BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) – A polícia prendeu 14 pessoas, neste sábado (27), em Barcelona, em uma nova noite de distúrbios e vandalismo na cidade espanhola, após um protesto contra a detenção do rapper Pablo Hasél, preso por fazer críticas à monarquia.
O protesto foi um dos mais violentos desde a detenção do rapper em 16 de fevereiro: os manifestantes destruíram agências bancárias, saquearam lojas, incendiaram uma viatura policial e atacaram um hotel.
Antes dos episódios de violência, cerca de 2.000 pessoas usando máscaras e carregando faixas marcharam pela cidade para pedir a libertação de Hasél.
A condenação dos atos foi quase unânime: do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez ao presidente em exercício da região da Catalunha, o independentista Pere Aragonés, passando pela prefeita de Barcelona, Ada Colau.
“Inaceitáveis os atos de vandalismo e violência esta noite em Barcelona”, tuitou Pedro Sánchez.
O único que não fez críticas à violência foi o pequeno partido independentista de extrema-esquerda CUP. Esta formação é crucial para a posse de um novo governo separatista na Catalunha após as eleições regionais de 14 de fevereiro e exige, em troca do apoio, a dissolução da unidade antidistúrbios da polícia.
Os protestos começaram no dia 16 após a detenção do rapper de 32 anos, natural de Lérida (Catalunha), condenado a nove meses de prisão pela acusação de enaltecer o terrorismo.
Em mensagens no Twitter e canções, o músico, que tem outros antecedentes penais, chamou de “mafioso” o rei emérito Juan Carlos I, elogiou pessoas envolvidas em atentados e acusou a polícia de matar e torturar migrantes e manifestantes.
O caso provocou um debate sobre a liberdade de expressão na Espanha e detonou protestos de jovens em todo o país, especialmente violentos na Catalunha, onde quase 140 pessoas foram detidas.
Mais de 200 artistas, incluindo o cineasta Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem, assinaram uma petição se opondo à prisão do rapper. O abaixo-assinado compara a Espanha a países como Turquia e Marrocos, onde artistas e opositores do governo vivem em risco iminente de detenção.
O episódio também destaca as crescentes frustrações de muitos jovens espanhóis com a insegurança no emprego e a raiva contra o establishment político do país.
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