RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – As variantes brasileira e britânica do coronavírus já circulam no estado do Rio de Janeiro, ao menos na capital e provavelmente em Nova Iguaçu (região metropolitana), conforme divulgaram as secretarias estadual e municipal de Saúde nesta sexta (19).
As autoridades analisaram o histórico de cinco pacientes contaminados pelas mutações e concluíram que quatro deles foram casos autóctones, ou seja, eles não viajaram nem tiveram contato com pessoas que tenham passado por locais com registro dessas cepas.
Desses cinco, quatro foram infectados pela variante inicialmente identificada em Manaus (P.1), e um pela variante do Reino Unido. Esse último é morador da capital fluminense e já se recuperou.
No primeiro grupo, dois também são moradores da capital e estão recuperados. Outro era um homem de 46 anos com obesidade e hipertensão que se contaminou na capital amazonense, foi transferido para o Hospital Federal dos Servidores do Estado o Rio em 3 de fevereiro e morreu nesta quinta (18).
O quarto era um morador de Belford Roxo que ficou internado em Nova Iguaçu e também morreu. As secretarias destacam, porém, que não é possível afirmar que seu quadro se agravou por causa da mutação, já que ele foi internado por cirrose hepática e problemas renais.
“A análise do período de internação em Nova Iguaçu e posterior transferência para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio, está em fase de conclusão”, diz a nota.
O governo estadual alerta para a possibilidade de as mutações já estarem se propagando por outras cidades, uma vez que a capital tem grande circulação de pessoas da região metropolitana, e diz que para confirmar isso está apoiando os municípios em ações de monitoramento e vigilância de casos suspeitos.
As secretarias ainda reforçam a necessidade intensificar o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social, “diante da confirmação dos casos autóctones e em função da pouca disponibilidade de informações científicas sobre os possíveis impactos no cenário epidemiológico da Covid-19”.
Até o último dia 12, dez estados já haviam identificado casos da mutação brasileira do coronavírus, segundo o Ministério da Saúde: CE, ES, PA, PB, PI, RJ, RR, SC e SP. A variante, responsável pela maioria dos casos do Amazonas desde janeiro, está sendo alvo de análises pela possibilidade de ser mais transmissível.
Quanto à variante do Reino Unido, além do Rio ela foi achada em casos isolados em São Paulo e no Distrito Federal. Já a variante da África do Sul ainda não tem registro de circulação no Brasil. Essas são as três variantes encontradas em outros países que têm causado preocupação.
Atualmente, a chamada vigilância genômica é feita na rede de saúde principalmente por três laboratórios: Fiocruz, Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas. A cada mês, um número específico de amostras é enviado pelos estados a esses locais.
Além desses, outros laboratórios públicos e privados também fazem essas análises. A falta de recursos e dificuldade em obter insumos, no entanto, dificultam a expansão dessa vigilância.
Já foram identificadas, em todo o mundo, dezenas de linhagens distintas do vírus, mas apenas algumas causam preocupação e necessitam de investigação – é o caso das chamadas VOCs (sigla em inglês para variantes de preocupação).
Em geral, as VOCs possuem mutações em regiões chamadas domínio de ligação com o receptor. Ou seja, são áreas diretamente associadas à entrada do vírus nas células, principalmente na proteína S do Spike (de espícula, o gancho que o Sars-CoV-2 usa para se infiltrar).
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