SÃO PAULO, SP, E LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – Prestes a completar 35 anos e após um hiato de 14, a franquia “Prince of Persia” ganha frescor com o lançamento de “The Rogue Prince of Persia”, em um formato roguelite e que consegue harmonizar a nova dinâmica de jogo com o enredo e a tradição da série.
O título, desenvolvido pela Evil Empire -mesmo estúdio que criou as DLCs de “Dead Cells”- e distribuído pela Ubisoft, mantém a lógica básica que permeia todos os jogos, a viagem pelo tempo, mas a utiliza em favor do novo estilo. Ele é compatível apenas com computadores com Windows.
A reportagem testou o game em acesso antecipado ao lançamento, e aspectos como a falta de tradução para o português brasileiro e alguns travamentos podem desmotivar o jogador. Ainda, a dificuldade parece escalar mais rápido que o aprendizado de quem joga, dificultando a jornada para iniciantes.
A história é protagonizada pelo já conhecido príncipe da Pérsia, que busca salvar sua nação dos Hunos, invasores e causadores de uma guerra entre os dois povos. Disfarçado de ladrão, ele precisa expulsar os inimigos, que utilizam vários graus de magia xamânica, de seu território e reapossar-se do reino.
Claro que a tarefa não é fácil, e é neste ponto onde a história e o novo formato de jogo confluem -em vez de uma clássica ampulheta capaz de reverter ações imediatas, como no “The Sands of Time”, lançado em 2003, agora o príncipe carrega uma esfera que lhe concede a habilidade de voltar ao tempo toda vez que derrotado.
Assim, ele retorna a um oásis, ponto seguro e temporalmente situado três dias antes da invasão dos Hunos. Ao retornar às batalhas, sempre encontra ações diferentes dos antagonistas e em estágios diferentes, o que torna o jogo desafiador e dá flexibilidade à aventura.
Inicialmente, o príncipe inicia apenas com duas adagas, um arco e flechas, e durante a jogatina é possível encontrar outros equipamentos. Ele tem capacidade de andar por paredes verticais e de fundo do cenário, em um estilo parkour.
Conforme o título vai evoluindo, a dificuldade vai escalando, a ponto que em certo momento fica difícil progredir sem morrer algumas vezes. O problema, porém, é que ao retornar ao oásis tudo o que foi encontrado antes da derrota é zerado, e você deve reiniciar a aventura.
Este é um dos elementos básicos do estilo roguelite, inédito no jogo. Neste formato o desafio se torna maior não apenas pelo retorno ao início da jornada após as mortes, mas pela capacidade adaptativa do jogo a diferentes situações, dando versatilidade à experiência geral.
Isso pode ser frustrante para alguns jogadores, especialmente para os iniciantes ou os casuais, que podem eventualmente desistir após algumas tentativas fracassadas.
A característica é marcante nos jogos da Evil Empire, que produziu todas as DLCs -conteúdo extra baixável- de “Dead Cells”, outro roguelite. Quem gosta desse jogo vai encontrar facilidade nesta versão de “Prince of Persia” -a engenharia do jogo e os mecanismos de combate, por exemplo, são parecidos.
O título possui gráficos em 2D, em estilo de animação, o que torna o jogo mais leve e, portanto, mais acessível para computadores menos potentes. A trilha sonora busca ambientar um Oriente Médio antigo, e não há vozes das personagens, apenas o texto do que cada um deles diz em diferentes momentos.
Como o game está em acesso antecipado, ou seja, ainda não foi lançado oficialmente, ainda há algumas arestas a apararem, incluindo algumas de desempenho. Ao abrir o jogo no computador, a tela de carregamento demora um pouco a deixar a cena e dar espaço à tela de abertura.
Ainda, em alguns momentos há travamentos em alguns dos trechos de mapas, o que pode ser corrigido nesta fase de desenvolvimento -vale ressaltar que, no acesso antecipado, os jogadores podem dar retorno sobre o jogo e seus gargalos, colaborando com seu aperfeiçoamento.
Ao fim, o game é bastante divertido e rende algumas horas de imersão, não apenas pela boa construção gráfica e de enredo, mas pelo desafio, que em geral é cativante apesar da crescente dificuldade. Para os fãs, a série sai da geladeira com um lançamento de qualidade, inovador sem prejudicar a história.
A Ubisoft anunciou ainda um remake de “Prince of Persia: The Sands of Time”, mas o jogo deve ser lançado apenas em 2026. Vale ressaltar que em janeiro a distribuidora lançou o “The Lost Crown”, disponível para consoles, marcando o fim de 14 anos de hiato da franquia.
Antes, o último lançamento havia sido o “The Forgotten Sands”, em 2010.
À Folha, o diretor de arte do jogo, Dylan Eurlings, afirmou que o jogo foi feito do zero, sem nenhum código do “Dead Cells”, apenas com o aprendizado já obtido em termos de design e lançamento em acesso antecipado.
Ele diz ainda que a Evil Empire buscou a Ubisoft e propôs o novo “Prince of Persia” em um estilo roguelite, e que a distribuidora deu liberdade criativa para criar e inovar, tomando os devidos cuidados com a história da franquia, citando ainda a necessidade de precisão com o patrimônio cultural persa.
“Queríamos que o jogo não se parecesse com nenhum outro. Se você vê uma imagem em miniatura do jogo, você sabe que é o ‘Rogue Prince of Persia’, é único. Basicamente, esse era o objetivo”, reiterou Eurlings.
Ainda, ressaltou o desejo da empresa de inovar mesmo em um estilo de plataforma 2D, e com isso vieram o uso de outras paletas de cores e da dinâmica de parkour.
“Acho que isso é algo que realmente não foi feito antes neste tipo de jogo. Nosso principal recurso é o fato de você poder correr na parede de fundo. Acho que isso é bem único e faz o jogo parecer realmente diferente de qualquer outro jogo de plataforma.”
THE ROGUE PRINCE OF PERSIA
– Preço R$ 99,99
– Classificação Não recomendado para menores de 14 anos
– Autoria Evil Empire e Ubisoft
– Compatibilidade PC