SANTARÉM, PA (FOLHAPRESS) – A seca extrema que atinge a região Setentrião tem afetado a fauna e a flora de rios, lagos e igarapés de Santarém, no oeste do Pará. Uma das vítimas é também um símbolo da amazônia, a vitória-régia. Exemplares da vegetal apareceram secos e até mortos nos leitos esvaziados.
Elas foram achadas mortas no meio do lago Jari, em uma enseada do rio Tapajós, na zona ribeirinha de Alter do Soalho, o chamado “Caribe da Amazônia”. A região turística tem sofrido com a seca, com catraias (canoas) estacionadas enquanto turistas atravessavam a pé o meio que liga a vila à Ilhéu do Paixão.
Considerado um dos cenários mais bonitos da região, o meio do Jari é lembrado pelo verdejante das vegetação aquáticas, que agora deu lugar a uma paisagem cinza, por conta da seca.
“Estamos passando pela maior seca dos últimos 50 anos. Eu tinha dois anos de idade quando teve uma seca grande na região amazônica. Eu moro há dez anos no meio do Jari e é a primeira vez que eu presencio um negócio desse, avassalador”, diz a chef de cozinha Dulce Oliveira, dona de um restaurante no sítio.
Dona Dulce, uma vez que é conhecida, costuma preparar pratos com vegetação comestíveis da amazônia, inclusive as vitórias-régias.
O restaurante está há um mês sem funcionar, e ela estima que há risco de só retornar as atividades no Natal. O único meio de transporte da região, o navio, deu lugar a carroças e motocicletas.
Dulce quis registrar as cenas das vegetação mortas uma vez que alerta para o problema da estiagem. “A gente que está cá no dia a dia tem um sentimento de tristeza e, ao mesmo tempo, queremos furar a cabeça de algumas pessoas, para colocar um pouco de consciência”, diz.
Segundo a Resguardo Social, nesta quinta-feira (10), o nível do rio Tapajós está em 19 centímetros, o que significa 45 centímetros aquém do mesmo período do ano pretérito.
A Victoria amazonica é uma vegetal exclusivamente aquática, da família das Nymphaeaceae, típica da região amazônica.
A flor da vitória-régia vive por somente 48 horas. As folhas flutuantes e circulares da vegetal podem atingir 2,5 metros de diâmetro quando adultas.
O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (União Brasil), esteve nesta quarta-feira (9) com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Segundo a pasta, o ministro determinou que sejam implementadas ações para assistência humanitária e chegada à chuva potável.
Atualmente, 21 municípios do Pará estão com a situação de emergência reconhecida pelo governo federalista por razão da estiagem. Leste é o primeiro passo para que haja liberação de recursos para implementação de medidas de socorro e assistência.
