Transporte Especial é serviço gratuito e opera com 12 mulheres motoristas

Maria Aparecida Medrado diariamente chega à garagem da empresa Consórcio Mobility e, logo, se dirige a um dos ônibus. Ela coloca o cinto de segurança e se prepara para mais uma viagem, pois é uma das 12 mulheres motoristas que atuam em Sorocaba no Serviço de Transporte Especial, ligado à Urbes – Trânsito e Transporte.

No total, o Transporte Especial conta com 42 motoristas e 43 agentes de bordo. Destes, 12 motoristas e 19 agentes de bordo são mulheres. Mesmo neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, elas saem de suas casas em direção ao trabalho, para atender ao público de uma maneira peculiar e com um sorriso ainda maior no rosto.

Maria exerce a profissão desde a década de 2000, mas o gosto pela direção vem muito antes disso, pois, desde criança, afirmava que queria ser “motorista quando crescer”. “Eu acreditei no meu sonho quando criança. Muita gente falava que eu não conseguiria, mas eu sempre acreditei que sim”, conta.

Hoje, ela é um espelho para tantas outras mulheres que decidem seguir a profissão, pois afirma que, mesmo nos dias atuais, ainda existe preconceito. “Existe muito machismo em achar que a mulher só pode dominar a casa. Tem mulheres que até recuam acreditando nisso. Que elas possam ver e achar força para colocar em prática o potencial que cada uma tem”, diz Maria.

 

De mãe para filha

Ana Paula Ribeiro é filha da Maria Aparecida e também faz parte desse time de motoristas. Trabalha profissionalmente na área há oito anos. “Sempre achei muito interessante e bonito, porque eu me inspiro muito na minha mãe. Para mim, foi um exemplo, uma inspiração”, conta Ana Paula.

Para Maria, a sensação de ter uma filha que seguiu os passos dela é de muita emoção. Além da Ana, ela tem outros dois filhos, que também são motoristas. “É muito gratificante. Deus abriu as portas para mim e conduziu cada um deles. Hoje, vejo meus netos se alegrando quando veem um ônibus passando.”

“É muito mais que só uma viagem, tem que ter muita atenção em entender ao próximo, ter empatia, colocar-se no lugar deles. A gente aprende muito. Vem trabalhar com um monte de coisas na cabeça, mas, chegar aqui e ser recebida com o amor sincero, para mim, é especial. Eu enxergo, hoje, outro lado da vida”, completa Ana Paula.

Ela trabalha com a agente de bordo Diane Bela da Silva, responsável em se certificar de que os passageiros estão em segurança no veículo. No ramo há cinco anos, Daiane se diverte muito com as crianças todos os dias e aguarda a tão sonhada vaga de motorista do Transporte Especial. “Eu amo o que eu faço com crianças especiais, sou a ‘tia’ do transporte, faço mais brincadeiras que eles e eles adoram demais, caem na gargalhada. Tudo tem o seu momento”, diz.

Para Maria Aparecida, a mulher pode atuar em qualquer segmento. “A gente vê situações que para o homem é normal, mas, se for uma mulher, já querem crucificar, e mão podemos admitir isso”. Ela diz que trabalha feliz e que sua passagem já marcou a vida de muitos que transportou e que, depois, reencontrou. “É um presente. Eu tenho quatro netos e todos são fãs da avó”, conclui.

 

O serviço

O Serviço de Transporte Especial é oferecido gratuitamente pela Prefeitura de Sorocaba e funciona de porta a porta. É destinado a atender as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, temporária ou permanente, em alto grau de dependência, impossibilitadas de utilizar o transporte coletivo urbano convencional, preferencialmente para as pessoas socioeconomicamente vulneráreis.

O funcionamento é de segunda a domingo, das 6h às 24h, regulamentado pelo Decreto 23.346/2017, no qual constam todas as regras desse benefício. Os usuários agendam o transporte via celular, até mesmo nos fins de semana.

O critério para utilizar o serviço do Transporte Especial é ter atestada, por um profissional médico, a condição de deficiência e mobilidade reduzida. Além disso, é necessário procurar a Secretaria da Cidadania e apresentar a documentação solicitada. Após deferimento, a solicitação é encaminhada à Urbes, para execução do serviço.

Porém, se a pessoa tem deficiência e mobilidade reduzida, mas consegue utilizar o transporte coletivo convencional, basta procurar uma Unidade de Saúde ou Casa do Cidadão, para requerer a gratuidade nas viagens.

 

Fotos: Nicole Annunciato e Fabio Campos

 

Urbes – Agência de Notícias