Tarcísio nega intervir na TV Cultura e afirma buscar melhorias e corte de gastos

(FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira (16) que estuda cortes de gastos e melhorias na Fundação Padre Anchieta, administradora da TV Cultura, mas negou querer interferir no jornalismo da principal emissora pública do país.

A declaração se dá em um momento em que a emissora é alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa do estado e sofre pressão por redução de verbas.

À frente das câmeras, o discurso é o de que o governo pretende reduzir gastos e aumentar a eficiência da Fundação Padre Anchieta. Nos bastidores, está o roteiro de uma série de crises entre o conselho da fundação e o governo, que se incomoda com a independência da programação da emissora.

Embora a TV Cultura seja uma emissora pública, ela é gerida por um conselho que tem autonomia em relação ao governo. Nos últimos anos, o Palácio dos Bandeirantes tem repassado cerca de R$ 100 milhões para a fundação, que afirma se sustentar com 40% da verba pública e 60% de recursos próprios.

Durante um leilão de concessão de rodovias, Tarcísio afirmou à imprensa que estuda cortes em todas as estruturas de governo e que há avaliação sobre se elas desempenham bem suas funções ou se devem ser extintas.

Como exemplos, ele mencionou a Fundação Casa, a Furp (Fundação para o Remédio Popular) e Fundação Padre Anchieta.

“Todas essas instituições têm oportunidade de melhoria. Aí o pessoal fala: ‘não, é porque vai intervir no jornalismo’. Não estou nem pensando em jornalismo, em Cultura, nada disso. TV Cultura é uma coisa, a Fundação Padre Anchieta é outra”, disse Tarcísio.

“Tem oportunidade de melhoria na gestão da Fundação Padre Anchieta? Isso eu até asseguro: tem. Não se poderia esperar outra coisa de um gestor senão buscar a melhoria”, ele acrescentou. “Os estudos estão sendo feitos. A gente está estudando isso desde o final do ano passado.”

Tarcísio afirmou, contudo, que não há decisão tomada em relação a mudanças e cortes. Ele defendeu “um novo olhar” para a administração pública e mencionou estruturas obsoletas, reclamação que parte de seus secretários têm em relação à TV Cultura.

“Redução de custeio é uma coisa fundamental. Falando em linguajar popular: onde o mato está alto e a gente pode aparar? Tem muito mato alto, então tem muito lugar que a gente pode aparar”, declarou.

“Com o tempo, você tem que ter esse olhar, porque as estruturas vão ficando antigas, vão ficando obsoletas, elas precisam melhorar em termos de gestão, de governança, e elas precisam entregar mais com menos recursos.”

A insatisfação de Tarcísio com a TV Cultura foi exposta por ele a deputados aliados durante um jantar no início deste mês. Interlocutores do governador detalham que há no governo uma frustração por ter de bancar a fundação sem que tenha o seu controle.

No jantar, Tarcísio apontou que a TV Cultura tem aproximadamente o dobro de funcionários de emissoras como a CNN e a Jovem Pan –a Fundação Padre Anchieta rebate a comparação, afirmando que produz outros canais, como a TV Rá-Tim-Bum e a Univesp TV, e lista 743 funcionários em regime CLT.

Além do suposto inchaço, o governador reclamou ainda da ausência da TV Cultura na cobertura das chuvas em São Sebastião (SP), algo que a fundação também contesta.

O barril de pólvora vem de longa data, do início da gestão Tarcísio, e se incendiou na semana passada, quando o deputado Guto Zacarias (União Brasil), vice-líder do governo na Alesp, propôs uma CPI para investigar supostas irregularidades na fundação.

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