam e se deslocam uma vez que um sistema único em alinhamento e velocidade.

Em razão dela, há condições para temporais com raios e queda de saraiva em todo o território paulista. Eles devem debutar nesta sexta, mas se intensificar no sábado (19), com destaque para Araçatuba, Bauru, Campinas, Franca, Barretos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e Serra da Mantiqueira. Nesses locais, deve desabar tapume de 200 mm nos dois dias.

Já na região metropolitana, onde a chuva deve chegar a partir das 14h, a precipitação deve permanecer em 95 mm. Um pouco menos que o esperado para a Baixada Santista e o Vale do Paraíba, onde a previsão é o reunido de 100 mm. No litoral setentrião, deve chover até 150 mm. Todos esses valores são superiores aos registrados na semana passada.

Em todo o estado, é esperado que rajadas de vento cheguem com a chuva. Segundo a Resguardo Social, elas podem atingir até 60 km/h em alguns locais. Na região metropolitana, porém, é esperado que o pico fique em 45 km/h. A velocidade deve ser atingida principalmente nesta sexta, em seguida 16h. Na última semana, as rajadas atingiram 107,6 km/h, maior número já registrado na capital.

“É importante que as pessoas se atentem aos alertas e tenham a percepção de risco em caso de chuva e ventos fortes. Evitem áreas abertas, encostas, tomem desvelo com quedas de árvores e busquem abrigo e um lugar seguro”, diz Henguel Ricardo Pereira, secretário-chefe da Mansão Militar e coordenador da Resguardo Social do Estado.

Segundo a Climatempo, porém, o mesmo cenário de sexta-feira passada não deve se repetir agora, porque “não teremos contraste térmico tão poderoso uma vez que tivemos na sexta-feira passada, quando o ar indiferente de uma frente fria avançou pelo interno paulista encontrando uma volume de ar muito quente e com umidade”.

O instituto destaca que o volume de precipitação deve ser o maior problema no termo de semana, principalmente no sábado (19), quando deverá chover por muitas horas consecutivas, com condições de provocar alagamentos nos centros urbanos.

“A chuva torna-se mais generalizada no estado de São Paulo no transcursão da tarde da sexta-feira e há risco de temporais. A região da capital já poderá ter algumas pancadas isoladas à tarde, por culpa do calor, mas a chuva fica mais poderoso e mais generalizada à noite”, diz Fabiana Weykamp, meteorologista da Climatempo.

Para não ser pego de surpresa, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) terá uma equipe no meio de operações da Enel -concessionária responsável pela distribuição de energia- para escoltar a resposta da empresa ao clima desconforme. Ainda será montado um gabinete de crise no Palácio dos Bandeirantes.

Por prevenção, o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, informou que o Parque da Ciência estará fechado nesta sexta (18), a partir das 12h, e no sábado (19), o dia inteiro.

A Prefeitura de São Paulo também se mobiliza perante a possibilidade de um novo temporal. A gestão Ricardo Nunes (MDB), que resolveu até cancelar suas agendas a partir desta quinta, deixará de prontidão tapume de 4.000 servidores para facilitar numa provável situação emergencial.

É consenso no Prédio Matarazzo, no entanto, ser responsabilidade da Enel evitar um novo caos. Em caso de problemas, todo ônus deve permanecer com a distribuidora, dizem pessoas próximas ao prefeito.

Mais cedo, o presidente da concessionária anunciou o termo da crise gerada pela queda de força que afetou 3,1 milhões de clientes na Grande São Paulo em seguida o temporal da última sexta-feira. No entanto, há ainda 36 milénio imóveis sem luz -número considerado perto da normalidade pela empresa.

MORADORES SE PREPARAM PARA NOVO APAGÃO

Temendo a novidade tempestade prevista para esta sexta, paulistanos realizam podas por conta própria, enchem baldes d’chuva e compram suprimentos para encarar possíveis dias sem luz.

Um condomínio da zona sul da capital ficou da última sexta (11) até quarta (16) no escuro. Três postes estavam partidos ao seu volta. A síndica, que pediu para não ter seu nome divulgado, realizava poda nas poucas arvores que ainda estavam de pé dentro dos muros.

O par Teresa e Antonio Nakamura, 67 e 72 anos, comprou dois pacotes de velas, com cada contendo mais de vinte unidades, além de possuir duas lamparinas elétricas. Eles moram ao lado de um barranco repleto de árvores que se curvam em direção à residência.

“Quando chove, não posso fazer zero além de passar para debaixo da mesa e rezar muito”, diz. Na tempestade de sexta, eles ficaram três dias sem luz e um galho se desprendeu e tirou uma lasca do telhado.

A família de Ryan Francisco, 22, da Vila Campo Grande (na zona sul), também sofreu grandes perdas –e teme mais prejuízos. Os carros do pai e do irmão foram destruídos pela queda de árvores.

“Quero saber quem vai remunerar isso. Estávamos comprando gelo a cada três horas para não estragar a comida. Sem racontar as lanternas. Nem sei uma vez que vamos fazer sobre sexta”, diz Ryan.