SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça da França condenou à prisão nesta quarta-feira (14) o ex-presidente Nicolas Sarkozy por financiamento ilegal de sua campanha nas eleições presidenciais de 2012. Este é um segundo veredicto e veio de um tribunal de segunda instância -Sarkozy já havia sido condenado em 2021, pela primeira vez.
A sentença desta quarta é de um ano de prisão, metade do qual foi suspenso. Os seis meses restantes podem ser cumpridos pelo uso de uma pulseira eletrônica, sem a necessidade de ir para um presídio.
Sarkozy, 69, compareceu ao tribunal para ouvir o veredicto, mas saiu sem fazer comentários aos jornalistas que o aguardavam.
Seu advogado, Vincent Desry, disse que vai recorrer ao Tribunal de Cassação, a mais alta instância da Justiça da França, dado que seu cliente se considera “completamente inocente”. Desta forma, a aplicação da pena está suspensa até um novo veredicto. “A decisão de hoje é altamente questionável”, disse Desry.
No Tribunal de Cassação, as decisões se concentram em saber se a lei foi aplicada corretamente durante o processo, não nos fatos do caso. Os procedimentos nesta corte podem levar anos.
Na primeira condenação, em 2021, Sarkozy recebeu uma sentença de três anos de prisão, dois dos quais suspensos pelo tribunal. Como sua defesa também recorreu na época, a pena não precisou ser cumprida.
A suspeita é que o antigo partido do ex-presidente, o União por um Movimento Popular, que se tornou o Republicanos, e a agência de comunicação Bygmalion apresentaram notas frias durante a campanha de 2012 para esconder que as contas extrapolaram o limite legal estabelecido.
A França estabelece limites estritos aos gastos de campanha. Os promotores alegam que Sarkozy gastou EUR 42,8 milhões na campanha daquele ano, quase o dobro do montante permitido.
O ex-presidente sempre negou as acusações. Durante uma audiência, ele culpou alguns membros da sua equipe de campanha: “Não escolhi nenhum fornecedor, não assinei nenhum orçamento, nenhuma fatura”, disse ele ao tribunal.
Sarkozy perdeu a reeleição em 2012 para o socialista François Hollande. Após deixar a Presidência naquele ano, continuou a ser uma figura influente entre os conservadores, e mantém relações amigáveis com o atual presidente, Emmanuel Macron.
Ele chegou a disputar as primárias presidenciais em 2016, mas teve votação baixa e disse que se retiraria da política depois disso.
Sarkozy foi o primeiro presidente na história da França condenado por um caso de corrupção que aconteceu durante seu mandato. Antecessor e um dos padrinhos políticos de Sarkozy, Jacques Chirac (1995-2007) também foi condenado por corrupção, mas o caso era relativo a irregularidades cometidas quando ele era prefeito de Paris, não ocupante do Palácio do Eliseu.
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