SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os EUA irão restabelecer suas relações diplomáticas com os palestinos, cortadas durante a gestão do ex-presidente Donald Trump. O anúncio ao Conselho de Segurança da ONU foi feito pela embaixadora americana na organização, Linda Thomas-Greenfield, nesta quinta-feira (25), segundo informações da CNN americana.
“Desde janeiro, nosso envolvimento diplomático tem sido guiado pela premissa de que o progresso sustentável em direção à paz deve ser baseado em consultas ativas com ambos os lados”, afirmou a diplomata, de acordo com a emissora. “Nesse sentido, nossa gestão agirá para reabrir canais diplomáticos de comunicação que foram interrompidos durante a última administração.”
Thomas-Greenfield também disse que, sob a Presidência de Joe Biden, os EUA se “recomprometeram com a visão de uma solução de dois Estados, acordada mutuamente, na qual Israel viva em paz e segurança junto com um Estado palestino viável”.
Ela também anunciou US$ 15 milhões (R$ 85 mi) em ajuda humanitária para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Segundo a diplomata, o valor vai auxiliar os esforços de resposta à Covid-19 dos Serviços Católicos de Alívio e fornecer assistência alimentar emergencial a comunidades que estão em situação de insegurança exacerbada pela pandemia.
A decisão é mais uma a reverter políticas da gestão Trump, em uma série de mudanças da administração democrata que já atingiram áreas como ambiente e migração. Durante seu período na Casa Branca, o republicano interrompeu ajuda equivalente a milhões de dólares tanto para a ANP (Autoridade Nacional Palestina) quanto para a agência da ONU que coordena o suporte humanitário aos árabes.
O então presidente também anunciou a mudança da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo implicitamente que a cidade é a capital de Israel. Mas os palestinos a disputam, e há recomendação das Nações Unidas para que países aguardem o fim do conflito para definir mudanças nos seus postos diplomáticos.
Outro ponto de conflito da gestão do republicano foi o plano de paz para o Oriente Médio, que Trump chamou de “acordo do século”. A proposta era a criação de um Estado palestino desmilitarizado –o que refletia a postura dos EUA pró-Israel e fazia importantes concessões ao país, como o reconhecimento da soberania israelense sobre seus assentamentos na Cisjordânia e no vale do rio Jordão.
O anúncio levou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, a romper “todas as suas relações” com Israel e EUA.
Nesta quinta, Thomas-Greenfield disse que os EUA vão trabalhar para encontrar formas imediatas e tangíveis para “garantir o futuro de Israel como um Estado democrático e judeu, ao mesmo tempo que defendem as aspirações legítimas do povo palestino por um Estado próprio e para viver com dignidade e segurança”.
Os esforços para encontrar uma solução negociada de dois Estados serão “consistentes com a lei internacional e em linha com resoluções da ONU”, afirmou a diplomata, acrescentando que “é essencial que ambos os lados tomem medidas concretas para avançar” nessa questão, publicou CNN.
A americana pediu aos dois lados que se abstenham de “todas as ações unilaterais que dificultem a obtenção de uma solução de dois Estados” e instou israelenses e palestinos a continuarem cooperando com as vacinas contra a Covid-19.
Israel lidera a imunização de sua população, com 52% dos moradores do país já tendo recebido as duas doses, segundo New York Times. Não há dados sobre a vacinação de palestinos no jornal americano, nem nos dados compilados pelo Our World in Data.
Mas nas últimas semanas, israelenses e palestinos estão colaborando para evitar o aumento da contaminação pelo coronavírus na Terra Santa. Representantes dos dois lados têm se encontrado para coordenar medidas em um escritório de monitoramento conjunto –cujo endereço é mantido em segredo.
Israel anunciou que enviará 20 toneladas de desinfetante para a Cisjordânia, além de 400 kits para realização de testes de detecção do coronavírus, além de outros 500 kits de equipamentos de proteção para as equipes médicas e as forças de segurança palestinas.
Há workshops conjuntos entre as equipes médicas dos dois lados.
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