SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) defendeu nesta quarta-feira (10) a manutenção do futebol durante a pandemia e afirmou ainda que a medida contribui para o combate ao coronavírus no país.
Em apresentação aos jornalistas, a comissão médica da CBF afirmou que respeitará a decisão de governos locais, mas que o calendário nacional deve prosseguir, com as diferentes divisões do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. A posição foi tomada em reunião com as federações estaduais.
“Posição do futebol hoje, não só da CBF, mas das federações e clubes, é de que o calendário deve ser mantido como contribuição ao futebol, mas particularmente como contribuição ao combate da pandemia”, afirmou o secretário geral da CBF, Walter Feldman.
Ele afirmou também que enviará o resultado de todo o estudo epidemiológico realizado pela entidade durante a temporada 2020 para os governos estaduais e prefeituras.
Médico da confederação, Jorge Pagura, afirmou que o protocolo de testagem extensa criado pela entidade contribui para diminuir a transmissão do vírus na sociedade.
Segundo ele, por fazer exames PCR em pessoas assintomáticas, o futebol consegue fazer com que estes casos, que se estivessem em casa não teriam isolamento completo, fiquem em quarentena e não contaminem outras pessoas.
“Você não está concorrendo para levar a doença [para a sociedade], pelo contrário, você está tirando, porque ninguém estava em lockdown em casa, se não estivesse jogando futebol, estariam saindo”, afirmou Pagura.
A confederação também divulgou não ter encontrado nenhuma evidência de transmissão entre jogadores adversários durante partidas de futebol. Segundo os médicos, um atleta fica em contato com um rival em média 1 minuto e meio durante os 90 minutos de um jogo.
O departamento mapeou todas as situações, nas Séries A, B e C, em que um clube apresentou mais de três casos positivos de coronavírus e foram isolados.
Em um intervalo de 14 dias após a testagem, a confederação monitorou as equipes adversárias com as quais aquele atleta doente teve contato.
“Em 67 interações que havia pelo menos três jogadores retirados [para isolamento], não houve nenhum caso positivo entre os times adversários. Isso é uma evidência de que não há transmissão do vírus durante a partida em campo, principalmente neste cenário de assintomáticos”, afirmou Bráulio Couto, epidemiologista consultor da CBF.
Isso ocorreu, segundo Couto, também no caso do Valdívia, do Avaí, que precisou ser retirado de jogo no intervalo de uma partida, quando saiu um novo resultado de seu teste.
“A contaminação [do jogador] não ocorre em campo, mas por comportamento social e quebra de protocolo”, completa ele.
Segundo o estudo divulgado nesta quarta com os testes positivos detectados, os vírus encontrados em jogadores de times do sul, por exemplo, têm diferença em relação aos encontrados em jogadores no nordeste, o que reforça que não houve troca viral entre estes atletas, explicou Clóvis Arns, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e que também é colaborador com a CBF.
Segundo o gráfico apresentado sobre casos positivos de Covid na temporada 2020, não há relação do aumento de casos dentro do futebol com o aumento ou a diminuição da transmissão do vírus na sociedade.
Na comparação entre as diferentes competições organizadas pela CBF, a Série A do Campeonato Brasileiro foi a que apresentou maior taxa de contágio entre jogadores, 3,1%, seguida pela Copa Verde, 3%.
“Realmente aí houve uma baixa de guarda”, afirmou Pagura. “Um pouco de descumprimento de protocolos”.
“Os clubes da Série A disputaram competições paralelas, Copa Libertadores e Sul-Americana. Comparando a operação com as demais séries, a parte dos clubes que participam dessas competições estavam mais expostos”, afirmou Roberto Nishimura, médico do esporte da CBF.
Eles afirmam que não é possível comparar a contaminação das séries tanto por este motivo, mas principalmente porque cada divisão e competição teve calendários diferentes e condições específicas de disputa.
A confederação afirmou que regulamentará atualizações no seu protocolo, como recomendação de uso de duas máscaras de pano ao invés de uma, ou uso de máscaras do tipo PFF-2.
No total, a confederação afirma que realizou 89.052 testes RT-PCR para um total de 13.237 atletas monitorados.
A CBF também divulgou que fará uma campanha em prol da vacinação em massa por meio de suas competições.
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