SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (24) em meio ao forte apetite por risco global após novo sinal de suporte das autoridades chinesas à economia, depois que o banco central do país reduziu a taxa de compulsório. A moeda terminou o pregão cotada a R$ 4,9320, queda de 0,43%.
Para o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, a baixa do dólar nesta quarta também teve impacto de uma declaração do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin.
Pela manhã, o político disse que o governo não vai fazer aporte de dinheiro para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar o Nova Indústria Brasil.
“Acho que temos um movimento de venda [de dólares] na esteira de ontem. O dólar puxou forte demais na segunda, e sempre quando encosta em 5,00 reais ele chama vendedores ao mercado. E hoje a fala do Alckmin ajudou”, disse Bergallo.
Já o Ibovespa fechou em queda de 0,35%, a 127.815 pontos, segundo dados da CMA.
O Banco do Povo da China anunciou a redução da quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reservas, chamada de taxa de compulsório, a partir de 5 de fevereiro, num sinal de que as autoridades estão se esforçando para sustentar a frágil recuperação econômica do país.
Além disso, investidores especulam que autoridades chinesas também estariam avaliando medidas para estabilizar seu mercado de ações. O plano incluiria o uso de 2 trilhões de iuanes (278,53 bilhões de dólares), principalmente de estatais, para compra de ações.
“O setor de commodities reage positivamente ao plano chinês de estímulo, com aumentos notáveis nos preços do minério de ferro e do cobre”, disse a Guide Investimentos em relatório a clientes. “A redução no compulsório promete injetar uma liquidez significativa no mercado de consumo e imobiliário.”
De fato, o contrato de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,77%, no maior valor desde 12 de janeiro.
As ações da Vale subiram 1,01%, a R$ 69,90 cada uma. Na véspera, a mineradora já havia fechado em alta de 2,06%, também impulsionada pelo preço do minério de ferro.
O mercado também digeriu os dados preliminares de PMI (Índice de Gerentes de Compras) dos Estados Unidos, divulgados nesta quarta. Eles apontaram que a atividade empresarial no país acelerou em janeiro, enquanto a inflação pareceu diminuir -os preços cobrados pelas empresas caiu para o nível mais baixo em mais de três anos e meio, o que sugere que a economia começou 2024 com força.
Segundo os dados da S&P Global o PMI Composto (indústria e serviços) preliminar aumentou para 52,3 pontos neste mês, o nível mais alto desde junho passado, e maior que os 50,9 registrados em dezembro. Uma leitura acima de 50 indica expansão no setor.
O resultado do PMI Composto reforça as previsões de que a economia continuará a crescer este ano, embora em um ritmo moderado. O recuo da inflação na pesquisa também sustenta as expectativas de que o Federal Reserve (Federal Reserve, o BC dos EUA) começará a cortar a taxa de juros em algum momento no primeiro semestre de 2024.
O Fed realiza seu próximo encontro de política monetária na semana que vem, nos dias 30 e 31 de janeiro. Com ampla expectativa de manutenção dos juros na reunião, o foco fica nas indicações das autoridades sobre quando acham apropriado começar a cortar as taxas. Quanto mais cedo começar o afrouxamento monetário, mais o dólar tende a cair frente a divisas emergentes, como o real.
Em Wall Street, a sessão desta quarta foi mista. O S&P 500 teve leve ganho de 0,08%, alcançando um novo recorde de pontuação, enquanto o Dow Jones perdeu 0,26%. Impulsionado pela disparada de 10,7% da Netflix, o Nasdaq subiu 0,36%.
Os juros dos títulos do Tesouro americano, os treasuries, caíram nos contratos de curto prazo e subiram nos de longo prazo, refletindo a expectativa por cortes de juros em breve. A rentabilidade do treasury de dois anos foi de 5,46% para 5,44% enquanto a do de dez anos subiu de 4,14% na terça para 4,18% esta quarta.
Na terça-feira (23), o dólar havia encerrado sessão em queda de 0,66%, cotado a R$ 4,953, revertendo a alta no início do dia que o levou à casa dos R$ 5. Já a Bolsa teve alta de 1,31%, aos 128.262,50 pontos, em movimento de recuperação após dias de perdas.