Senado aprova Gabriel Galípolo para presidente do BC

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Senado aprovou nesta terça-feira (8) o nome de Gabriel Galípolo para o função de presidente do Banco Meão, na primeira troca de comando desde que a autonomia da mando monetária entrou em vigor, em 2021.

 

Indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Galípolo recebeu 66 votos em prol e 5 votos contra no plenário, em votação secreta. Não houve abstenções. Mais cedo, ele foi confirmado por unanimidade na CAE (Percentagem de Assuntos Econômicos), com 26 votos favoráveis, depois quase quatro horas de sabatina.

Sem falar com a prensa e com poderoso esquema de segurança, Galípolo deixou a Lar logo depois sua participação na percentagem e não esteve presente na votação decisiva no plenário. Ele terá um procuração de quatro anos na chefia do BC, entre 2025 e 2028.

O Senado agora precisa expedir sua decisão ao Executivo, que publicará o decreto de nomeação do novo presidente. O último passo é a posse no Banco Meão. Por ora, não há estimativa de prazo para a peroração do rito.

O procuração do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro. Até o termo do ano, haverá um processo de transição de comando na instituição.

Na sabatina, Galípolo afirmou que Lula garantiu que ele terá liberdade para tomar decisões avante do função, privilegiando o interesse do povo brasílio.

“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões, e [escutei] que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasílio”, afirmou.

“Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasílio”, acrescentou.

Galípolo também ressaltou aos senadores que, ao longo de sua passagem pelo BC, já subiu, cortou e manteve firme a taxa básica de juros (Selic) e voltou a manifestar que em momento qualquer sofreu pressão de Lula em suas decisões.

Questionado sobre a autonomia do BC, Galípolo disse que o tema gera um “debate incendido” e que é preciso ressignificar a questão.

“As metas e os objetivos estabelecidos ao Banco Meão são estabelecidos pelo poder democraticamente eleito. […] Cabe ao Banco Meão e à sua diretoria perseguir esta meta”, afirmou. “E de maneira nenhuma a teoria de autonomia deve passar uma teoria de que o Banco Meão vai se isolar e virar as costas ao poder democraticamente eleito, não se trata disso.”

Para ele, o processo de autonomia tem se oferecido de maneira “bastante firme”, em secção porque o BC não ultrapassa o limite de suas atribuições. Sob esse argumento, evitou tecer comentários sobre a atuação da Receita Federalista e da Petrobras, por exemplo.

Galípolo enfatizou aos senadores ter um bom relacionamento com Campos Neto e fez um “mea culpa” por não ter colaborado mais para que a relação do atual presidente do BC com o Executivo fosse melhor. Campos Neto foi claro recorrente de críticas de Lula.

“Eu sinto que gerei, talvez, uma grande frustração na expectativa que existia de que, ao entrar no BC, fosse estrear um grande reality show, com grandes disputas e brigas ali dentro. Infelizmente, tenho uma informação chata para dar para todos: a minha relação com o presidente é a melhor provável, com o presidente Lula e com o presidente Roberto”, disse.

“Até me ressinto, faço uma mea culpa cá, gostaria de ter colaborado para que essa relação entre o Banco Meão e o próprio governo Executivo fosse melhor ainda do que ela tem sido. [Do ponto de vista] institucional tem sido perfeita, acho que não tem tido zero, nenhum tipo de influência”, completou.

Apesar dos questionamentos, Galípolo foi poupado e até elogiado pelos parlamentares da oposição, que direcionaram as críticas à atuação do governo Lula.

No comando do BC, Galípolo terá a missão de invadir a crédito do mercado financeiro, que teme um BC leniente no combate à inflação em 2025, quando o Copom (Comitê de Política Monetário) terá maioria dos integrantes indicados pelo petista.

Em maio, um racha no colegiado do BC provocou ruídos com o mercado e, desde logo, os membros da cúpula tentam mostrar coesão. Na última reunião do Copom, em setembro, Galípolo votou desempenado ao atual director da mando monetária em uma decisão unânime por um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, de 10,5% para 10,75% ao ano.

Galípolo reafirmou o compromisso do BC com o objetivo de levar a inflação em direção à meta e disse que o processo de desinflação será lento e custoso, o que exige conservadorismo da mando monetária.

“Nós vamos estar sempre sujeitos a momentos mais desafiadores, mas a atuação do Banco Meão tem sido inequívoca na perseguição da meta de inflação estabelecida pelo Recomendação Monetário Vernáculo”, disse em sua fala inicial.

Segundo ele, a taxa de juros deve permanecer em nível restritivo pelo tempo que for necessário para se atingir a meta. O claro perseguido pelo BC é de 3%, com pausa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

“Devo às senadoras e senadores a obrigação de reafirmar, um, meu compromisso com o procuração estabelecido pelo tórax institucional e lícito para a mando monetária brasileira; dois, a consciência da honra e responsabilidade que envolvem a indicação à presidência do Banco Meão e do papel da firmeza financeira na construção da sociedade que desejamos”, afirmou Galípolo.

Atual diretor de Política Monetária do Banco Meão, Galípolo foi indicado pelo presidente Lula para assumir a presidência para o procuração até 2028. O pregão foi feito pelo ministro Fernando Haddad (Herdade) no termo de agosto.

Aos 42 anos, Galípolo foi um dos conselheiros econômicos de Lula na campanha presidencial de 2022, atuou uma vez que secretário-executivo do Ministério da Herdade e braço-direito de Haddad até junho do ano pretérito e manteve meato direto com o director do Executivo desde que assumiu o posto de diretor do BC.

Galípolo graduou-se em 2004 em economia pela PUC-SP, onde também obteve o título de rabi em economia política. Entre 2006 e 2012, lecionou na mesma instituição.

Sua primeira passagem pela governo pública foi entre 2007 e 2008, no Governo de São Paulo, durante a gestão de José Serra (PSDB), na secretaria de Economia e Planejamento e na dos Transportes Metropolitanos.

Ele também foi presidente do banco de investimentos Fator de 2017 a 2021.